domingo, 26 de setembro de 2010

SOBRE TURISTAS EM PARIS

Fotos da responsabilidade de Tomar a dianteira, copiadas do Google.

Aviso aos leitores: 
Por favor não considerem o texto seguinte como um atentado à pobreza. Decidiu-se traduzi-lo e publicá-lo para que os nossos leitores com menos mundo (incluindo os eleitos e os comerciantes locais, bem como os que não acreditam que o futuro de Tomar será na área do turismo) fiquem com uma ideia de como as coisas acontecem onde há TURISMO a sério e a pagar por cada um.

VUITTON DECIDE FECHAR MAIS CEDO AS SUAS LOJAS...PARA EVITAR RUPTURAS DE STOKS - Hermès, Richemont e LVMH aumentaram consideravelmente as suas vendas após o fim da recessão.
"Crise? Mas qual crise? As vagas de turistas, sobretudo asiáticos, que invadem a grande loja parisiense Louis Vuitton, na Av. dos Campos Elísios, próximo do Arco do Triunfo, parecem demonstrar que, pelo menos no universo do luxo, a opulência voltou. A era das loucuras regressou, ainda com mais força que antes da crise.
De tal maneira que, nesta loja chiquérrima, os horários de abertura foram excepcionalmente reduzidos, de forma a prevenir qualquer ruptura de stocks antes do Natal. Facto extremamente raro, a loja encerra agora às 19, e não às 20 horas, até ao fim de Novembro. E as outras lojas parisienses da marca do monograma não atendem qualquer cliente a partir das 18 horas.
Mais restrito ainda, as vendas são contingentadas. Só vendem "um saco de senhora e um artigo de pele mais pequeno, por cliente, ou dois pequenos artigos de pele", explicou-nos um dos vendedores. Afirmando que não há qualquer recusa de venda, mas apenas um limite por cliente, de maneira a poder servir o maior número possível...
Os preços parisienses são quase sempre mais baixos que no estrangeiro -40% mais baratos que em Pequim, 30% menos que em Hongkong. E depois ainda há a franquia de 12% concedida aos residentes de fora da União Europeia. Alguns artigos já estão, mesmo assim, esgotados em todas as lojas parisienses da marca. De maneira que os afortunados clientes são forçados a aguardar algumas semanas, antes de poderem desembolsar a bagatela de 950 euros por um saco de senhora.
"Estamos a assistir a uma fortíssima retoma após a crise. É um fenómeno já observado anteriormente. Desta vez a vendas  aumentaram de tal forma que é preciso repôr o stock todos os dias. A quebra do euro em relação ao dólar também tem contribuído fortemente para esta retoma das vendas aos turistas", declarou-nos um director da marca. Durante o primeiro semestre deste ano, Louis Vuitton voltou a crescer ao ritmo de dois dígitos, podendo mesmo gabar-se de um salto fulgurante dos lucros, que aumentaram 53%. E não não a única empresa do ramo a anunciar tal êxito. Os negócios de Hermès subiram 22,8% nos primeiros seis meses do ano, enquanto os de Richemont (Cartier...) atingiram + 37% entre Abril e Agosto.
Estes gigantes da moda têm até sentido algumas dificuldades para acompanhar o incremento, de tal amplitude que, segundo Nick Hayek, director-geral de Swatch, que comercializa várias marcas de relógios de luxo, começam a confrontar-se com um evidente e novo problema de capacidade de produção. As fábricas de confecção de marroquinaria Vuitton já trabalham a 100% da sua capacidade, enquanto que o grupo LVMH contratou este ano mais 320 novos artesãos, que depois levaram algum tempo a ser formados. Aos actuais onze locais de fabrico, acrescentar-se-á, na próximas primavera, uma fábrica ultra-moderna em Marsaz (Drôme). Contrariamente a outros sectores de actividade, a marroquinaria é pouco flexível -o tempo necessário para produzir por exemplo um saco de senhora não pode ser reduzido. E só um artesão competente o pode executar.
Verdadeira tragédia do sobre-consumo, ou sucesso internacional de uma indústria essencialmente francesa? No seu livro "A felicidade pardoxal - Ensaio sobre a sociedade de hiperconsumo" (Editora Gallimard, reedição, 2009, disponível unicamente em francês), o filósofo Gilles Lipovetsky, um dos raros a estudar a atracção e o "fétichisme" das marcas, considera que o fenómeno continua a provir de um certo snobismo, de uma vontade de dar nas vistas e de se diferenciar, partilhado tanto por jovens como pelos adultos das novas classes afortunadas. Contudo, "já não se trata tanto de um desejo de reconhecimento social, mas antes do prazer narcísico de sentir uma certa distância em relação ao comum dos mortais, beneficiando assim de uma imagem positiva de si para si próprio".
O importante já não é, por conseguinte, sobressair, dar nas vistas, impôr-se aos outros, mas mais prosaicamente de se sentir satisfeito consigo próprio. Uma satisfação ao que parece assaz partilhada por turistas do mundo inteiro, que torna feliz o clube dos accionistas de LVMH. (Louis Vuitton - Moët Hennessy -moda, marroquinaria, champagne, outras bebidas -nota de Tomar a dianteira).

Nicole Vulser, Le Monde, 26/09, página 11
Tradução e adaptação de António Rebelo/Tomar a dianteira

9 comentários:

Anónimo disse...

Ao Sr.Dr. Rebelo:
Sou dos que acha que não há condições para que o turismo seja uma actividade económica com relevância em Tomar. E deixe-me dizer que eu tenho "o mundo que tenho" tal como V. Exa. terá o seu. Fica mal pressupor que é aldeão quem não achar que o futuro de Tomar é o turismo.
Qualquer asiático, russo, americano do norte ou do sul tem um sonho: visitar Paris e Londres. Roma, Viena e Praga, menos. Qualquer melómano tem um desejo: visitar Salzburgo. E Tomar, também?

Anónimo disse...

Se enchessemos a cidade de rotundas cibernéticas a deitar águas de todas as cores talvez tivéssemos turistas vindos dos confins da Terra para nos visitar! Olhe, até o trans-siberiano passava a parar em Tomar, e o Queen Elisabeth atracava no paredão do Flecheiro! É tudo uma questão de visão! Mas não seguimos os bons ensinamentos do eng. Paulino, o Paiva da Trofa...

Anónimo disse...

Podemos ser o centro da atenção por bons ou por maus motivos.
À falta de lojas luxuosas como em Paris podemos promover a cidade com outras iniciativas. Concurso de pedrada ao patos e gansos no rio Nabão, rali urbano nas esburacadas ruas da cidade, festival do palavrão ao político nas sessões da Assembleia Municipal, sarau de escárnio e mal-dizer ao próprio concelho, etc, etc.

Zé da Bilha

Anónimo disse...

PARA ZÉ DA BILHA

Está a esquecer-se do concurso "Busca o Cagalhão", em que os concorrentes, munidos de luvas e um saco com o logotipo da Câmara, recolhem durante um determinado espaço de tempo cagalhões de cão que abundam por aí à fartazana. Depois de pesados os sacos atribuem-se os prémios:

1º Prémio - Um convite para acompanhar o passeio dos velhinhos em 2011 ao lado do sr. vereador Carrão, ao mesmo tempo que lê em voz alta as crónicas cor-de-rosa deste ilustre tomarense, que entretanto serão editadas em livro.

2º. Prémio - Um livre trânsito para o congresso da soparra de 2011, válido para todos os dias do evento, que se prevê seja alargado a uma semana na sua próxima edição.

3º. Prémio - Uma visita às obras incompletas da cidade seguida de almoço na Associação Cultural e Recreativa dos Casais. De tarde jogar-se-á chinquilho e haverá lugar à abertura do pipo. Tudo apadrinhado pelo sr. Carrão.

Anónimo disse...

Para 14:09

Acontece aos melhores. Esqueceu-se de instituir um prémio para os cidadãos que padeçam de insónias. Consitsiria em assistirem a uma reunião da câmara durante pelo menos duas horas. Caso não conseguissem mesmo assim adormecer, seriam imediatamente conduzidos ao serviço de urgência do hospital de Tomar.

Ratazana sabida

Anónimo disse...

Paris..., Paris..., Campos Elísios.. Que relação pode ter com o Turismo para Tomar?

O Artigo do Le Monde pode ser um estímulo à imaginação dos responsáveis, e não basta dizer que o Turismo é importante para Tomar. Estas coisas só lá vão com bons profissionais e, sem dúvida, com bons e esclarecidos políticos.
São precisas iniciativas aliciantes para prazer dos visitantes e, assim, "sacar" receitas.

Por exemplo: a próxima Festa dos Tabuleiros vai atrair dezenas de milhares de pessoas.

Ocorreu-me esta, para a F.Tabuleiros, sempre na mira de "sacar" de l'argent:

Uma iniciativa que tivesse como objetivo conseguir que 1500/2000 visitantes permanecessem em Tomar pelo menos 3 dias durante a Festa. Um programa aliciante, que passaria pela criação de uma Bolsa de Aluguer de Casas Particulares (ou outras), preços convidativos, com um programa de visitas, incluindo restaurantes que aderissem com boas ementas a preços controlados. Essas casas permitiriam que algumas famílias confecionassem algumas refeições. Etc., Etc., Etc..

Não percebo nada de turismo. Só quero ajudar...

Anónimo disse...

Se o eng. Paulino, o Paiva da Trofa, prometer que constrói uma Torre Eifel em Tomar (não precisa ser tão grande), juro que voto nele mais a minha família toda.

Anónimo disse...

E já agora dormíamos com a filha do casal, não?

Anónimo disse...

Dormiam?
Mas que maldade!!!!!!!
Ela não merece isso!!!!!!!!