sábado, 16 de maio de 2009

INFORMAR ESCLARECENDO E INSTRUINDO

No século passado, Sartre e Simone de Beauvoir, dois monstros sagrados da literatura universal, liam regularmente LE MONDE.

Índios brasileiros da Amazónia lêem LE MONDE. A fotografia é de 2003

Nicolas Sarkozy, o actual presidente francês, parece divertir-se com o LE MONDE


Nota prévia: O texto seguinte é o Editorial do número 20 mil do conceituado jornal francês LE MONDE, uma das melhores referências do jornalismo mundial, assinado pelo seu director Eric Fottorino. A leitura poderá revelar-se algo complicada, pelo que se julga útil esclarecer que apenas se destina a um pequeno grupo de leitores -aqueles que sabem ler, gostam e apreciam bons nacos de prosa, bem como um ou outro jornalista realmente interessado em saber como se trabalha num períodico mítico, que é simultaneamente um jornal, um estilo, uma paixão, uma escola e uma instituição tutelar da democracia francesa e europeia.


"O que há de comum entre a folha recto-verso publicada em 18 de Dezembro de 1944, encimada pelo título gótico LE MONDE e o jornal que tem agora nas suas mãos, com o número vinte mil? Mais do que possa parecer à primeira vista. O logótipo, claro, o sinal distintivo que deu durante muito tempo ao LE MONDE a fachada austera, ainda mais acentuada pela ausência total de fotografias ou desenhos. Não era o seu fundador, Hubert Beuve-Méry, que afirmava que o jornal devia custar a cada um o preço de compra mais o esforço para o ler?
A visão dos antecessores foi em suma bastante constante ao longo dos decénios: fornecer a melhor informação possível, a mais fiel e a mais fiável. Acrescentar contexto ao texto, o que significa adicionar um olhar atento, profundo e pertinente, dando um sentido ao aparente caos das coisas, para além da espuma dos dias. Seleccionar, avaliar, optar, descascar, esclarecer, ouvir, rectificar, estas palavras-chave do jornalismo que levam a exigência à incandescência, como uma linha luminosa. Entrevistas, perfis, grandes reportagens, debates por vezes apaixonados sobre os grandes movimentos políticos e societais do planeta, desde há sessenta e cinco anos, eis em resumo, numa pitada de palavras, uma aventura humana cujo rasto se mede através das sucessivas gerações de leitores, que foram não só informados mas igualmente formados pelo nosso jornal.
Para festejar este instante, oferecemos, num segundo caderno, vinte grandes primeiras páginas que compõem um relato do mundo e do LE MONDE. A morte de Hitler, a fundação do Estado de Israel, os primeiros passos do homem na Lua e a aventura espacial chinesa, os atentados do 11 de Setembro de 2001 e a crise financeira de Setembro de 2008, acontecimentos encadeados para compor um trecho fda nossa história comum. A contecimentos, entre tantos outros, que nos orgulhamos de ter publicado. Porém, como é bem sabido, as nossas mais belas páginas são as que ainda estão por escrever. Já a partir do número vinte mil e um. E. F. (Tradução A.R.)

Sem comentários: