segunda-feira, 25 de maio de 2009

OCUPAÇÃO HOTELEIRA DE MONUMENTOS


O jornal PÚBLICO inseriu na sua edição de ontem, sob o ante-título "Polémica - Transformação de património público em espaços de turismo", um trabalho de duas páginas, assinado Alexandra Prado Coelho. Na página da esquerda, o título é interrogativo: "Há vida para lá dos hotéis de charme ou de luxo?" Segue-se um cabeçalho esclarecedor: "A transformação de monumentos e palacetes em hotéis de charme ou de luxo não é uma novidade. Mas ultimamente algumas propostas originaram polémicas".
Na página da direita, o ordenamento é diferente, com ante-título ("Walter Rossa, especialista em história da arquitectura") e título "Um hotel junto ao Convento de Cristo é "absolutamente inaceitável". Segue-se a peça que passamos a transcrever parcialmente, na parte que aborda a situação tomarense, com a devida vénia à autora e ao PÚBLICO.

"Criar hotéis mesmo que em áreas devolutas anexas ao Convento de Cristo, em Tomar, ou ao Mosteiro de Alcobaça, ambos monumentos classificados pela UNESCO como "Património da Humanidade" "é absolutamente inaceitável", indigna-se o arquitecto Walter Rossa, especialista em história da arquitectura e urbanismo. "Há edifícios que são símbolos nacionais e que o Estado tem que manter como símbolo. Imagine que um grupo rock queria comprar os direitos sobre o hino nacional para fazer uma versão diferente e rentabilizá-lo. Não vamos rentabilizar o hino nem a bandeira, tambédm não vamos rentabilizar o Convento de Cristo."
Elíseo Summavielle, director do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) descreve o antigo hospital militar junto ao Convento de Cristo e o asilo ligado ao Mosteiro de Alcobaça como "espaços expectantes e não abertos ao público por não terem interesse arquitectónico que justifique a visita." Além disso, lembra, "já sofreram alterações à traça original". Porque é absolutamente necessária a preservação dos edifícios, "está a ser estudada uma reutilização, e a hotelaria é uma das várias hipóteses". Mas sublinha: "Um monumento nacional não pode nunca ser alienado, pode apenas ser concessionado." E cita bons exemplos (embora não sejam Património da Humanidade) como o Hotel do Bussaco ou o Tivoli Palácio de Seteais, que acaba de ser inteiramente restaurado pela cadeia que o explora.
Tomar e Alcobaça são dois casos diferentes, na perspectiva de Paulo Pereira, antigo vice-director do IPPAR (Instituto do Património Arquitectónico). No caso de Alcobaça, o antigo asilo é um espaço que "tem possibilidades de ser reutilizado e adaptado a diversas funções," embora "seja excessivamente grande para ser musealizável".
Já no caso do antigo hospital militar anexo ao Convento de Cristo, Paulo Pereira discorda absolutamente da sua reutilização. "Não tem condições. Teria que ser muito adaptado. A haver reutilização, devia ser apenas para áreas de serviço de apoio à vida do monumento."
A partir daqui a peça continua, mas já sem grande interesse para Tomar, pois aborda os casos do Tribunal da Boa Hora e da antiga sede da PIDE, na Rua António Maria Cardoso.

O comentário de Tomar a dianteira

Há no fragmento da peça que reproduzimos acima aspectos que, no nosso entendimento, seria pecado não realçar. O primeiro é, obviamente, a lamentável situação em que nos coloca, a nós tomarenses e aos alcobacenses. Não somos vistos nem achados no assunto. Distintos cavalheiros, lá longe, opinam em tom definitivo, mas ninguém cuida de saber as opiniões dos moradores, cidadãos com direitos porque pagadores de impostos. Aparentemente somos considerados, por essas sumidades, como uns bandos de gente ignara e geralmente taralhoca, incapaz de entender minimamente estas complexas questões do património. Uma espécie de indígenas atrasados, habitantes de colónias relutantemente administradas por Lisboa e pelos seus quadros esclarecidos.
Acontece, todavia, que estão redondamente enganados. Ambos os conjuntos em questão -Tomar e Alcobaça- foram criados e desenvolvidos por instituições locais, profundamente enraizadas, às quais, em ocasiões e de modos diferentes, a Coroa (hoje diríamos o Estado) deitou a mão, por pura ganância e sede de poder. Convém nunca esquecer este aspecto, que é fulcral para o cabal entendimento de toda a problemática, tanto histórica com actual.
Depois há a questão do real conhecimento dos monumentos mencionados. O próprio título da peça (Um hotel junto ao Convento de Cristo é "absolutamente inaceitável) só pode provocar sorrisos amarelos em todas aqueles, e são muitos, que conhecem bem a Casa Grande da Ordem.
Finalmente, para não alongar demasiado, que não por falta de argumentos, cabe lamentar as infelizes declarações do responsável máximo do IGESPAR. Afirmar que o antigo hospital militar, junto ao Convento de Cristo, não está aberto ao público "por não ter interesse arquitectónico que justifique a visita", constitui simultaneamente um insulto aos tomarenses e uma triste ignorância da realidade. Insulto aos tomarenses, porque é deles o monumento, porque ninguém cuida de saber a sua opinião. Triste ignorância da realidade, porquanto a magnífica Sala dos Cavaleiros, com tecto em madeira policromada do século XVII, é a melhor, ou pelo menos das melhores do País, pelo que sustentar que não tem interesse arquitectónico é pura miopia etnocêntrica. Triste ignorância da realidade, enfim porque o ex-hospital militar foi sempre, desde a sua construção, a enfermaria do Convento, do qual é parte integrante. Não está junto ao Convento de Cristo. É o Convento de Cristo.
Resta agora aguardar que a autarquia se encha de coragem e, através do executivo ou da Assembleia Municipal, ou de ambos, proteste contra semelhantes atentados ao bom senso por parte do dirigente máximo de um organismo do Estado.

(Os negritos são de Tomar a dianteira)

16 comentários:

Eurico Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eurico Ribeiro disse...

Para além do exposto e ao qual sobrescrevo na integra, importa denunciar o perigo eminente que correm dois dos maiores símbolos da Portugalidade e da Lusofonia quer ao nível da espiritualidade, quer ao nível da nossa missão do advento do Espírito Santo, a transformação do Mosteiro de Alcobaça e o Convento de Tomar em dois equipamentos de hotelaria de luxo!
Dois centros espirituais onde se cultivava o desapego aos valores deste mundo serem convertidos em antros de materialismo é condenar à morte estes dois espaços sagrados, onde ainda moram os arquétipos e arcanos do nosso passado e da nossa missão incompleta.
Se os querem rentabilizar, porque os não transformam em dois museus internacionais, um da Ordem de Cister (já que este é o único e o mais antigo convento que escapou - até agora - à voracidade da matéria) e o outro da Ordem de Cristo? Não seriam rentáveis desse modo? Ou com espectáculos de musica clássica? Porquê não se ouvem os locais, muitos deles descendentes ou familiares dos próprios "donos" daqueles espaços, a melhor forma de os utilizar?
Por estas e outras situações é que urge avançar com a regionalização...

Isolá-los do publico em geral em favor de um punhado de ricos que não são dignos de "tocarem" naqueles espaços é no mínimo um ultraje e um sacrilégio!!

Temos que nos opor a tal desonra e profanação do nosso passado e do nosso futuro, já que quem o planeou o fez de forma cirúrgica e com conhecimentos muito profundos, porque escolheu exactamente os locais que de facto têm o maior poder simbólico e espiritual não só no nosso pais como no espaço da Lusofonia.

Fiz notar esta preocupação junto do MIL - http://novaaguia.blogspot.com/

Rapace Paciente disse...

Aguardamos sempre a oportunidade.

Anónimo disse...

Contra a barbárie, lutar, lutar!
Deslocalizemos o Convento de Cristo!
Tomarenses, todos juntos somos muitos. Cada um pega numa pedra e esconde-a em casa!
O Convento é nosso e de mais niguém!!!

TRÓLARÓ DE RILHAFOLES

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Sebastião Barros disse...

Os dois comentários anteriores foram removidos porque, estando embora isentos de palavrões, não tinham qualquer relação com hotéis, monumentos ou turistas, tema em debate neste sector, conforme se pode verificar no título inicial.
Aproveita-se para solicitar aos nossos leitores o favor de não fulanizarem sistematicamente os seus textos. Num dos dois agora removidos, confundia-se eventual inabilidade para leccionar com eventual má qualidade para governar. São coisas distintas. Pode-se ser muito bom numa e péssimo na outra. E vice-versa. Isto partindo do princípio que aquilo que foi escrito não era simplesmente despeito, inveja, calúnia, canhestra tentativa de intoxicação da opinião pública, medo mal disfarçado...

Anónimo disse...

Para os interessados nestas coisas de ele é assim, ele é assado, ele já foi fritos e cozidos, esclarece-se que as duas mensagens removidas podem ser lidas em www.otemplario.blogspot.com. Bom proveito e boa digestão.

Anónimo disse...

«Não somos vistos nem achados no assunto.»

Temos que o ser e a propósito leia-se o texto em: https://www.blogger.com/comment.g?blogID=6868319582683718777&postID=2279448313331893320

Julião Petrúchio :-)

Anónimo disse...

Caríssimo Julião.

O endereço que publicita está errado.

Devia usar um hyperlink.

A vantagem de estar errado é que nos evita, apesar da curiosidade, a leitura de um texto que não vem adiantar nada.

Anónimo disse...

Caríssimo Julião.

«O endereço que publicita está errado.

Devia usar um hyperlink.

A vantagem de estar errado é que nos evita, apesar da curiosidade, a leitura de um texto que não vem adiantar nada.»

O senhor sabe muito bem porque não posso e nem devo lincar o endereço, não sabe?
Adiante: o texto não adianta nada ao senhor? Então rogo-lhe que não escreva por todos, certo?
O link está correcto apenas a ignorância de quem diz que o mesmo está errado prova que não sabe manusear com arte e engenho o computador, ou não será?
Bem eu explico: para aceder ao texto copia-se o link (usar o rato) e depois cola-se na barra de endereços do IE ou do Mozzila e faz-se Enter. Asseguro que a migração para o meu texto será rápida, segura e certeira. Só não consegue quem for burro.

Julião Petrúchio!

Anónimo disse...

Caríssimo Julião.

«O endereço que publicita está errado.

Devia usar um hyperlink.

A vantagem de estar errado é que nos evita, apesar da curiosidade, a leitura de um texto que não vem adiantar nada.»

O senhor sabe muito bem porque não posso e nem devo lincar o endereço, não sabe?
Adiante: o texto não adianta nada ao senhor? Então rogo-lhe que não escreva por todos, certo?
O link está correcto apenas a ignorância de quem diz que o mesmo está errado prova que não sabe manusear com arte e engenho o computador, ou não será?
Bem eu explico: para aceder ao texto copia-se o link (usar o rato) e depois cola-se na barra de endereços do IE ou do Mozzila e faz-se Enter. Asseguro que a migração para o meu texto será rápida, segura e certeira. Só não consegue quem for burro.

Julião Petrúchio :-)

Anónimo disse...

«Caríssimo Julião.
O endereço que publicita está errado.
Devia usar um hyperlink.
A vantagem de estar errado é que nos evita, apesar da curiosidade, a leitura de um texto que não vem adiantar nada.»

O senhor sabe muito bem porque não posso e nem devo lincar o endereço, não sabe?
Adiante: o texto não adianta nada ao senhor? Então rogo-lhe que não escreva por todos, certo?
O link está correcto apenas a ignorância de quem diz que o mesmo está errado prova que não sabe manusear com arte e engenho o computador, ou não será?
Bem eu explico: para aceder ao texto copia-se o link (usar o rato) e depois cola-se na barra de endereços do IE ou do Mozzila e faz-se Enter. Asseguro que a migração para o meu texto será rápida, segura e certeira. Só não consegue quem for burro.

Julião Petrúchio :-)

Anónimo disse...

Ó Julião quem é que será o burro ?

Anónimo disse...

Em Tomar é só cólidade!!!