sexta-feira, 19 de abril de 2013

Especialistas em anti-jogo

Não sou grande apreciador de futebol, mas gosto de ver um bom jogo. Daqueles com grandes selecções e/ou grandes clubes. Contudo, como estamos num país de especialistas em futebolês, onde as televisões dedicam ao alegado desporto-rei pelo menos dez minutos em cada noticiário, quando não mesmo a abertura, há que adaptar-se.
Infelizmente para nós, espectadores, o nosso futebol não é bem bem o do Real, nem mesmo o da selecção alemã. A equipa de todos nós parece ter sempre como objectivo principal "segurar a bola", de forma a tentar evitar que o adversários a possam jogar. Somos por conseguinte, mesmo na maior parte dos clubes, especialistas de anti-jogo. Por isso, a maior parte das vezes, os resultados voam tão baixinho Provamos na prática aquele dito popular "Nem coiso nem saem de cima...", no caso, nem jogam nem deixam jogar.
Ponhamos os olhos na nossa peculiar e tristérrima estagnação política nabantina. Logo a seguir ao confronto de 2009, o então mentor do PSD local, em minoria relativa e por isso com medo de vir a ficar sem a posse de bola, coligou-se com a uma das duas equipas adversárias. A coisa durou mais ou menos dois anos. Após os quais, para surpresa dos menos atentos, o anti-jogo tem continuado nas calmas. Os laranjas continuam de posse da bola, mas não empreendem qualquer grande jogada, não só por medo de vir a perder o esférico, mas sobretudo por não saberem em que direcção, até onde e para quê avançar.
Têm sido bem sortudos, pois as duas equipas adversárias que poderiam -se associadas- roubar-lhes a redondinha, também nunca mostraram qualquer interesse em ir por aí. Foram fingindo que tentavam desarmar o adversário, mas era só teatro, como agora está bem à vista de todos. E a tragicomédia nabantina continua, custando-nos cada vez mais caro, em euros, em atrasos de toda a ordem e em oportunidades perdidas.
Vem aí mais um grande dérbi local -as autárquicas de Outubro. Alguns jogadores já andam em exercícios de aquecimento, os treinadores agem na sombra e fala-se em transferências surpreendentes. Como se nesta bendita terra gualdina ainda houvesse algo susceptível de surpreender os observadores mais atentos. Seja como for, um facto é incontroverso -quanto a objectivos, programas, projectos, tácticas e estratégias, até agora zero. Assim, em Outubro próximo, quem lá for meter o papel na urna, apesar de tanta desilusão, não vai escolher qualquer projecto de futuro, pois é coisa que não há. Apenas ajudará a determinar quem ficará com a posse da bola, eventualmente até 2017. É pouco e frustrante? Pois é, mas a vida por estas paragens sempre foi e continua a ser um constante recomeço. Pois se até o presidente Carrão declara que tenciona "continuar com o mesmo espírito de missão...cujo resultado global é positivo", está tudo dito. Ou não?!

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