Fraquinha, fraquinha, muito fraquinha a imprensa desta semana. Tanto a local como a regional. A culpa, porém, não será dos jornalistas, mas sim da actualidade. Porque os jornais, como tudo o resto, fazem-se com trabalho, conhecimento e matéria-prima. Ora, faltando esta última, tanto em quantidade como em qualidade, os produtos finais ressentem-se. Em linguagem popular -não se podem fazer chouriços sem carne. É o caso. Em sentido figurado, naturalmente.
Coisa extremamente rara por estas bandas nabantinas, Cidade de Tomar, o decano, faz manchete com a greve dos professores e a adesão das escolas do concelho, que foi elevada. Perante tal, se eu mandasse alguma coisa no governo central, começava a encarar a hipótese de recuar, porque quando até nas margens do Nabão os cidadãos discordam e se manifestam com prejuizo pessoal, algo está mesmo muito mal. O que será?
Ainda no mesmo semanário, acção do PS local para análise crítica do orçamento autárquico para 2009, lançamento do 2º livro do escritor tomarense Virgílio Saraiva, com o autor apresentado por Becerra Victorino, o caso da cidadã residente no concelho que é a mais velha do mundo, e a habitual crónica burlesca de MC, esta semana, além de bem escrita, como habitualmente, com um tema que deve dar que pensar a muito boa gente.
O Templário decidiu, desta vez, ficar-se pelos fait-divers, abordando sucessivamente Um caso de sobrevivênvia, a visita do director nacional da PSP às futuras instalações da esquadra de Tomar, a cidadã mais velha do mundo, o lançamento do livro de Virgílio Saraiva, a homenagem ao padre Leopoldo e o usual encontro anual dois antigos do CNA. Merecido destaque para a crónica de Carlos Carvalheiro, que infelizmente não sai todas as semanas. Num estilo ora irónico, ora vicentino, lá vai conseguindo transmitir a sua mensagem.
O Ribatejo apenas se refere ao nosso concelho no caso da cidadã mais velha do mundo, com um artigo substantivo e muito profissional. É o único das 4 analisados que informou ser a pensão da senhora de 307 euros mensais, de 236 a da filha que dela cuida, e de 206 euros a despesa mensal com o apoio domiciliário. Um retrato social, em poucas palavras e sem adjectivos. Como devia ser sempre.
No Mirante, a manchete, embora não se refira a Tomar, merece ser aqui reproduzida, pois constitui outro retrato do país. Escreve o semanário, a toda a largura da primeira página "Muralha em risco no Castelo de Abrantes e ninguém sabe quem manda no monumento" Numa altura em que, pressionado por uma petição popular e por um requerimento da deputada Luisa Mesquita, o Ministério da Cultura encara a hipótese de anular a decisão que dividiu o conjunto monumental Convento de Cristo, numa zona rica (a que dá rendimento) e vários zonas pobres (as que não garantem retorno -Aqueduto, Castelo, Conceição, Mata), nem é preciso ler o corpo da notícia do Mirante para ter uma ideia do estado do país em certas áreas.
Também no mesmo semanário, a habitual e deliciosa crónica subscrita por Manuel Serra d'Aire (nome suposto, naturalmente), que no costumeiro estilo de mail apresenta outro caso para meditar, baseado em notícia publicada numa outra página. Escreve Serra d'Aire que Moita Flores, presidente da Câmara de Santarém, pediu publicamente que os presentes usualmente oferecidos a ele próprio e/ou à Câmara, por ocasião do Natal, sejam convertidos em dinheiro a doar ao Banco Alimentar Contra a Fome. Aplaudindo com entusiasmo tal decisão, Tomar a Dianteira não pode deixar de estranhar que aqui em Tomar nunca se tenha falado publicamente de ofertas aos autarcas ou à autarquia, pelo Natal. Uns unhas de fome, os tomarenses e outros residentes!
Uma nota final, para algo que intriga desde o início a nossa redacção. Refere-se ao desporto no concelho e na região. Esta semana, por exemplo, os dois semanários locais publicam cada um o seu suplemento desportivo com 12 páginas. Igualmente esta semana, O Ribatejo dedica apenas 4 páginas ao desporto da região, enquanto o Mirante saiu com 7 páginas de desporto e 12 páginas de economia. É evidente que cada periódico publica o que entende, e ainda bem que assim é. Mas não pode deixar de provocar interrogações tão anómala situação, cujas causas conviria apurar, para posterior correlacionamento com outros aspectos da realidade tomarense.
Redacção de Tomar a Dianteira
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