sexta-feira, 19 de abril de 2013

Formações de aviário

Le Monde, Universidades e Grandes Escolas, 18/04/2013, página 12

Os meus queridos conterrâneos são conhecidos em geral por serem teimosos que nem burros velhos. Alguns até conseguem ser as duas coisas -obstinados e jumentos. Julgando viver num casulo que idealizaram, detestam tudo o que não corresponda às suas peculiares preferências. Assim, quando ainda antes do 25 de Abril, concluídos os meus estudos universitários em Paris, fui dar aulas para Ourém, logo por ai se espalhou a ideia benemérita de que os meus diplomas, e tal...
No fundo, o que estava e continua em causa é o facto de eu não pensar como a generalidade dos tomarenses, e de não ter frequentado o prestigiado ensino superior português, sobretudo o Politécnico de Tomar, bem como uma enorme dor de cotovelo, por não terem conseguido, nem eles nem a sua descendência, seguir esse mesmo caminho. Vai daí, nada como uma caluniazita. Até o velho Estaline já ensinava: "Caluniai camaradas; caluniai, que sempre vai ficando alguma coisa." O resultado está à vista. Mesmo em Tomar, com gente tão inteligente, a política aparece cada vez mais como um misto de pocilga e de jardim infantil, afastando os mais capazes. O que não me surpreende nada.
A título de esclarecimento, a ilustração supra indica as 50 melhores licenciaturas francesas em economia. Todas em universidades, uma designação que naquele país é exclusiva dos estabelecimentos públicos. Aquela que frequentei - a Universidade de Paris VIII- está no ângulo central superior esquerdo. Por conseguinte no ensino profissionalizante, reflexivo e de abertura. O resto nem vale a pena traduzir, que o extraordinário entendimento nabantino já terá permitido perceber. E ver tudo, menos a carteira. Valha-nos isso!

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