terça-feira, 21 de setembro de 2010

AGORA LÁ, DEPOIS CÁ

Entre os nossos estimados leitores, alguns estão convencidos de que somos contra os funcionários públicos. Não é verdade. Apenas somos contra a mentalidade de alguns funcionários públicos. Aqueles que usam comportar-se como se fossem os cidadãos a estar ao serviço da administração, quando deve ser exactamente o inverso.
Para esses, que felizmente são cada vez menos, e para todos os outros, parece-nos extremamente útil a leitura atenta desta crónica de Jorge Mazias, o correspondente em Atenas do jornal I. Lendo-a, ficamos a saber o que nos aguarda nos próximos meses. Porque a troika BCE-CE-FMI, não tardará muito a ver-se forçada a pegar nas rédeas desta velha carroça desengonçada, conduzida por carroceiros inchados e cheios de afigurações, chamada Portugal. A tal "ditosa Pátria minha amada", nos bons e nos maus momentos. Sobretudo nos maus. Como agora. Boa leitura! (clicar sobre a ilustração para ampliar).


9 comentários:

Anónimo disse...

O pai do Estado Social em Portugal foi o Salazar, por imposição dos tempos. A ameaça do comunismo e do nacional-socialismo, e a doutrina social da Igreja, induziram à constituição do sistema de Segurança Social nos anos 30 do século passado, o que foi mal recebido por alguns funcionários da saúde, e com desconfiança pelo povo português, que não entendia o sistema de descontos e só gosta que as coisas caiam do Céu. Os Funcionários Públicos só mais tarde, muito mais tarde, salvo erro no marcelismo, é que beneficiaram de um sistema semelhante.
O regime saído do 25 de Abril, liberal, deverá desmontar a Economia Social e dar a primazia à inicativa privada, colocando os dinheiros no casino mundial. É só dizer ao povo que é melhor, que o povo acredita.
A estátuas foram um sucesso. Ainda bem. Ao povo dá-se coisas mortas. Estátuas. Ou pão e circo, como os romanos sabiam. Para as elites as coisas vivas. A Vida e o Poder. A canção utilizada no 25 de Abril, "E depois do adeus", do Paulo de Carvalho, é vida, não é para o povo.
Leiam o livro "Salazar e os milionários", e verão como o 25 de Abril foi um disparate. Os milionários é que sabiam, e trabalhavam para construír o País. O Salazar é que era anti-desenvolvimento.
Viriatus

Anónimo disse...

Prof. Rebelo. Já trabalhei na função pública (Ministerio Educação) e olhe, cometi o despautério de me ... demitir. Não aguentei ver o deixa andar, faz-se amanhã porque hoje não me apetece, marcar o ponto e depois ir para o bar uma hora a queimar tempo porque ninguém toma pulso á situação. A maioria dos funcionarios publicos nao aguentavam uma semana a trabalhar no privado. No outro dia fui ao Hospital de Tomar e aguardei pela hora da consulta no bar. Estive lá cerca de meia-hora. Quando cheguei diversos funcionários, penso que enfermeiros, já estavam sentados e deixei-os a olhar para o relógio. Nao quero ser injusto mas falo com conhecimento de causa. Tem que haver uma revolução não função pública. Não pode andar metade de um país a trabalhar para outra. Ainda me falam em greves. Fica o desabafo.

Anónimo disse...

Sobre a troika FMI-BCE-CE é preciso ter presente que a sua referência para remuneração do trabalho é o valor chinês, "com quem competimos" economicamente. Isto é, nas melhores empresas locais(europeias, americanas e com vários suicídios recentes)falamos do valor de 120 USD/mês, seja 100€/mês, com 6 dias de trabalho semanal em 51 semanas/ano.
Quanto às questões caseiras, o problema não é ser contra os funcionários públicos mas, cada vez que se fala em défice, são "eles" que são referidos. Aliás convinha saber se também entram no "pacote" os reformados da fp. No artigo fala-se de dois sectores:
-ferroviário: todos sabem a capacidade de pressão dos sindicatos (um maquinista supera largamente o vencimento de um professor), tal como na aviação (vencimento médio da pilotagem 9000€/mês!). Isto é função pública?
-Telecomunicações: na PT os administradores ganham o que lhes apetece. Se tiverem que sair levam de indemenização o valor de várias vidas de trabalho pelo salário mínimo.Ficam sem moral para dar salários baixos ao "pessoal". No meio ficam ex-ministros, ex-assessores e filhos deles, por nomeação. Os srs. Ganadeiro e Zaba são funcionários públicos?
-Empresas de telemóveis: empresas-fantasma mas com milhões de lucro. Teem uma administração e tudo o resto é subcontratado pelo ordenado mínimo.
Onde está a "Responsabilidade Social da Empresa" de que falavam Manuel de Melo e Alfredo da Silva em meados do sec XX?
-Não fala na EDP (que cobra o que quer para dar lucro, autorizada pelo Governo) mas podia falar.
O ex-ministro Mexia, os seus administradores e directores são funcionários públicos?
Se fomos e somos governados por gente incapaz (muitos entretanto enriqueceram) não arranjem desculpas e expiações! O conceito de governo incapaz também se aplica ao poder autárquico onde o descontrolo é total.
Pedro Miguel

Anónimo disse...

O problema é que neste Estado sem Estado social que vamos viver em breve, continuaremos a fazer descontos para o Estado, e, se quisermos ter uma alguma cobertura quer na saúde, quer na velhice, teremos de efectuar ainda mais descontos para sistemas particulares, que são detidos pelos mesmos que assumem o poder.
Significa isto que para além de contribuirmos para o enriquecimento particular de alguns (caso de Bagão Félix), vamos continuar a sustenter as duas cortes que se governam à nossa custa: a de S.Bento e a de Bruxelas.
A educação vai ser tendencialmente entregue ao particular, e portanto paga por cada um de nós.
Pouca gente saberá qua actualmente o ensino particular é um negócio da China porque, para além da mensalidade cobrada aos pais, cada escola recebe uma verba do Estado (portanto dos nossos impostos) por cada aluno que tem inscrito.
As estradas nacionais, isto é, Auto-estradas, Itinerários Principais (IP's), Itinerários Complementares (IC's) e até as nacionais, passarão a ser taxadas com portagens num futuro mais próximo do que se julga. No entanto continuaremos a pagar o Imposto Único de Circulação que permite às nossas viaturas circular legalmente.

Portanto, resumindo e concluindo, o fim do estado social vai significar para nós que vamos ter de pagar duas vezes pelos serviços básicos prestados à comunidade: saúde, educação, transportes.

No rescaldo de tudo isto fica que o Estado passa a ser uma entidade oca, desprovida de substância, e que serve apenas de capa para o livro da escravidão do terceiro milénio.

Cá estaremos para dar corpo aos novos servos da gleba.

Anónimo disse...

O texto sobre a Grécia é um aviso do que vai acontecer em toda a Europa, e principalmente em Espanha e Portugal.
Já o disse, aqui e em outros lugares, que depois dos espanhóis estarem adaptados às medidas duras, será a vez dos portugueses, e que, as medidas mais duras virão com o Governo a saír das eleições de 2011.
Há dias foi aprovado, em Espanha, a nova legislação laboral, que facilita os despedimentos, por motivos atendíveis. Uma empresa pode despedir se os resultados projectados para os próximos anos forem negativos. Só quem nunca projectou resultados de uma organização é que acredita na justeza desta lei...
Disse a alguém: não tarda muito que falem no assunto em Portugal. Já está a ser referido pelos políticos. Ainda o foi em recente entrevista a Judite de Sousa na RTP1...
Já de há muito se propões liberalização dos despedimentos para os Funcionários Públicos. As chamadas negociações por mútuo acordo... E a venda de parte das reservas de ouro (com o preço deste a subir nos próximos anos)para se conseguir o dnheiro para as indemnizações.
Empresas do universo da CP, como a EMEF no Entroncamento, vão ser privatizadas. As notícias que hoje vieram a público sobre a CP e a REFER permitem admitir uma reestrutração profunda, com forte redução de pessoal, o que afectará profundamente a região.
O Ministério da Educação tem de ter uma reestruturação profunda...
Os Registos e Notariado, Ministério da Justiça, também vão sofrer uma reestruturação profunda. Foi criado o SIR - Sistema Integrado de Registos, com centro em Lisboa e Porto, e lojas nas capitais de Distrito. O que é que vai acontecer às Conservatórias ?
Há mais de 14000 organismos a dependerem do Orçamento de Estado. A redução da Despesa do Estado implica uma reforma total deste.
Há propostas para uma reforma Administrativa, onde se acabem com Concelhos e Freguesias - Tomar não devia ser integrado em Ferreira do Zêzere ?
Fala-se do aumento da semana de trabalho para as 45 horas semanais em alguns serviços públicos, ou em todos ?
O Estado e o Sector Público terão de ser profundamente reestruturados. O que vai ser doloroso, porque empregos não os há, o sector privado é muito fraco, e o desemprego vai aumentar em todos os sectores.
Como costumo dizer dos jovens cheios de formação escolar: serão desempregados de luxo. Os papás, na sua ilusão,e para não terem de se regalar muito, dizem: quando tiverem acabado os estudos já a crise terá passado. O pior cego...
Mas não há problema, vem aí o Mundial de Futebol em 2018 ou 2022.
Há alguns anos que o FMI, a Comissão Europeia, a OCDE e outros previram que, em 2018, Portugal será o último da União Europeia. Mas feliz, porque terá Futebol.
SÉRGIO MARTINS

Anónimo disse...

Em contraponto leiam a crónica de Daniel Oliveira no Expresso...Cansa ler sempre a mesma perspectiva e a mesma apologia como verdade absoluta. Há mais razões que a razão desconhece.

Anónimo disse...

-Acaba de se saber que o Estado vai garantir aos investidores no TGV português uma rentabilidade de 12% (os depósitos rendem 2 a 3%, o financiamento exterior do país paga juros de 6% e tem sido um alarme com esse número). Custo Caia-Poceirão
= 3.000.000.000 euros (contrato assinado ontem). Dobro do previsto.
-A Estradas de Portugal, EP vai ter de pagar 2.000.000.000 aos investidores nas SCUT, dado o trafego mínimo garantido pelo...Estado.
-O Tribunal de Contas considera ruinoso o contrato com a Lusoponte, construtora da Ponte Vasco da Gama dado que será paga 3 vezes e ainda passou a receber as portagens da 25 de Abril. Presidente do Gonselho de Adm. da Lusoponte: Ferreira do Amaral, ministro das obras públicas na altura do contrato!
-Parcerias público-privadas nos Hospitais medem-se por milhões mensais de compensações.
-os srs. Portas e Passos querem liberdade de escolha da escola para os filhos. Claro que com subsídio ao privado ou, mais fino, com cheque-educação passado à família pelo...Estado!
-Depois digam que o problema das finanças reside nos funcionários públicos (afinal no bom aluno checo, encanto dos comentadores liberais portugueses, tambem há crise).
Que pena devem ter os velhos
capitalistas por terem nascido tão cedo ou, como diz o sociólogo Bruto da Costa, o lucro pode ser encarado como um custo!
Pedro Miguel

Anónimo disse...

A última parceria público-privada é a Governo com o PSD, tutelada por Socrates e Coelho!

Vão ver que vai dar lucro, ai não que não vai!

Para os do costume arregimentados nestes dois parceiros e seus ap~endices ocasionais (ou não)!

Anónimo disse...

Quais as razões que a razão desconhece ?