sexta-feira, 5 de abril de 2013

Rir com riso amarelo

Com a devida vénia, transcrevo do portal da Rádio Hertz o seguinte excerto de diálogo, entre o vereador socialista Luís Ferreira e o presidente PSD Carlos Carrão, na reunião camarária de anteontem:
Luís Ferreira -"Volto a perguntar: Quando é que os new jerseys desaparecem definitivamente do Largo do Pelourinho? ...gostava de perceber se é por teimosia do senhor presidente ou do senhor director de departamento. Gostava de saber a qual dos dois tenho de chamar incompetente."
Carlos Carrão -"As deliberações da câmara são para cumprir em função das circunstâncias que o permitam. No caso dos new jerseys houve aprovação, mas está dependente da conclusão do projecto para valorização do Pelourinho, processo que até já deverá estar concluído. Não há aqui qualquer incumprimento, mas apenas um tempo necessário para resolver os problemas."
Anote-se, antes de mais, o evidente cosmopolitismo de ambos os intervenientes, bem patente no uso de uma expressão só para conhecedores refinados. Refiro-me aos "new jerseys" do Largo do Pelourinho, que vêm a ser aqueles separadores de betão armado, em forma de Y invertido. Conquanto por estas bandas fique sempre bem alardear competências que se não têm, se calhar os senhores eleitos não perderiam nada em limitar-se à línguagem chã. Assim com esse estilo, os eleitores menos versados em autarquês são levados a desinteressar-se da vida política local, por não perceberem grande parte do que se diz. Será essa a intenção subjacente? É que nem na Internet se encontra explicação para semelhante trambolho linguístico anglo-saxão, a não ser como topónimo do estado à ilharga de Nova Iorque.
O outro tópico contestável é o rol de evidências desfiadas por sistema pelo presidente Carrão. É claro que as decisões são sempre para cumprir só quando há condições. Mas se o diabo do projecto invocado já está concluído, então falta o quê? A sua candidatura? A aprovação desta? Abrir concurso? Adjudicar a obra? Aguardar ocasião eleitoralmente mais favorável?
Com tais considerações e outras do tipo "monumentos mais visitáveis" (seja lá isso o que for), resta-nos a nós, sacrificados contribuintes, ir aproveitando para rir baixinho, dado que o ridículo felizmente não mata; mas um riso dos mais amarelos. Assim tipo chinês. Pelo menos no que me concerne.
Cada vez estou mais de acordo com aquele presidente de junta que se interrogava: "Com chatices destas, cumé que querem questa merda progreda?" (transcrição fonética do vernáculo oral usado).

Sem comentários: