sábado, 20 de outubro de 2012

Mazelas tomarenses


Cada vez mais apertados pela crise, os portugueses insistem de modo crescente naquilo que, como qualquer outro povo do sul da Europa, melhor sabem fazer -dissertar sobre qualquer tema, por mais complexo que seja. Como se cada cidadão fosse um especialista de renome internacional. Nesta onda, não surpreende que se sucedam por estas bandas eventos sobre turismo. Conferências, congressos, colóquios, reuniões, simpósios, seminários, turismo e desenvolvimento, turismo e economia, turismo e património, turismo e gastronomia, turismo e saúde, turismo indústria da paz, a lista é cada vez mais longa.
Claro que se trata de actividades louváveis e proveitosas, desde que tenham continuidade na vida de todos os dias. Infelizmente não tem sido o caso. O que nos coloca na curiosa situação que seria a de cirurgiões especialistas em conferências sobre cirurgias várias, todavia incapazes de operar doentes. Exagero? De modo nenhum. É comum os turistas queixarem-se de que não conseguiram arranjar maneira de visitar a cidade e o Convento devidamente acompanhados por quem saiba explicar. E também já aconteceu terem feito visitas guiadas cuja qualidade não deixou saudades...
Não é a primeira vez que aqui se chama a atenção para a necessidade imperiosa de melhorar significativamente a qualidade do acolhimento, sob pena de estarmos condenados a prazo. Mesmo com excelente material impresso de apoio, cada visitante descontente é um poderoso veículo de contrapropaganda, como mostra, por exemplo, o facto de o total anual de visitantes do Convento de Cristo estagnar há vários anos, salvo em 2011, graças aos tabuleiros.
A foto que encima este texto testemunha o que sucedeu com o tão badalado caminho pedonal Cidade-Convento pela Mata, que custou uma pipa de massa. Alguns meses apenas após a respectiva abertura ao público, parte da sinalização está assim. O sol comeu as letras e a rama da oliveira fez o resto. E os pobres turistas andam à nora, apesar de não serem burros. Qualidade precisa-se! E vergonha na cara! Quem sabe toca! Quem não sabe que passe a corneta a quem saiba!

Sem comentários: