Não há alternativa, Bertrand Rothé e Gérard Mordillat, Editorial Nova Vega, Lisboa 2011, 150 páginas, 15 euros
Pelo que tenho ouvido, há cada vez mais cidadãos preocupados com a crise que nos assola. Não só devido à sua inesperada duração, mas sobretudo porque não conseguem entender o que se passa. Para todos os que queiram mesmo informar-se e ficar a saber como tudo começou e onde estamos neste momento, este livrinho será muito útil. Escrito a duas mãos por autores de esquerda, quando se chega por volta da página 80 até já se sabe em que partido estarão eventualmente filiados.
Num estilo simples e muito pedagógico, explicam e documentam tudo tim-tim por tim-tim, desde antes da crise dos subprimes. Eis dois excertos: "Tal como aconteceu nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, a desforra serviu de motor a esta transformação. Salvo que -especificidade francesa- essa desforra foi antes de mais intelectual e política, e só depois se tornou económica e social. Foi posta em prática pela segunda esquerda, que daria origem ao social-liberalismo... ... Nunca mais nenhum partido de governo, com excepção do partido comunista, proporá doravante uma qualquer alternativa ao capitalismo. (Página 44)
...Caiu o Muro de Berlim. O bloco de Leste implodiu. O estado de degradação da economia soviética é visto como a prova patente de que apenas o mercado pode gerar, de forma racional, os recursos de que a população necessita, e de que a concorrência é o verdadeiro motor da economia. A partir dessa altura, quem quer que ponha reservas ao mercado ouvirá como resposta: "Mas o que é que vocês querem? O regresso ao comunismo?"
Good bye Lenine! Não há alternativa: o mercado é o único motor da história e do progresso." (Página 60)
Chegado aqui, o leitor que é da esquerda dura e que ainda não perdeu a esperança, perguntará com alguma angústia mal disfarçada: Há ou não há alternativa a isto?
Os autores fornecem duas respostas, uma ambígua outra bem clara, mas ambas alheias: 1 - "Se, para muitos, a glória for a principal finalidade da vida, o Estado pode considerar-se feliz e prosperar; se a maioria, contudo, desejar a riqueza, o Estado definhará." Saint-Just -Fragments sur les Institutions Républicaines, página 70
2 - "Quando o governo viola os direitos do povo, a insurreição é, para o povo e para cada segmento do povo, o mais sagrado dos direitos e o mais indispensável do deveres." (Artigo 35º da Declaração dos direitos do homem e do cidadão, de 1793)
Não precisamos de ir mais longe procurar a alternativa" (Página 148)
Boa leitura! Sem nunca perder de vista que somos tidos por um país de brandos costumes... Felizmente!
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