quinta-feira, 25 de abril de 2013

Quarenta anos de Abril

Salgueiro Maia (copiado do blogue O Jumento)

Bem sei; por enquanto são só 39. Mas como as próximas autárquicas serão em 2017, salvo algum inopinado percalço, e tendo em conta que "candeia que vai à frente, alumia duas vezes", vamos a isto! Em jeito de balanço, impõe-se a pergunta sacramental: Estamos melhor ou pior que em 74?
Cada um fará o favor de responder a si próprio. Quanto a mim, estamos muito melhor. Tanto a nível individual como colectivamente. Contudo, a cidade vai de mal a pior e o concelho sofre por tabela. Culpa dos audazes e honestos capitães de Abril? Da democracia em que felizmente vivemos? Olhe que não! Olhe que não! Enquanto tomarenses residentes, somos apenas um bom exemplo da cantiga célebre de António Variações -"Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que  as paga, o corpo é que as paga!". Nem mais nem menos!
A esta distância, está fora de dúvidas que os operacionais de Abril agiram por dever de cidadania. Não para se amanharem, para governarem a vidinha, ou para melhorar os fins de mês. Salgueiro Maia, Ramalho Eanes, Melo Antunes, Marques Júnior, Vítor Alves, Costa Braz e tantos outros, aí estão ou estiveram para o demonstrar.
Infelizmente, tanto no país em geral como em Tomar, cedo apareceram as chamadas moscas do coche, os aproveitadores, os autoproclamados "políticos", em busca de melhores rendimentos mensais. Neste risonho rincão nabantino, temos de reconhecer que os resultados não têm sido nada brilhantes. Pelo contrário. No meu tosco entendimento, até agora os tomarenses elegeram muito poucos cidadãos, desses que assumem os seus deveres de cidadania, e demasiados aproveitadores. Procurando aleijar o menos possível, limito-me a assinalar quatro cidadãos impolutos, daqueles que nunca procuraram directa ou indirectamente ordenhar a teta política: Amândio Murta, Vasco Pena Monteiro, António Rosa Dias, Manuel Bento Baptista. E todos os outros?, questionará quem me lê. A maioria procurou governar a vidinha. Melhor ou pior, consoante o contexto e a teta disponível. Há até pelo menos um caso, bem conhecido, de quem vive exclusivamente da política local há 16 anos, infelizmente para todos nós com resultados desastrosos.
Esboçado a traços largos o passado e o presente, como vai ser em Outubro? A verdade, tal como eu a vejo, é a que segue.
Dos candidatos já anunciados, há apenas dois com alguma noção da realidade actual: Bruno Graça e Ivo Santos. Infelizmente para eles e para nós, nem um nem outro têm por assim dizer qualquer hipótese de vir a ser eleitos. Se graças a um improvável golpe de sorte conseguissem tal feito, conviria logo a seguir separá-los. Enquanto Bruno Graça concorre apenas por dever de cidadania e para contar espingardas, Ivo Santos é mais homem de negócios, com tudo o que isso implica. De resto, a eleição de ambos ou de qualquer um deles, nada mudaria no seio do executivo, como bem demonstrou em tempos o desempenho de António Rosa Dias como vereador.
Quanto aos outros candidatos, convém começar por destacar pela positiva João Simões -um verdadeiro gentleman na política local, que sempre tem agido por dever de cidadania- e Anabela Freitas, que ainda merece o benefício da dúvida, apesar de já ter cometido uma série de erros, entre os quais se destaca o seu apoio implícito às evidentes balelas de Seguro e do PS. Como se com uma dívida pública que já ultrapassa os 123% do PIB houvesse alguma política simultaneamente alternativa, sensata e realista, à que está a ser seguida pelo actual governo. Trata-se portanto e apenas de tentar intrujar os eleitores para conquistar votos, o que é inaceitável e perigoso em democracia, como bem mostra o triste espectáculo italiano.
Restam o PSD e os IpT, em relação aos quais seria supérfluo pôr mais na carta. Os eleitores tomarenses, não sendo propriamente grandes expoentes políticos, também não são inteiramente desprovidos de massa cinzenta. Assim sendo, pelo andar da carruagem já aprenderam a conhecer os passageiros, sabendo por isso muito bem o que a casa gasta. Tanto num caso como no outro.
De forma que, tem cada vez mais razão o Variações: "Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que as paga, o corpo é que as paga!" Com uma hilariante particularidade tomarense. Muitos eleitores dão caroladas na parede ao votar, mas depois andam por aí a queixar-se dos "galos". Como se a gente tivesse alguma culpa...

25 de Abril sempre! Com muita cidadania.

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