Colaboração CLIPNETO
Tanto os jornais locais como regionais continuam a acompanhar o evoluir da crise, com destaque para a IFM-Platex e para a João Salvador, e pouco mais. No Mirante, fica-se também a saber que o que ainda resta da antiga Messe dos Oficiais vai ser objecto de demolição urgente, por ameaçar ruína. Mais um exemplo da excelente administração pública que vamos tendo. No tempo das vacas gordas, determinou-se que as paredes exteriores deviam ser mantidas na prevista reconstrução. Gastaram-se milhares de euros em vigas metálicas e mão de obra especializada. Agora que se vai vivendo na penúria, pensa-se que o melhor é demolir e vender o terreno. O Mirante diz mesmo que aquilo é conhecido como Quartel de S. Francisco, que o Ministério da Defesa colocou na lista dos imóveis a alienar.
Na verdade, do antigo Quartel de S. Francisco, o qual não incluía a Messe, apenas pertencem actualmente àquele ministério as antigas cavalariças, as garagens, as arrecadações, o refeitório e os terrenos da encosta de Santa Bárbara. Tudo resto foi doado à Câmara no século passado, num dos mandatos de Amândio Murta. Este, por sua vez, apressou-se a vender à Ordem Terceira de S. Francisco, por 150 contos (750€), a igreja e o claustro do lado norte. Nunca se apurou se o então presidente em exercício tinha ou não poderes para alienar património doado, que fora nacionalizado em 1834, quando pertencia exactamente aos mesmos franciscanos. Também nunca ninguém apurou, que se saiba, quais os limites e designações oficiais daquilo que foi doado ao município. Tudo tarefas para quando houver uma vereação realmente empenhada na defesa do bem comum.
Nos jornais locais, destaque para dois temas que ainda vão dar muito que falar. No Cidade de Tomar lamenta-se que não seja possível a união de candidaturas da esquerda, única via para poderem conquistar a Câmara e iniciarem a resolução da actual crise. Avançam não ser ainda um dado adquirido a candidatura de Bruno Graça, como cabeça de lista da CDU, uma vez que sem a referida união, de pouco ou nada adianta participar nas eleições.
Sobre este tema, oportuno se torna referir o que tem acontecido e continua a acontecer em Itália, onde outrora existiu, sob a égide de Henrico Berlinguer, o mais forte Partido Comunista da Europa Ocidental, o qual entretanto desapareceu completamente da cena política transalpina. Actualmente a esquerda daquele país avança unida e com um slogan muito simples (ver acima).
Entretanto, no nosso país as coisas estão ainda muito mais atrasadas, basicamente devido ao facto de por estas paragens se avançar aos empurrões, de um para outro patamar, rumo ao futuro, enquanto na Europa Central e do Norte se avança de modo contínuo e em rampa. Por outro lado, enquanto na Europa Ocidental, o nosso problema continua a ser Hitler e respectivos discípulos, na Europa de Leste, o problema é Estaline e camaradas sucessores. Neste contexto, a actual crise, ao potenciar o voto de protesto, que em Portugal se concentra no PCP, na CDU e no BE, veio dar a estas formações a ilusão de que vêm aí auroras gloriosas. Donde a recusa de uniões locais ou a nível nacional e palavras de ordem do tipo "emprego com direitos", quando os desempregados até nem se importavam de arranjar trabalho mesmo sem regalias, ou "a todos o que é de todos", alusão apenas velada à renacionalização da EDP e da GALP, como se isso fosse possível no quadro da União Europeia ...
O outro tema é abordado num excelente texto com a firma de Luis Graça, o qual apenas peca por vocabulário demasiado requintado. O que se compreende, pois o estilo é o homem. Refere o articulista o recente protesto de dois cidadãos, numa sessão pública da autarquia, durante a qual criticaram asperamente, não só os erros cometidos na pavimentação do núcleo histórico, mas também e sobretudo as excessivas delongas e misteriosos silêncios da autarquia, bem como a impressão de que nem sempre são os autarcas que mandam. Luis Graça foca igualmente o habitual alheamento dos tomarenses em relação a estas e outras questões, que a todos dizem respeito, interrogando-se se será um caso de falta de organização ou de simples indiferença. Ou sinal dos tempos.
Na nossa modesta opinião, trata-se apenas de dois diferentes estilos de vida. Os que vivem directa ou indirectamente do Orçamento de Estado, calam-se e continuam a viver sem grandes sobressaltos. Os outros, fortemente atormentados pela crise ainda sem fim à vista, têm de fazer pela vida, "que ele não cai do céu". Foi o que terá levado a tanta indignação (inteiramente justa, diga-se em abono da verdade), da parte do Arq. Lebre. Em Portugal a conjuntura não é favorável à sinistra, mas é cada vez mais sinistra.
7 comentários:
"Donde a recusa de uniões locais ou a nível nacional (...).
Que nome tem isto? Sejamos polidos:
Desonestidade intelectual!
Sinistra = mão que matou César.
Amigo Caiano, o link para um post do Luis Ferreira é para concordar com ele ou para considerar a sua análise, como desonestidade intelectual?
Parece difícil não deixar de considerar que o ataque produzido ao dr.Vital Moreira foi exagerado. mas não será também, deveras exagerada a reacção do Luis Ferreira?
O link para o post de Luís Ferreira é para evidenciar que o Dr Rebelo quando escreve "Donde a recusa de uniões locais ou a nível nacional (...)" incorre em desonestidade intelectual.
Mas desde quando é que o tal de Luis Ferreira tem alguma credibilidade!
Quando muito é um malhador a tender para o Santos Silva da Propaganda, mas muito mais bacoco e limitado!!!!!
Não gastem cera com tão ruim defunto!
Amigo Caiano:
Esta minha cabeça! Só agora, lendo a sua mais recente mensagem, consegui entender que acusa o nosso colaborador A. R. de "desonestidade intelectual", por ter escrito que a recusa por parte do PCP e do BE em integrar listas de união, tanto a nível local como nacional, resulta do facto de ambos os partidos estarem convencidos de que irão continuar a crescer eleitoralmente.
Parece-me grave a sua acusação. Desonestidade intelectual significará, se não erro, que Rebelo está a agir deliberadamente, no sentido de levar os leitores a verem as coisas de uma maneira que não coincide com a realidade.É isto?
Se afirmativo, o sr. não tem qualquer razão, pelo simples facto de que o por si acusado não teria qualquer interesse, político ou outro, para tentar iludir os seus conterrâneos. A não ser que o sr. Caiano tenha vislumbrado a velha treta do anti-comunismo primário, que há muito deixou de ser eficaz ou sequer verídica. Mas isto é já do domínio da suputação. O melhor seria o amigo Caiano ser mais explícito e esclarecedor, justificando quanto baste as suas afirmações. Será pedir demasiado?
O homem realmente já disse que, nas europeias e nas legislativas, tenciona votar PS, mas bateu com a porta no início dos anos 80 do século passado, quando era o dirigente local dos socialistas, lugar agora desempenhado pelo Hugo Cristóvão.
Pois é! O melhor seria o amigo Caiano usar um discurso mais directo, e se possível conjugar os verbos no infinito não vás tu ficar com dúvidas.
Mais uma vez insisto: não bebas tanto, e quando vieres ler os comentários faz por estar sóbrio. Já sabes que a pinguita tolda o cérebro e tolhe o discernimento. Ficas atolamado...
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