Embora encapotada, por razões atendíveis, vai por aí grande azáfama nas hostes políticas. Buscam-se ideias, planos e candidatos credíveis. Tarefa hercúlea. Não pela razão apontada à mesa do café -a falta de candidatos a candidatos- mas exactamente pela oposta: há sempre excesso de pretendentes a candidatos. Sobretudo numa terra como Tomar, onde a experiência demonstra que os residentes terão decerto muitos qualidades, entre as quais não figuram contudo a humildade, o realismo ou a capacidade de se auto-avaliar. Donde têm resultado os tristes episódios que todos conhecemos, lastro do nosso evidente e dramático afundanço.
Se ao menos houvesse humildade em vez de megalomania, já não seria nada mau. Evitaria que muitos, pouco bafejados pelos dotes intelectuais, armassem ao pingarelho, simulando ser carapaus de corrida, quando nem a petingas congeladas chegam. A continuarmos como até aqui, julgo que estaremos perdidos a breve trecho, porquanto a crise ainda não tem fim marcado e a situação da autarquia é a que sabemos. Para além da dívida global, não consegue sequer assegurar a gestão corrente com os recursos disponíveis, o que implica mais empréstimos ou reformas corajosas. Quanto antes, que as receitas vão diminuindo à medida que as despesas vão aumentando, se nada for feito entretanto.
Simular, fingir, fazer de conta, improvisar, desenrascar, foram verbos muito conjugados ao longo dos anos de vacas gordas e maré cheia. Agora que as vacas estão cada vez mais magras e a maré cada vez mais baixa, sucede todos os dias o descrito pelo investidor americano Warren Buffet: "É na maré baixa que vê quem andava a tomar banho nu." A armar ao pingarelho, que é como quem diz a tentar intrujar o próximo. Mas tudo tem um fim.
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