sábado, 4 de setembro de 2010

IMAGENS TOMARENSES DE FIM DE SEMANA

Houve um tempo, que durou séculos, em que Tomar foi algo. Algo no sentido em que filho de algo deu em fidalgo. Povoação bem gerida e rica, autónoma em relação à coroa, pouco mais de dois séculos após a sua fundação, teve capacidade financeira para financiar a maior empresa portuguesa de todos os tempos -os descobrimentos ditos henriquinos, na verdade da Ordem de Cristo. Que as caravelas não ostentavam nas velas as armas do Infante, mas a cruz vermelha de Cristo. Um século mais tarde, ainda a heráldica tomarense diferia de todas as outras a nível da Nação, como aqui se documenta:

Escudo nacional, com coroa, à esquerda; emblema do rei, ao qual foi retirada mais tarde a coroa; ambos sobrepujados pelo emblema da ordem, a quem tudo pertencia e que tudo administrava. Simples acaso? Se olharem com atenção para a parte central superior dos Paços do Concelho, verão que não. O que acontece, na verdade, é que os nossos autarcas ainda mandam içar, em dias de festa, a bandeira da Ordem de Cristo e a Balsa dos Templários, mas ignoram o que isso representa. Tal como os membros da Assembleia Municipal nunca repararam que deliberam (ou deviam deliberar) sob o escudo na Ordem de Cristo, que tudo vê a partir do tecto. Mas não há mal que sempre dure...

Quase cinco séculos após a asfixia da ordem, imposta pelo poder real, em 1529, aqui temos um exemplo de como vão as coisas na antiga capital templária e de Cristo.
Vieram os trabalhadores e alcatroaram. Vieram outros trabalhadores, levantaram a calçada, encheram e calcetaram, ao nível da nova camada asfáltica. Vieram finalmente outros trabalhadores, arrancaram as pedras recém-colocadas, abriram valas e vá de instalar o sistema de águas e esgotos. Segundo informações recolhidas no local, parece que o projecto inicial não previa esgotos enterrados. Excelente coordenação, como é habitual por estas paragens. Os caceteiros vieram trabalhar para o boneco.

Por falar em coordenação e em projectos, aqui temos outro excelente exemplo. Escreveu Orwell, no seu conhecido "Triunfo dos porcos", que somos todos iguais, mas há uns mais iguais do que outros. Pelos jeitos, o conceito aplica-se a tudo. A estes relvados, designadamente. O da esquerda, verdejante porque regado a tempo e as horas, graças a aspersores automáticos instalados, é muito mais igual que o da direita, o qual, sem sistema de rega, vai morrendo de sede aos poucos. Com a água aos pés, numa ilustração moderna do "Suplício de Tântalo", que morreu de sede ao lado de uma fonte.

Para que não haja dúvidas, aqui vai outra panorâmica do mesmo caso. No primeiro plano a chamada "relva enteada". Lá ao fundo, a "relva afilhada", com padrinhos bem colocados. Quem é que está aí a falar em lacunas de projecto?
Más línguas! Invejosos! Não podem ver nada! Querem é tacho!

Finalmente, para que não se julgue tratar-se de caso único, aqui temos o tradicional mercado árabe das sextas-feiras. Em Portugal. Na União Europeia. Numa cidade central, cujos dirigentes se têm em alta conta. Em pleno século XXI.
No primeiro plano, uma árvore jovem morre à sede. Apesar do sistema de rega gota a gota que lhe instalaram à volta do pé. O qual nunca funcionou por falta de adequada manutenção. Como tem vindo a suceder com aquelas árvores próximas da cabine da EDP, ali no parque de estacionamento de Santa Iria. Ou na Avenida das Avessadas (a designação oficial é outra, demasiado comprida para o meu gosto), que vai do Intermarché ao Modelo.
Tempos sombrios. Quase sem esperança...

10 comentários:

Anónimo disse...

A PLATEX/IFM E OS HABITUAIS ABUTRES

Concluído que foi o acordo para a reactivação da firma IFM/PLATEX, cuja retoma de actividade está programada para este ano, vêm agora os abutres de sempre tecer considerações apontando os benefícios que a actividade industrial daquela unidade fabril traz ao concelho.
E assim pudemos verificar o "timming" do discurso do senhor presidente da câmara de Tomar que nunca fez mais que receber por duas vezes, com o enfado que lhe é característico, os representantes dos trabalhadores que mais não pretendiam senão, em desespero de causa, alertar para os perigos socio-económicos dum possível encerramento da empresa, e ao mesmo solicitar os bons ofícios da edilidade no sentido de chamar à atenção das entidades superiores para o assunto.
O presidente da Câmara terá incluívé anunciado que se deslocaria à entrada da fábrica para falar com os trabalhadores, numa altura em que se fazia bloqueio da fábrica, mas tal não passou de boas intenções.
Suponho que o homem, de tão preocupado com o andamento da situação, terá baixado ao leito doente...coitadinho!!!

Mais recentemente, veio a senhora governadora civil de Santárem, Dª. Sanfona, vibrar com a perspectiva de reabertura da IFM/PLATEX, ela que nunca teve nem cinco minutos para receber os delegados sindicais e os representantes dos trabalhadores, cujo único objectivo era o mesmo: alertar para a gravidade da situação e o seu impacto social e económico na região.

Sabe-se que para a esmagadora maioria da classe política actual trabalho é assunto totalmente desconhecido, porque o seu currículo resume-se a jogadas de bastidores dentros dos partidos com vista à ascenção política que lhe abre caminho a chorudos vencimentos e demais rergalias conexas, e a reformas rápidas e bem gordas.

São espertos estes abutres que mandam na política. Esgueiram-se por entre as responsabilidades morais a que os seus cargos obrigam, mas poem-se em bicos de pés logo que surge uma réstea de bonança depois duma calamidade...

Não são assim tão espertos...serão talvez mais chicos-espertos...

Anónimo disse...

Bom trabalho.
A Ordem de Cristo confundia-se com o Estado. Enquanto foi uma Ordem aberta, Portugal foi grande. Quando reformada e transformada numa Ordem fechada, contemplativa (como as Escolas de hoje), Portugal afundou-se e nunca mais recuperou.
É significativo da decadência de Tomar que os passeios continuem a ter no seu empedrado a Cruz da Ordem de Cristo. O respeito dos tomarenses, e dos portugueses, pela sua identidade e história é criminoso. Todos pisam e enxovalham aquela Cruz. O que diz o Vaticano e as Igrejas Cristãs (Católica, Protestante, Ortodoxa, Jeová e outras) a toda esta blasfémia ?
Culpados ! Não há penitência que chegue.
Lancelot du Temple

Anónimo disse...

Os autarcas quando abrem a boca para falar da tradição templária e da Ordem de Cristo na História de Tomar, dizem umas larachas que lhes escrevem mas que não vislumbram saber científico algum.
Tenho para mim que até do ponto de vista empirico são uma autêntica anedota. E isto serve para o poder e para a oposição.
Li nos jornais da urbe que o Bruno Graça, da Filarmónica Gualdim Pais, também quer que a autarquia pague os "prejuízos" dos suas iniciativas, a exemplo do que aconteceu com a Festa dos Tabuleiros do mordomo Madureira.
Assim é fácil promover iniciativas, desde que a autarquia pague qualquer um de nós promove...
A Filarmónica Gualdim Pais, com a esperteza saloia do Bruno Graça, aproveita, e bem, um poder frágil, sem projecto e sem glória para ir criando um ELEFANTE BRANCO, com um conjunto de valências que mais parece o estado. Quando vêm as dificuldades, Aqui d'El Rei que se a autarquia não pagar fecha as portas...
Imaginemos que toda e qualquer empresa que passe por dificuldades tivesse a mesma atitude que os dirigentes da Filarmónica Gualdim Pais? Se a autarquia já anda de rastos, então nem quero imaginar.
Só quem não tem uma visão clara e objectiva de um desenvolvimento sustentado, seja numa associação ou numa empresa, é que toma a atitude como a dos dirigentes da Gualdim Pais.
E a autarquia? E os autarcas, o que pensam disto? Escondem-se para não mostrarem as suas fragilidades ou, numa fuga para a frente do quanto pior melhor, lá vão cedendo às pressões a o município lá vai cantando e rindo a caminho da falência.

Anónimo disse...

Já agora, os trabalhadores da IFM/PLATEX que ficaram de fora que se dirijam a Câmara e peçam um subsídio no mínimo no valor do que pretende a Filarmónica Gualdim Pais.
Ou será que estes, por serem gente anónima e sem voz na "comunicação social" local são simplesmente ignorados?

Anónimo disse...

Mas o Bruno desgraças, mesmo que a Câmara, por hipóteses, lhe fizesse chegar mensalmente a tença do fidalgo em ouro, nunca ficaria satisfeito; a sua Gualdim Pais é insaciável.
E com muita música…! E às quantas desafina!
Já agora, sendo aquilo quase dinástico, quem lhe virá a suceder no trono? É que o homem já leva anos de enfadado, e desusado!
E a coisa precisava de uma refrescada nova!

pífaro

Anónimo disse...

Sobre a IFM, totalmente de acordo com o Anónimo das 10:52. Os trabalhadores da Empresa fizeram mais por Tomar que os autarcas e políticos no activo que temos, pelo menos, nos últimos 10 anos!
Pedro Miguel

Anónimo disse...

Bruno Graça apenas usou a Gualdim-Pais como arma de arremesso político, numa pura lógica de subsidio-dependência e tentativa de "na rua" impor o medo ao poder político instalado.

Claro que o poder vai tendo medo e pagando "o imposto revolucionário". Até quando?
Se todas as Associações recebessem da Camara o apoio que a Gualdim-Pais recebe e no final, se fossem incompetentes a gerar receitas, tivessem a câmara a pagar-lhes as "asneiras", ainda iriam dizer mal de quem lhes paga?

Esta forma, muito sindicalista, no pior sentido, descredibiliza uma instituição como a Gualdim-Pais e demonstra que em política partidária não vale tudo.
Bruno Graça devia tirar conclusões do seu sofrível resultado eleitoral, na candidatura à Camara Municipal
pela CDU e perceber que o seu tempo terminou em definitivo. Há 26 anos Presidente da Gualdim-Pais, mais do que ultrapassou todas as marcas, enquanto político e enquanto dirigente associativo.

E está já a prejudicar em demasia a Gualdim-Pais, com este tipo de actuação completamente descabida.

Anónimo disse...

paarece-me que aqui o problema não se coloca no facto de Bruno Graça pedir subsídios à autarquia, o que é questionável. A discussão deverá ser, por ora, outra. O senhor vereador é que prometeu subsídios e pagamentos sem dar cavaco à autarquia e, depois, foi confrontado com a impossíblidade de pagar tudo o que prometeu...não será? E, por isso, se lhe cobra.
Laura Rocha

Anónimo disse...

D.Laura

Pelo que ouvi na radio o vereador em questão, na própria reunião, disse que não se havia comprometido com tal apoio total para os alojamentos, porque tal seria totalmente abusivo.

De qualquer forma por muito meritória que fosse a actividade, paga que foi com o dinheiro da câmara não faz sentido que a Gualdim-Pais venha ainda pedir mais dinheiro e ainda por cima fazê-lo como se fosse obrigação da câmara ou seja, de todos nós, pagar as actividades que a Gualdim-Pais se lembra de organizar.

Se tal fosse para ser assim, não seria preferível ser a Câmara a organizar? Cedeu o Cine-teatro, os lagares d'el rei, pagou os cachets dos músicos, a promoção e parte do alojamento. E ainda por cima é alvo de criticas.
Faz sentido?

Anónimo disse...

Um dia destes ainda vamos assistir a um espectáculo de circo interessante.
Imaginem que o Ministério da Educação decide fazer uma auditoria aos subsídios entregues às instituições que ministram cursos por si subsidiados, o que seria de toda a legitimidade!
O Ministério da Educação "gasta" milhões de euros dos nossos impostos nesses apoios, sendo que os proveitos/resultados são congrangedores.
O sistema tem permitido toda a espécie de malabarismos na caça ao "tesouro", através de uma legislação errada que torna o ME numa fonte de financiamento insustentável e sem utilidade.
Acresce que muitas das actividades são duplamente financiadas pelas autarquias...e por aí fora!!!
Agora vejo por que razão tanto alarido à volta de uma decisão do ME, cujos contornos ainda estão por esclarecer...
A autarquia faz o devido cruzamento dos apoios que concede com outros apoios dados por outras entidades públicas para as mesmas actividades?
Essa é a questão!
Uma boa gestão obrigaria a esse cruzamento, até para evitar "golpadas", e obrigaria a que tudo fosse muito transparente no que diz respeito à gestão dos dinheiros públicos.