terça-feira, 30 de abril de 2013

Informação e infografias

Quem de algum modo tem acesso à imprensa internacional não ignora que a sua congénere portuguesa não é propriamente uma maravilha. Pelas razões conhecidas, à cabeça das quais aparece sempre a falta de meios. Seja. Mas há meios e meios. Se é óbvio que o jornalismo de investigação é bastante oneroso e por isso dificilmente compatível com as fracas receitas da comunicação social portuguesa, casos há em que se trata apenas de falta habilidade e de hábitos de trabalho. Atente-se neste exemplo.
Na sequência das declarações de Guilherme Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas, sobre a elevada carga fiscal que atormenta os portugueses, o Correio da Manhã de hoje publicou esta infografia, na página 7:

EUROSTAT - CM

Dando de barato que todos os dados são homogéneos e comparáveis (o que não é evidente), a verdade é que qualquer leitor terá a maior dificuldade em concluir o que quer que seja por comparação, mesmo sabendo que a coluna da esquerda se refere ao IRS ou equivalente, e a da direita ao IRC ou equivalente. Contudo, trabalhando um pouco mais os dados facultados pelo EUROSTAT, a mesma infografia torna-se bastante mais explícita e por isso muito mais fácil de interpretar:

EUROSTAT - CM - Tomar a dianteira

Ligando entre si as duas posições de cada país, obtêm-se três grupos-tipo no contexto europeu: Um grupo verde, composto por dez países (Suécia, Dinamarca Holanda, Finlândia, Áustria, Eslovénia, Reino Unido, Irlanda, Chipre e Letónia), nos quais as taxas de IRC são muito inferiores às do IRS, tornando-se assim mais competitivos para o investimento gerador de postos de trabalho.
Um grupo vermelho, que integra doze países (Alemanha, Grécia, França, Luxemburgo, Itália, Malta, R. Checa, Estónia, Eslováquia, Hungria, Roménia e Lituânia), onde acontece o oposto. As taxas de IRC são no contexto europeu menos competitivas que as de IRS.
Finalmente um grupo azul com cinco países (Bélgica, Portugal, Espanha, Polónia e Bulgária), onde impera o equilíbrio posicional entre os dois tipos de imposto, mas que convém subdividir em 3 +1 + 1: Bélgica, Portugal e Espanha, por esta ordem, no topo da tabela; Polónia na 19ª posição e Bulgária como lanterna vermelha.
Estes são os factos. A intenção era demonstrar que, por por vezes, com um pouco mais de habilidade e trabalho, uma infografia pode tornar-me muito mais legível e portanto atractiva em vez de rebarbativa. A partir daqui, cabe a cada leitor sacar as suas próprias conclusões. 

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