segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

CRÓNICA DA ODETE DAS FARTURAS

Tenho andado toda a semana pior que uma barata tonta por causa dos meus concidadãos e compatriotas e dos textos do meu sócio de redacção sobre a crise que se agrava de dia para dia e sem fim à vista onde ele escreveu que o progresso tem por base a inveja ou desejo mimético podendo este ter duas subespécies a negativa e a positiva e a nós logo nos havia de calhar a negativa que é aquela resumida na frase popular "se eu não tenho também não has-de ter" que afinal até esteve na origem do 25 de Abril visto que os capitães se revoltaram por causa dos milicianos que lhes passavam à frente e ficavam a ganhar mais e vai daí mas o pior já vinha do anterior regime e tem-se agravado com o tempo que é a chamada "lógica do bandido" segundo a qual "se eu não roubar roubam eles" "se eu não sacar sacam eles" "se eu não aldrabar aldrabam eles" e por aí adiante de tal forma que até partidos sérios que se proclamam defensores dos trabalhadores e dos pequenos comerciantes e agricultores não têm vergonha nenhuma em colocar pelo país fora cartazes condenando os juros altos os lucros e ultimamente os milhões para a banca como se não soubessem muito bem que sem juros sem lucros ou sem os milhões nas actuais circuntâncias haveria falências que provocariam milhares de despedimentos que provocariam por sua vez quebra acentuada no consumo o qual provocaria mais falências e mais despedimentos e assim sucessivamente e como os dirigentes dos partidos em questão até são professores de economia ou dispõem de conselheiros para o efeito os tais cartazes e outras atitudes demagógicas até em plena Assembleia da República só podem ter penso eu como justificação a acima referida lógica do bandido neste caso "quanto mais sacarem os bancos menos a gente vai podser sacar" e isto é insensato porque nos mantém mergulhados num clima de permanente golpismo baixo com as próprias autarquias a adoptarem princípios semelhantes em relação aos fundos europeus olvidando deliberadamente os reais interesses das comunidades locais a favor de obras de fachada e da permanente mas hipócrita caça ao voto com acontece aqui em Tomar cuja autarquia não tem nenhum projecto englobante digno desse nome mas vai sacando fundos europeus para obras sem retornos negociáveis sem se dar conta que os referidos fundos só cobrem uma determinada percentagem dos custos e nunca a manutenção subsequente e basta ver o caso da ponte do Flecheiro e agora o do anunciado arranjo da envolvente do Castelo para perceber que até se utilizaram e utilizam argumentos falaciosos para justificar as ditas obras no caso da ponte aquele paredão aqueles projectores sob o tabuleiro e as luzinhas azuis de ambos os lados fazem exactamente tanta falta como os projectores de solo na Corredoura ou uma viola atrás de um enterro e no caso do castelo estão a enganar duplamente a Comissão Europeia e os eleitores locais primeiro porque aquilo que se procura realmente é realizar o saneamento da zona até à Rua da Graça e a dita requalificação da Cerrada dos Cães a que no Tomar 2015 chamam Praceta Gualdim Pais denotando excelente conhecimento da toponímia local não passa de mero pretexto para poderem utilizar o "Património da Humanidade" como argumento e segundo porque aquilo depois de pronto não contribuirá grandemente para o desenvolvimento do turismo ao contrário do que proclama o senhor presidente porque os turistas de passagem só virão cá abaixo durante algumas horas quando houver cá razões para que eles venham o que actualmente não acontece nem passará a acontecer após a conclusão do referido projecto pois até já há muitos turistas sobretudo em viagens organizadas que visitam a Sinagoga a Praça e até a pila do Gualdim mas não ficam nem compram nada ou quase nada porque não há nada de original e barato e o melhor seria empreender acções de formação junto dos comerciantes e industriais hoteleiros em vez de continuar a embalá-los com falsas expectativas ou anunciando novas quimeras isto para já não voltar a falar do encerramento precipitado e sem qualquer justificação do Parque de Campismo URBANO cujos utentes constituiam uma excelente clientela para o comércio local e para os restaurantes porque ficavam por cá bastante tempo e vinham à baixa a pé dada a proximidade por isso digo para terminar que até me custa escrever certas coisas que aqui já escrevi porque também não estou nada contente com o governo mas não vejo alternativa plausível e parece-me que seria melhor que autarcas e políticos nacionais agissem com mais realismo e solidariedade e menos inveja negativa e ganância porque de outro modo não vejo como conseguiremos sair da cepa torta num pais e numa cidade cujos défices aumentam de ano para ano e os impostos já atingiram taxas intoleráveis propícias às aldrabices porque lá está "se não aldrabo eu aldrabam eles e fico prejudicado".
Um grande Xi-Coração da Odete das Farturas

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