quinta-feira, 9 de setembro de 2010

TURISMO -AS TRAMPOLINICES DO COSTUME


Foto copiada do site da Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos.

A grande notícia desta semana, em termos de politica local e de turismo, foi a assinatura da constituição da rede "Mosteiros de Portugal". E, sobretudo, do contrato de financiamento da referida associação. Para já a modesta soma de 15 milhões de euros = 3 milhões de contos. Nada mau para quem começa...
Devem os tomarenses esperar daí algo de realmente fundamental para o desenvolvimento do turismo local? A meu ver não. Trata-se, isso sim, da dupla do costume: "show off" e caça às verbas de Bruxelas, tendo em vista futuras eleições. Basta reparar nos figurantes. Que estão ali a fazer? Os presidentes de câmara (ou o seu representante, no caso de Lisboa, o que já diz muito...) nada têm a ver com a gestão, conservação, manutenção ou segurança dos monumentos em causa. Os senhores do IGESPAR, por seu lado, verdadeiros donos do Convento de Cristo, da Batalha e do Mosteiro de Alcobaça, nunca perceberam nem estão interessados em perceber alguma coisinha de turismo. O que lhes interessa é o fim do mês e, acessoriamente, o dinheiro das entradas, para os respectivos "alfinetes".
Com o seu habitual sentido de oportunidade, o alcaide tomarense aproveitou para frisar que já estava a criar condições para o tal produto turístico como marca internacional de prestígio, pois vai ser construído um parque de estacionamento para autocarros, encostado à fachada norte do Convento. E disse-o com convicção, o que agrava ainda mais o problema. Porque sabemos bem o benefício para os monumentos e outras antiguidades dos gases de escape dos autocarros... Estamos portanto conversados.
Este comportamento não é de agora. Basta pensarmos que, em termos de turismo, estamos integrados na "Entidade de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo", sediada em Santarém, sem que se saiba porquê, (Santarém faz parte do norte alentejano, para assuntos de pilim de Bruxelas...) enquanto que em termos de verbas comunitárias para o turismo, fazemos parte da região centro, porque temos direito a maior percentagem de comparticipação. Um dos resultados desta dupla filiação é a existência, ao fundo da Corredoura, de dois postos de informação turística, um em frente do outro... Não temos recursos humanos qualificados na área do turismo, nem nunca os procurámos ter. Mas temos fartura de funcionários, e até, ultimamente, de colaboradores exteriores, academicamente documentados para actividades que depois, na prática... Estamos assim a modos que como um hospital sem médicos nem enfermeiros realmente operacionais. Ou, em menor grau, como o nosso -boas instalações, excelentes equipamentos, óptima localização, recursos humanos qualificados, mas falta de valências, por razões de política nacional regional. Assim vamos. Ou somos levados?
E depois ainda têm a lata de nos vir apregoar, como objectivo, a criação de uma marca turística internacinal de prestígio. Eles sabem lá o que isso é, ou como se consegue instituir! No turismo, como nas outras profissões, há os que fazem e os que vêem fazer. Uns foram formados pela prática que depois aprenderam a teorizar; outros nunca foram formados a não ser como moscas do coche nos diferentes microcosmos políticos. Aqueles são os operacionais e praticamene nunca chegam longe, sobretudo quando lhes repugnam mundanidades e inevitáveis subserviências; estes entram sempre por cima e ganham bem a vida; mas saem tal e qual o asno que foi à Meca e regressou tão burro como à partida.
Dito isto, os eleitores tomarenses, sobretudo os proprietários de hotéis, restaurantes, bares, cafés, agências de viagens, transportistas, etc. é que sabem. Se continuam a achar que estão bem servidos assim, pois siga a festa. Como dizia Nini Ferreira: Paraíso cheio/ foguetes no ar/ calma no meio/estamos em Tomar! Um visionário este Nini! Quando foi convidado para cabeça de lista, recusou.

12 comentários:

Anónimo disse...

E a secundarização do idilimo "representante" de Tomar de posição formal na cerimónia, sem lugar para o almoço que se seguiu, não é bom augurio, não senhor...que faria perante tamanha desgraça?

Anónimo disse...

"com papas e bolos se enganam os tolos...". Boa jogada, esta, dos caçadores de votos. Pergunta pertinente: quando prevêem a apresentação de resultados do projecto? Isto é: para que serve, que benefícios traz (no caso, a Tomar) e quando. É que está a esgotar-se o tempo e as oportunidades de fazer figura "à conta" dos contribuintes europeus.
E esses contribuintes estarão a ficar sem paciência e desconfiados, como mostra a subida de juros da dívida portuguesa...
Pedro Miguel

Anónimo disse...

Nos últimos dias tenho mantido aqui um diálogo agradável. Divulguei que em Cuba irão ser despedidos perto de um milhão de Funcionários Públicos, com o objectivo de se criar um exército de reserva para as empresas capitalistas que se irão instalar naquele país.
Desde ontem que está a ser divulgado por esse mundo fora, com grande realce, que Fidel Castro terá reconhecido que o modelo dominante naquela ilha já não serve. O que está a ser interpretado como sinal de mudança, como eu aqui escrevera.
Cuba assentou o seu modelo económico, nos últimos anos, no Turismo, que não deu grandes resultados. Agora vai virar-se para uma industrialização integrada na Nova Ordem Mundial.
Nesta, o lugar dos portugueses é lá no fundo da escala. Viremos a ter portugueses a emigrarem para Cuba em busca de trabalho ?
Quanto à rede "Mosteiros de Portugal", a ideia é boa, só que a estrutura onde a rede se integra é que está obsoleta. O Ministro das Finanças acabou de anunciar que, em 2011, terá de haver uma grande redução na despesa do Estado e aumento de impostos. Maior taxa de esforço para o Zé.
A reestruturação de todos os serviços do Estado é um imperativo. Só assim se conseguirá reduzir a sua despesa. Tal reestruturação implicará despedimentos, que, como em Cuba, não serão pequenos. Este contexto foi considerado quando se estabeleceu a rede "Mosteiros de Portugal" ?
SÉRGIO MARTINS

Anónimo disse...

ó Sérgio Martins, você anda nos medicamentos não anda?

Já reparou que você só escreve "eu disse" "eu fiz" "eu sei" "eu avisei" eu eu eu eu eu eu....

Será por isso que ninguém lhe liga?

Anónimo disse...

É um puro sangue tomarense. Tem o ego muito inchado!

Anónimo disse...

Para o anónimo das 17:07 e 21h01:

É simplesmente lamentável que venham tentar (digo tentar porque este tipo de comentários há-de bater na indiferença do Sérgio Martins) melindrar os cidadãos que civicamente têm dado, ao longo de anos, um precioso contributo para Tomar com as suas reflexões e propostas, como é o caso do Sérgio Martins.
Lamentavelmente os comentários não são inocentes e sabe-se muito bem de onde vêm. Por isso, é duplamente lamentável por nem terem a coragem de se assumirem. è a política e os políticos locais que temos.
Haja pachorra para aturar esta gente.
Mas vão ter de aprender a terem paciência, porque não lhes vamos dar o gosto da desistência de continuar a intervir civicamente, quer pela escrita, quer pals intervenções públicas, quer por outras formas que se entendam por convenientes.
Não chega quererem a todo o custo chegar ao poder. Tenham juízo e aprendam a viver em democracia.

Anónimo disse...

Para os anónimos, de um anónimo??? Lamentar e fazer o mesmo não me parece uma boa forma de defender o "acusado", embora concorde plenamente com o comentário
Laura Rocha

Anónimo disse...

vamos ver quem ganha a obra do parque para BUS.

Anónimo disse...

Viva o Paulino!

Anónimo disse...

O "Eu" é medíocre.
O colectivo "nós", para além de ser sinal de educação é politica eticamente correcto.

Anónimo disse...

O Eu é assertividade e afirmação própria dos humanos, porque só estes se reconhecem a si próprios e à sua obra.
O "Nós" pretende ser majestático, é uma figura do "Antigo Regime", utilizada pelos Reis.
Estamos em República. Em Democracia. Em pós-modernidade. Onde a educação é menos castrante.
Desde há décadas que nas sociedades mais desenvolvidas se fala na civilização do Eu. Como Portugal continua arcaico, a educação e as atitudes são de catequese de há cinquenta anos.
O Eu é política e éticamente adequado e correcto, embora possa ser moralmente (por costume)condenado por quem vive fora do tempo e da realidade.

Anónimo disse...

o "Eu" é medíocre? E consegue construír o "nós" sem plena consciência e afirmação dos "eu" que o compôem? Estranho. Fala do "nós", ou de carneirada?

Laura Rocha