Presunção e água benta...
Do alto dos seus pedestais de eleitos do povo, algumas luminárias locais que nos trouxeram para o charco político em que estamos, ou contribuíram para que isso acontecesse com o seu imobilismo, não terão gostado do texto "Que lindo funeral", de ontem, e vá de atacar. Na sua abalizada opinião "o gajo do Tomar a dianteira não percebe nada de economia." O que até é verdade, em certo sentido. Realmente não percebo nada da actual economia municipal, dos seus objectivos ou dos seus fundamentos. Mas tenho umas luzes de economia política, certificadas por uma universidade que não é propriamente de vão de escada, nem fornece diplomas aos domingos.
Para os que a nivel exclusivamente concelhio ainda insistem em sonhar com o retorno das farturas e das vacas gordas, agora pudicamente renomeadas "estímulos ao crescimento" por alguns arautos de novas alvoradas gloriosas, dinamizadas por políticas neo-keneysianas, eis uma infografia útil:
Le Monde, 11/05/2012, página 3
Segundo as previsões do EUROSTAT, no final deste ano continuaremos a integrar, conjuntamente com a Grécia, a Itália e a Irlanda, o grupo dos desgraçados, cuja dívida pública ultrapassa 100% do PIB. Mesmo assim, ainda acham que o governo e/ou as autarquias têm margem para estimular a economia? Com que fundos? Mediante ainda maior agravamento da dívida? Para depois pagar como?
O italiano Alberto Alesina, professor de Economia em Harvard, conselheiro do presidente do BCE e próximo de Olivier Blanchard, o economista-chefe do FMI, entrevistado pelo Dinheiro Vivo - Diário de Notícias, foi bastante claro: "Portugal entrou na crise financeira em má forma e teve de começar um ajustamento orçamental muito agressivo. Com o aumento de impostos, a correcção do défice e os problemas da zona euro, é natural que tenha entrado em recessão. As experiências do passado dizem-nos contudo que os ajustamentos do lado da despesa são mais eficazes do que os que são feitos através de mais receita. Mas o problema é maior: a Europa tem de perceber que tem um problema com o seu Estado Social, que não é sustentável...
É preciso abrir caminho a um corte progressivo na despesa... para que seja possível baixar a carga fiscal. Depois é preciso liberalizar o mercado e implementar reformas que estimulem o crescimento..."
Posição semelhante tem o economista francês Le Houérou, do Banco Mundial, citado por Martim Avillez Figueiredo, no Expresso de hoje: "dinamizar o mercado interno pela oferta, usar dívida pública apenas para investimentos reprodutivos, criar um enquadramento legal e fiscal que dinamize novas empresas, facilitando igualmente a sua morte rápida, quando seja o caso, bem como dando maior mobilidade e flexibilidade ao mercado laboral". O que leva Avillez Figueiredo a concluir que "Hollande não é uma solução de crescimento: é uma miragem. A Europa precisa de um caminho de crescimento, e ele está descrito. O que lhe falta é um político que o lidere."
Exactamente como em Tomar. Ele há cada coincidência!!!
Sem comentários:
Enviar um comentário