MODERADOR DE BLOGUE: UM EMPREGO COM FUTURO
Nota prévia: Segue-se a tradução e adaptação de uma local do diário francês Le Monde sobre blogues e liberdade de expressão. Teríamos preferido publicar material de origem portuguesa sobre este tema, mas tal não foi possível, o que lamentamos. TaD
O velhinho "Correio dos leitores" é agora muito mais colorido e variado. Doravante, qualquer pessoa pode opinar em tempo real, nos diversos sites de actualidades. Ou criticar, completar, entusiasmar-se. E são cada vez mais numerosos os que o fazem. LeMonde.fr recebe três mil mensagens por dia. LeFigaro.fr vários milhares também. Pode-se dizer tudo nos blogues? Não. É indispensável filtrar palavras que vão jorrando, quase sempre incomodativas? Também não.
O normal nos media em linha é a interactividade. Indecisos entre os dois limites acima, os sites de actualidades esforçam-se no sentido de determinar aquilo que não é aceitável -racismo, insultos, calúnias, palavrões, pornografia, atentado à privacidade... e aquilo que, pelo contrário, é aceitável e até desejável. Nasceu assim uma profissão, um emprego com futuro: Moderador de site ou de blogue. Aquele que, quando necessário, sabe dizer não! e com um clique censura o comentário. No LeMonde.fr são quatro, sob a direcção de um jornalista veterano do jornal, Michel Tatu.
O nosso colega LeFigaro.fr confiou a polícia do seu blogue a uma sociedade especializada, Concileo, que tem igualmente como clientes Liberation.fr e 20Minutes.fr. No Rue 89.fr contam sobretudo com a vigilância dos participantes. Estes, quando encontram uma mensagem de teor duvidoso, podem avisar os jornalistas do site, clicando em "Alertar". O mesmio acontece em AgoraVox.fr, uma plataforma cidadã exclusivamente baseada nos contributos dos internautas. Trata-se, por conseguinte, de uma vigilância exercida com maior ou menor rigor, consoante os sites. Mas todos removem os comentários que não respeitem a lei. Quanto ao resto, cada um tem a sua própria política editorial.
Concileo, por exemplo, trabalha sempre de acordo com os critérios impostos por cada cliente. David Corchia, o seu director, explicou-nos que LCI.fr não tolera mensagens demasiado agrestes que, em contrapartida, Liberation.fr aceita com normalidade. Acrescentou que TF1 [principal canal de tv privada, antigo canal 1 da televisão pública, entretanto privatizado], aceita muito mal as críticas. Para cumprir as suas ordens, foi forçado a mandar remover dezenas de reacções protestando contra o despedimento de um quadro do polo de Web de La Une. De acordo, porém, com a generalidade dos vigias da Net, estes casos de evidente censura são raros. ... ... ... ...
Onde colocar o cursor? Os internautas reivindicam uma salutar liberdade de expressão e de tom. Embora encorajando-os nessa nessa via, os sites dispõem de um arsenal completo para afastar os vândalos, que na verdade são pouco numerosos. Primeira precaução, nem todos podem reagir a um texto, ou participar num forum. Primeiro é necessário abrir uma conta, identificar-se. Rapidamente reconhecidos, os vândalos habituais são convidados a moderar o tom e o teor das mensagens, sob pena de exclusão temporária, ou mesmo definitiva. Até chega a acontecer que, quando a actualidade é demasiado quente, os moderadores, incapazes de tudo vigiarem, bloqueiam o acesso a determinados temas. Concileo admitiu-nos já assim ter procedido, aquando da guerra em Gaza, que suscitava demasiados textos antisemitas.
Tradução e adaptação de A.R.
Este texto é dedicado a todos aqueles que se queixam de que há censura aqui em Tomar a dianteira. Conforme acabaram de ler, estamos muito bem acompanhados.
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