Quem é que disse que há crise em Tomar? Folheando a imprensa da zona não se encontra qualquer indício de que exista semelhante coisa por estas bandas. Desemprego, insolvências, dramas humanos, património em degradação, tudo temas que a informação local não abarca. Resta apurar porquê, tarefa que se deixa ao cuidado de quem queira ter a amabilidade de investigar o caso. Para já, certo certo é que, como habitualmente, nenhum dos três periódicos em questão toma posição seja sobre que assunto for. Confirma-se assim o velho paradoxo de acordo com o qual a liberdade de informação só se gasta quando não se usa. E em Tomar está por isso cada vez mais gasta.
Começando pelo TEMPLÁRIO, os assuntos importantes, com direito a primeira página, são o assassinato de há duas semanas, as senhoras nabantinas burladas por um galã insinuante e intrujão, os animais nasciturnos atirados para o lixo, mais um assalto a uma carrinha de distribuição de tabaco, um idoso salvo no Rio Nabão e o União de Tomar que garante a permanência na principal divisão distrital. De política nem sequer um leve aroma...
No CIDADE DE TOMAR, agora com Manuel Subtil como chefe de redacção interino, vem mais uma série de palpitantes temas. Presidente da câmara reúne com homólogos das freguesias, apesar da chuva e da crise venderam-se 1984 entradas para o Congresso da Sopa, autocarro não entra para os Carvalheiros no cruzamento da Cave da Irene, Tomar merecia mais dos seus representantes políticos, dia distrital do bombeiro e lançamento do Festival Bons Sons.
Quanto ao MIRANTE, noticia a abertura do IC9 que "liga Tomar à Nazaré sem portagens" e as contas do CIRE que "revelam um buraco de mais de duzentos mil euros". Além das "Tigelas para todos os gostos no Congresso da Sopa".
Numa terra assim retratada na sua comunicação social, está-se mesmo a ver que os seus habitantes só podem ser pessoas muito felizes, pois vivem por assim dizer num agradável casulo, que as abriga eficazmente dos dramas, conflitos, perigos e tentações do mundo moderno. Como dizia a mãe de Napoleão, "vamos a ver se será um situação para durar"...
1 comentário:
Oh professor, será porque a imprensa regional precisa de comer à mesa dos orçamentos municipais para sobreviver?
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