segunda-feira, 22 de abril de 2013

Uma imbecilidade monumental


Todos conhecemos várias imbecilidades, tanto na cidade como no concelho. Mas a da Envolvente ao Convento de Cristo é de longe a maior delas todas. Até à data, que tendo em conta os candidatos já conhecidos, o futuro promete. Repare-se. Quanto a oportunidade e pertinência, vai contra a actual tendência europeia, que postula o afastamento do trânsito e do estacionamento de todos os monumentos e áreas históricas urbanas. Por questões de poluição, de protecção do património e de respeito pelos peões. Quanto a utilidade, como mostra a foto, tirada o mês passado, 50 lugares para ligeiros e 10 para autocarros, em três parques diferentes, é mais ou menos a mesma coisa que um estádio de 10 mil lugares, em três bancadas diferentes, para um Barcelona-Real Madrid, por exemplo.
Dirão alguns grunhos locais, sobretudo os alaranjados, que como os parques vão ser pagos, a afluência e a permanência serão mais limitadas. Admitamos. Mas então surgem dois outros problemas: Onde irão estacionar os que não couberem nos parques e os que não quiserem pagar? Qual o método de cobrança que está previsto? Um cobrador para cada parque? Parquímetros?
Por razões óbvias, esta última hipótese é a mais provável. Mas nesse caso, quem fiscaliza os que se baldam ao pagamento? E que fazer a quem estacione ao longo da estrada, ou nos terrenos anexos, como já se vê na foto, quando os meses de Verão ainda vêm longe? E quanto à segurança? Há a certeza de que os amigos do alheio não aproveitarão o carácter periférico da zona para, aproveitando a noite, embarcarem os parquímetros?
Além de toda esta problemática, a dita obra de mais de 2 milhões de euros já provocou os seguintes estragos: Destruição da anterior rede de saneamento, que ia do largo do turismo à Calçada dos Cavaleiros a qual tinha pouco mais de dois anos. Queda das velhas pinheiras da Cerrada dos Cães, com uma única excepção. Destruição de cerca de 20 metros quadrados do alambor templário, do século XII. Incómodos consideráveis a milhares de visitantes, particularmente a centenas de profissionais de turismo, que agora detestam vir a Tomar. Abate de algumas árvores. Perda de um sentido de trânsito para pesados, na Estrada do Convento.
Tudo isto apenas para construir umas instalações sanitárias acanhadas, uma cafetaria que apenas poderá ser rentável durante dois ou três meses e um posto de transformação para a EDP, em condições que terão de ser esclarecidas, uma vez que se trata de uma empreitada pública e de uma empresa agora privada.
Face a tanta asneira, julgo que ninguém sai ileso. A maioria relativa porque avançou com semelhante desconchavo, os técnicos porque não tiveram coragem para assinalar os erros crassos, a oposição maioritária, porque como habitualmente se ficou a dormir na forma, a população enfim porque não esteve para se maçar, protestando.
E não me venham outra vez com estafada desculpa de que digo mal de tudo. O que vocês queriam era que eu dissesse bem do que todos vemos que está mal. Não contem comigo para fazer da cara cu. Está mal, está mal! Punam-se os responsáveis!

Sem comentários: