segunda-feira, 15 de abril de 2013

Escândalos no turismo cultural - 3

Façamos com nas séries americanas: Antes do 25 de Abril havia no Convento de Cristo cinco funcionários, todos com a categoria de guardas e vencimento mensal da ordem dos cinco euros. Tinham apenas um dia de descanso semanal, que não podia ser ao domingo ou num feriado. As entradas no monumentos eram gratuitas, o horário alargado e todos os visitantes eram acompanhados.
E agora, quarenta anos volvidos, com o Convento já Património da Humanidade há 30 anos?


Como se pode ler, consultando a página oficial do IGESPAR, que ainda existe na Net apesar de o organismo já ter sido extinto, sob a chancela "Governo de Portugal - Secretário de Estado da Cultura", praticam-se algumas barbaridades, autênticos ultrajes à República e aos seus cidadãos. Eis uma selecção:

1 - Visitas guiadas só mediante marcação prévia e em grupos de 15/20 pessoas? Onde é que já se viu coisa semelhante? Para que servem afinal as 37 pessoas que lá estão colocadas?
2 - Visitas privadas num monumento do Estado, fora do horário de funcionamento, a 12 euros por cabeça + pagamento das horas extraordinárias aos funcionários? Com factura ou sem factura? Com IVA ou sem IVA? Os funcionários também liquidam depois o respectivo IRS? Ou é tudo "por baixo da mesa"?
3 - Visitas escolares com "marcação prévia em função da disponibilidade do serviço". Os funcionários estão lá a fazer o quê, durante o horário normal de abertura ao público?
4 - Encerrado em 1 de Janeiro, no Domingo de Páscoa, no 1º de Maio e no Dia de Natal? Então nesses dias não há visitantes, alguns vindos de centenas ou até de milhares de quilómetros? O Estado não é laico?
5 - O que pensa o Município sobre tudo isto e muito mais? O importante é não fazer ondas? E a oposição? A que se deve tanto silêncio?

Uma nota final, que mostra bem a pouca vergonha a que já se chegou naquele monumento. Os fotógrafos profissionais locais (que pagam as suas contribuições e impostos pontualmente) estão proibidos pela respectiva directora de trabalhar dentro do Convento e mesmo nos jardins da entrada. Como se aquilo fosse uma propriedade privada!
Por quanto tempo mais vai o governo consentir que se prolongue tão lamentável estado de coisas? É assim que pretendem incrementar o turismo cultural?

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