Em Tomar, a tradição ainda é o que era
Quem ainda aguarda que "haja sangue" no caso José Vitorino/PS, bem pode perder qualquer esperança. Tirar o cavalinho da chuva, como é uso dizer-se em linguagem coloquial. Tomar a dianteira sabe que o assunto foi debatido na reunião da CPC da passada sexta feira, com a participação do vereador indisciplinado. Após ampla e franca troca de argumentos, em que o vereador Luís Ferreira terá sido apontado como "espoleta" do caso, foi decidido que: A - A presidente da CPC, Anabela Freitas, dará amanhã uma conferência de imprensa, durante a qual esclarecerá o inesperado incidente; B - Luís Ferreira vai continuar a ser o porta-voz oficial do PS no executivo, o que constitui uma evidente desautorização do ex-cabeça de lista socialista; C - Vitorino vai cumprir o seu mandato até ao fim como vereador socialista, a menos que entenda renunciar, ou desvincular-se do PS.
Temos assim que mais uma vez imperou a tradição. Como é sabido, as mesmas causas, nas mesmas condições exteriores, produzem sempre os mesmos efeitos, disse o Lavoisier. Sucede que em Tomar, em matéria de gestão, é praticamente obrigatório proceder como habitualmente. Respeitar os costumes. Quando surgem problemas, em vez de tentar resolvê-los com coragem e o mais rapidamente possível, não senhor! Dissimula-se escamoteia-se, disfarça-se, protela-se, procura-se ganhar tempo. No limite, enquanto os credores forem na conversa, tudo bem...
Fiação, Matrena, Porto de Cavaleiros, Mendes Godinho, Adega, Matadouro, e muitas outras mais pequenas, faleceram vítimas dessa doença chamada falta de coragem, quando os respectivos credores se fartaram de esperar. Neste momento e sob os nossos olhos, Autarquia e IPT vão também escorregando na rampa final, rumo ao cemitério da História, porque aquilo que produzem não justifica o que gastam, que no caso da autarquia é bem mais do que aquilo que recebe. Apesar disso, os respectivos responsáveis e núcleos duros continuam a garantir que vai tudo bem, não havendo razão para alarmes, muito menos para alterar o que quer que seja.
Se no caso do IPT a solução posterior é relativamente fácil, uma vez que as instalações são excelentes para albergar qualquer outro estabelecimento de ensino superior, naturalmente melhor gerido e com muito mais transparência; no que toca à autarquia, a música é outra. Quer queiramos, quer não, trata-se do governo do concelho e da cidade, pelo que não se pode simplesmente encerrar e substituir por outro modelo mais eficaz. Nestas condições, uma vez que as formações políticas locais representadas no executivo e todas sentadas à mesa do orçamento, embora uma mais que as outras, não atam nem desatam, que fazer?
O PSD nabantino acha natural continuar a apoiar os dislates da actual troika laranja. O PS -como acima se noticia- resolveu começar a assobiar para o lado, quando confrontado com a revolta de Vitorino "por razões de consciência", segundo o próprio. Que aceitou ser cabeça de lista numa candidatura a um órgão onde tinha graves assuntos pendentes como empresário desde pelo menos 2004, um ano antes de aderir ao PS, que até agora tem achado tudo muito consensual e transparente. Quanto aos IpT, no caso escandaloso das despesas de representação, o seu líder votou a favor, sem explicar porquê, mas Graça Costa absteve-se, situação anómala que tão pouco mereceu qualquer esclarecimento público. Tal como já acontecera com as renúncias sucessivas de Fernando Oliveira, Rosa Dias, José Soares e Jorge Neves. São demasiadas deserções em pouco tempo e numa formação com tão poucos aderentes. Mas pronto. Respeitam a tradição local, tal como os outros. Quando menos agitação melhor. É urgente não fazer nada.
Enquanto os credores forem na conversa, estamos bem servidos estamos!
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