Enquanto folheava a restante imprensa de hoje, ia arquitectando a estrutura da resposta ao meu prezado amigo Luís Ferreira, no quadro do cordial diálogo que vamos mantendo, umas vezes do mesmo lado da barricada, outras em campos opostos. Desta feita tratava-se de demonstrar, com a ajuda da notícia infra, do JN de hoje, que não existem diferenças substanciais entre a medida a lançar em França e a que foi chumbada em Portugal, ao contrário do que afirma o meu respeitável contraditor.
Entretanto, porém, tive o prazer de saborear esta magnífica e gostosa crónica de Vasco Pulido Valente, inserida no PÚBLICO de hoje, o que me forçou a responder a Luís Ferreira num outro comentário ao post anterior e a reproduzir aquilo que considero um perfeito retrato do momento político português actual, com um remate de uma ironia subtil e sublime, bem ao estilo dos discípulos oxfordianos:
Não conseguiu detectar a tal ironia subtil e sublime? Não desespere. Nem sempre é fácil entender cabalmente VPV. No caso em apreço, o cronista atou no mesmo molho toda a esquerda, incluindo o PS de Tó Zé Seguro, o PSD, o CDS e Cavaco Silva, bem como a senhora Merkel e Mári Draghi do BCE, para mostrar que de uma ponta à outra do arco político apenas nos resta uma opção realista: fazer aquilo que os nossos credores mandam. Fabricando dinheiro, como recomendou Mário Soares, que de economia nunca percebeu nem percebe nada, mas de uma de duas maneiras: fabricar dinheiro = gerar riqueza, produzir valor acrescentado, conseguir mais-valia pelo trabalho produtivo; ou fabricar dinheiro = imprimir dinheiro, tal como está a fazer a Reserva federal americana, que há mais de um ano vem inundando o mercado de liquidez, na expectativa de excitar a retoma da economia. Nesta segunda hipótese, Portugal só o poderá fazer contudo, após ter abandonado o euro e regressado ao escudo, como parece sugerir Mário Soares, uma vez que a senhora Merkel nunca consentirá que se vá por aí na zona euro...
3 comentários:
DE: Cantoneiro da Borda da Estrada
Ter olhos ideológicos não traz mal ao mundo e aos povos, quando os ideários são escancarados honesta e abertamente na praça pública. É o que mais se deseja em democracia. O pior é quando se escondem os ideários durante anos, finjindo ser uma coisa e ser outra: é quando se promete o paraíso a um povo e, afinal, o mete numa tragédia, como os patifes deste governo actual português durante a campanha eleitoral.
Essa é que é essa!
A Sra. Merkel não quer?! Mas vai querer! De uma maneira ou de outra, os capitalistas financeiros alemães vão vergar a espinha mais tarde ou mais cedo. Os danos serão tamanhos!!!!!!
Vejamos!
E se Espanha for para o penaico?!
Quem é que vai ficar mesmo à rasca....?
Se Espanha for para o penico, é uma chatice para os espanhóis, para os portugueses, para os europeus em geral....
.... e também... para... a Alemanha -...os alemões - ou alemães.
Look at this:
Excessive exposure
Selected German Bank exposure to Spanish, in billions of euros:
-Deutsche Bank: E 29,7
-Commerzbank: E 13,5
-DZ Bank: E 6,0
-BayemLB: 4,9
-LBBW: 5,2
-NordLB: 3,6
Total selected German Bank exposure to spanish, in BILLIONS of euros: E 62,9.
Não são milhões, são BILIÕES!!!!!!!!
Que diz a isto DR. Rebelo, que sabe tanto de economia...?
A Sra. Merkel, e os interesses capitalistas que representa, querem fazer do povo português um exemplo de chantagem sobre a Espanha e os espanhóis. Como quem diz: se não pagarem (dando cabo da nossa economia e bem estar à custa da especulação capitalista e dos próprios Estados), vai-lhes acontecer o mesmo que aos portugueses! Foi o que fizeram com os gregos - que não vão pagar, não senhor, como parte da dívida portuguesa não vai ser paga. Os jurozinhos terão que ser revistos...EM BAIXA!
Vamos ver se é assim... Se calhar não vai ser bem assim, como não foi por duas vezes no século XX.
Só falta uma faísca...
Claro que a Sra. Merkel, depois das próximas eleições... vai vergar.
Aquela senhora que interrompeu ontém a cerimónia do 5 de Outubro, foi o exemplo de como uma faísca mais brava pode incendiar....
Incendiar quem?
Nem mais nem menos.
O caminho da guerra pode, e deve ser evitado: com democracia e eleições.
O euro seria mais "viável" sem a Alemanha, podendo desvalorizar-se face à libra, o dólar e o iene. Isso relançaria a produção de todos os países da Europa e prejudicaria as importações. Isso e o ré-investimento na energia nuclear e a aposta (lembram-se do Sócrates) em todas as energias limpas (hídrica, eólica, solar, mares, pilha hidrogénio,...).
Um outro caminho existe e em França, mesmo que alguns tentem ler apenas metade do problema, já se percebeu isso. Controlado que esteja o deficit o "velho" motor europeu estará em condições de colocar em marcha a renovação, democrática, necessária...
ÓCULOS IDEOLÓGICOS, PARA QUE VOS QUERO!
Não me parece que este "cantoneiro-da-borda-da-estrada" seja daqueles que antigamente rapavam as valetas das ditas. A reparar no mísero estado em que elas estão hoje cheias de ervas e entulho, este cantoneiro só poderia ser um sorna. Talvez ande também a precisar de ir à Multiópticas, visto que lê e aprecia os assuntos políticos afuniladamente, mas sempre do modo que mais lhe convém! Veja-se o modo como ele aprecia as promessas eleitorais dos nossos políticos. Uns são uns bestas, mas os outros (os do seu lado) foram bestiais. Estes arruinaram o País, mas foram os outros que tiveram de chamar a Troika, por já estarmos na bancarrota! Enfim, modos de ver enviesados!- que não fazem jus a um verdadeiro cantoneiro!!!
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