quinta-feira, 11 de abril de 2013

Ambiente de desilusão e desesperança

 Jornal i, 10/04/213, página 32

O Templário, 11/04/2013, primeira página

O leitor lembra-se decerto: em entrevista, o presidente das Caldas da Rainha não foi nada meigo. Fez declarações do ...símbolo da sua cidade, bem conhecido de todos os coleccionadores de cerâmica. Conforme o excerto supra "...as câmaras andam a cobrar dinheiro a mais aos munícipes." Dito por um autarca do PSD, que já vai no sétimo mandato, é uma extraordinária pedrada no charco dos mamões do dinheiro dos contribuintes.
Para se ter uma ideia mais precisa da triste situação tomarense, cabe recordar que o mesmo autarca social-democrata afirmou, em entrevista anterior ao Jornal de Leiria, que governava o município caldense  com três chefes de divisão e nenhum director de departamento. Aqui pelas margens do Nabão havia 3 directores de departamento e 9 chefes de divisão, antes da recente reforma administrativa. Para quê?
Enquanto a autarquia caldense é considerada pelos investidores "acolhedora" e "facilitadora", a de Tomar é "complicadora" e "sugadora".
Dirão os instalados à mesa orçamental e os viciados no maná estatal -considerado inesgotável- que são apenas opiniões, sem qualquer influência na situação local. Será mesmo assim? Indo na Net a "legislativas 2011" e fazendo depois as contas, conclui-se que: A - Em 1999, Caldas tinha 38.753 eleitores inscritos e Tomar 39.671; B - Em 2011, Caldas aumentara para 44.514 e Tomar descera para 38.070; C - Temos assim que em 12 anos Caldas ganhou 5.661 eleitores, mas Tomar perdeu nesse mesmo lapso temporal 1.601. Porque terá sido? O clima é mais ameno junto à Lagoa de Óbidos? As pessoas gostam mais de cavacas que de fatias? Preferem a A8 paga ao IC9 gratuito?
Nesta envolvência agreste, a vereadora IpT Graça Costa, ex-PSD, expressa a sua desilusão e o desejo de, uma vez concluído o actual mandato, se afastar por enquanto da política local, numa interessante entrevista, publicada no Templário de hoje. Como eu a entendo! Quando por esse país fora digo que sou de Tomar e moro em Tomar, é geral a expressão de comiseração, como que a exclamar para dentro -"Coitado! Não tens mesmo sorte nenhuma!"
A tragédia tomarense tem remédio? Tem sim senhor; um remédio bastante doloroso. Os próximos autarcas vão remediar a coisa? Não senhor. De maneira nenhuma. Por falta de ideias, de humildade, de realismo, de experiência, de mundo e de coragem. Por excesso de ideologia, de cegueira e de gosma.
A esquerda toda, incluindo o PS, continua a insistir na velha música: o desenvolvimento económico só pode ser dinamizado pelo estado + sector público. O PSD, apesar de neoliberal, afina pelo mesmo diapasão. Quanto aos IpT e ao CDS, estariam mais abertos à mudança e à modernidade, não fora o caso de ambos os candidatos (Pedro Marques e Ivo Santos) já terem sido autarcas a tempo inteiro. E a mama do poder é como a cocaína. Quem prova, dificilmente larga. Veja-se o caso Carlos Carrão, e outros...
Temos assim que em Outubro próximo não vale a pena ir votar, porque não há escolha possível. Os candidatos não o admitem por razões óbvias, mas todos andam apenas a ver se  conseguem continuar a tomar parte no saque orçamental. Essa é que é essa!

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