sábado, 27 de abril de 2013

Contradições socialistas e inevitáveis consequências

Numa cidade abandonada. Tomar, por exemplo...

Após alguns dias, o meu preclaro amigo e credenciado socialista local Hugo Cristóvão publicou no seu blogue a minha resposta a um escrito dele, bem assim a sua cautelosa contestação. Nesta, diz o eleito rosa, a dado passo: "Quer tudo isto dizer que não é preciso mexer nas instituições e na estrutura do Estado, readaptar serviços, repensar algumas funções, acabar com muitos desperdícios e terminar de vez com as impunidades de quem gere mal o que é dos outros? Claro que não, mas isso é outra conversa..."
Infelizmente, vergonhosamente, para expiação dos nossos piores pecados enquanto contribuintes, há mais de três décadas que "isso é outra conversa...". Atitude que já nos arrastou para o atoleiro onde estamos, sem saber como dele sair. Com uma agravante: sem nunca o admitirem explicitamente, por razões óbvias, os auto-designados fundadores do regime, não satisfeitos com o facto de terem fechado a sete chaves o sistema eleitoral, assim fazendo que praticamente fora dos partidos não há salvação, ainda têm a distinta lata, o descaramento e a pouca vergonha de se considerarem donos da República. Até o em tempos tolerante laico Mário Soares, do alto dos seus 80 e muitos, se recusou a estar presente na A.R., decerto por pensar que a actual maioria, sendo embora legal, não é legítima. Como se houvesse os votos de primeira categoria -os do PS + restante esquerda- e outros, que serão uma espécie de refugo.
Desta triste mentalidade resultam situações curiosas, que na Europa do norte seriam do domínio da comédia, mas como estamos no sul... Apenas um triste exemplo, de humor negro portanto:
A nível nacional, o líder socialista chamado Seguro, tal como o Isaltino também é Morais, apesar das suas lamentáveis posturas perante a justiça, de que já foi magistrado; o líder Seguro, dizia eu, tenta fazer dos pés e das mãos para fingir que quer derrubar um governo legal e legítimo, com maioria absoluta num parlamento livremente escolhido pelo povo português. Nesse sentido, para o PS, tudo quanto o governo tem feito, ou já anunciou que vai fazer, está errado. Apesar de reiterar que respeita o entendimento com a troika e de até agora não ter explicitado quaisquer medidas alternativas, limitando-se a insistir que "Há outro caminho". Qual, não se sabe. Nem ele especifica qual seja.
Enquanto isto, aqui em Tomar, uma minoria da mesma cor do governo, finge dirigir a autarquia há quase quatro anos, até agora sem a menor oposição eficaz da oposição maioritária PS + IpT. O que mostra a grande contradição socialista. Ao mesmo tempo que em Lisboa recusa o consenso com um governo maioritário, que está apenas a aplicar as medidas impopulares do entendimento com a troika, subscrito pelo anterior líder PS, aqui nas margens do Nabão nem sequer se revela capaz de chegar a consenso com os IpT para derrubar uma minoria PSD, liderada por alguém que nunca foi eleito para tal cargo, e que manifestamente apenas está para se governar e não fazer ondas. É assim que pretendem vir a vencer as autárquicas?
Acresce que a candidata PS, Anabela Freitas, escolhida nas condições de todos conhecidas, teve pelo menos uma oferta de colaboração desinteressada: Um projecto articulado, credível e realista e um cabeça de lista não carreirista, que caso vencesse com maioria absoluta cumpriria o mandato, com maioria relativa caberia ao PS decidir, e em caso de derrota renunciaria a tomar posse, deixando assim o caminho livre aos seguintes da lista, mas mantendo a sua colaboração, se julgada conveniente. Nunca teve sequer direito a uma resposta, mesmo negativa. Assim vão longe! É só esperar até Outubro.

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