Na reunião de ontem do executivo municipal o vereador Luís Ferreira manifestou a sua preocupação perante o evidente agravamento da situação financeira do município. Segundo refere no seu blogue, questionou o presidente Carrão, procurando saber se e quando tencionam os social-democratas solicitar assistência financeira, posto que a situação é cada vez mais crítica, a tal ponto que a autarquia nabantina já preenche todos os tristes requisitos para obter a citada ajuda. A resposta do presidente foi no sentido de que não tenciona recorrer a esse dispositivo legal, acrescenta o vereador socialista, que aproveita para enfatizar a gravidade da situação, bem como os sucessivos erros cometidos desde que há 15 anos o agora líder municipal tomou conta das finanças do município tomarense.
Impossibilitado de conhecer todos os detalhes desta questão, um vez que não assisti à reunião, partilho das preocupações de Luís Ferreira no que concerne às contas municipais, assunto para o qual venho alertando nestas páginas desde há muito. Creio até que o verdadeiro cerne da questão nem sequer terá sido abordado. Pelos laranjas porque tal não seria conveniente; pelos rosas porque a sua posição ideológica tal não permite.
Refiro-me à autêntica camisa de onze varas em que a actual gerência enfiou o município. Com ou sem pedido de assistência, é fora de dúvidas que mais tarde ou mais cedo, com mais ou menos prazos, a câmara terá não só de equilibrar as suas contas, como também de liquidar dívidas monumentais. Caso o venha a tentar com recurso ao crédito bancário, arcará além disso com juros pouco ou nada confortáveis. Sabendo que até agora, apesar de anos sucessivos de vacas gordas, nunca o município conseguiu sequer viver só com os seus recursos normais, tendo sido sistematicamente forçado a recorrer a empréstimos bancários e às dívidas prolongadas a fornecedores, como irá doravante conseguir honrar todos os seus compromissos a tempo e a horas, com os vários indicadores de receitas em forte queda? Quem nunca conseguiu contentar-se só com os seus recursos, vai daqui para o futuro poupar o suficiente para equilibrar o orçamento e pagar aos credores e à banca? Não se vê como. Fustigados por uma burocracia assustadora e tentacular, causticados por impostos e taxas municipais cada vez mais gravosos, constatando que por estas bandas só a comunidade cigana do Flecheiro é que vai crescendo, comerciantes, industriais e outros investidores, ou já fugiram para paragens mais clementes, ou não tardarão a fazê-lo. Menos população = menos impostos e menos taxas = menores transferências para a autarquia = menores recursos. Neste quadro sombrio, com as despesas a crescer e tendo recusado obstinadamente a ideia de eleições intercalares, como tenciona a actual maioria relativa manter-se a flutuar até às próximas autárquicas?
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