A conferência de imprensa do PS, que teve lugar ontem à noite na sua sede, veio confirmar a tendência reinante dos últimos tempos no microcosmo partidário nabantino. Recomeçaram os conclaves. Como sabemos, o vocábulo designa a reunião de cardeais que usualmente se fecham à chave = con clave, para escolherem o papa, ficando incomunicáveis até à decisão final e proibidos de relatar o sucedido, sob pena de excomunhão.
Pois está a suceder o mesmo nas agremiações políticas da urbe. Os seus dirigentes e quadros vêm-se reunindo para preparar as autárquicas 2013, sem que posteriormente se venha a saber oficialmente o que por lá se passou. Há sempre umas fugas, mas só para íntimos e iniciados, a coberto do mais rigoroso anonimato, que delas não podem dar conta, sob pena de perderem a "fonte". A reunião do PS não fugiu à tradição. Tinha um ponto da Ordem de Trabalhos para debater o assunto, mas Anabela Freitas nada disse sobre o tema na citada conferência. Ou pelo menos a comunicação social presente nada comunicou.
Compreende-se que assim suceda. Impera ainda em Portugal, sobretudo em Tomar e nas terras pequenas, a centenária crença de que "o segredo é a alma do negócio". Um axioma que contraria em absoluto a vivência democrática a qual, como facilmente se entende, pressupõe a total transparência e logo a ausência de segredos. Mas adiante, que é o que vamos tendo.
Qualquer cidadão adulto e responsável sabe que tem de viver de acordo com as suas posses. Grosso modo, em conformidade com aquilo que ganha. Caso assim não proceda, vai vendendo património, contraindo dívidas e pedindo empréstimos. Trata-se, como salta à vista, de uma situação transitória, que só poderá prolongar-se até que haja credores dispostos a arriscar. Os quais credores vão aproveitando a prodigalidade do devedor para lhe sacarem juros cada vez mais altos... Tal é neste momento a situação do país e da maior parte das autarquias.
No que concerne a Tomar, há uma dívida à volta dos 40 milhões de euros e um mastodonte burocrático que trabalha mal, trata mal os munícipes, nem sempre obedece aos eleitos e custa anualmente bastante mais do que as receitas que aufere. O que nos arrastou para a situação em que estamos: uma cidade outrora florescente, bela e orgulhosa, mas agora escalavrada, suja e a definhar. Donde as cautelas dos partidos e outras formações políticas. Terão percebido (finalmente?) que com rebéubéu de circunstância e paninhos quentes não saímos da cepa torta. O que os leva a frequentar cafés, tertúlias, outras reuniões e congressos, em busca da esmeralda perdida: uma ideia global que permita resolver um rol de problemas, daqueles de assustar o mais calmo dos cidadãos: Pagamento da dívida, problema do mercado, desmantelamento do acampamento cigano, Elefante Branco da Levada, Bairro 1º de Maio, Bairro Sra. dos Anjos, drástica redução de funcionários, começando pelos dirigentes, Gestão do Complexo Castelo/Convento/Pegões/Mata, limpeza e requalificação de todo o troço urbano do Nabão, questão do hospital, decadência do Politécnico...
Perante tal filme de terror, compreende-se que qualquer pretendente a candidato coce várias vezes a cabeça antes de avançar. Sobretudo se for jovem, pretender fazer carreira e não tenha ideias precisas sobre que fazer, como fazer, com quem fazer, onde fazer e para quê fazer. É a vida, diria o Guterres, que enquanto governante revelou um apurado sentido de oportunidade. Que pena que os políticos locais o não tenham herdado!
1 comentário:
DE: Cantoneiro da Borda da Estrada
Na generalidade, concordo com este post do Dr. Rebelo.
E deu um bom exemplo: Guterres. Perante uma situação pastosa, by by. A palavra ao povo, à democracia.
É preciso muito realismo e respeito pelas pessoas quando se está nesta fase de escolhas.
É preciso ouvir o exterior.
Muitas reuniões com pessoas fora dos partidos, muitas reuniões em espaços públicos abertos a toda a gente.
O PS tem quase a obrigação de ganhar as próximas eleições em Tomar, mas não deve fiar-se em suposta "boa" conjuntura. As pessoas candidatas são muito importantes e a partir de agora vão ser olhadas à lupa.
É natural que no PS haja muita gente a pensar que isto agora são favas contadas e se comece a chegar para a frente... cheios de afigurações, julgando que são muito admiradas... O povo português é muito manhoso, tem muita ciência, sabe mais que o mestre da música.
O sistema partidário português e a própria democracia joga-se em próximos actos eleitorais.
Se os mandatados não estiverem à altura, vão bater-lhes na rua onde os encontrarem.
Cuidado com os carapaus de corrida.
Se eu fosse chamado a dar um conselho, apostaria num jovem. Sinceramente! Entre os 30 e 40 anos.
Olhem a banhada que aquele rapaz deu nos Açores!!! Uma rasia.
O tempo de fazer urinóis públicos e rotundas....
Um Jovem! Um Jovem é que é! Bem acompanhado.
Se for um Jovem vou dar uma ajuda. Encarrego-me de bater às portas das pessoas para apresentar o futuro presidente da câmara de Tomar. Tenho nisso uma experiência do caraças!
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