quinta-feira, 28 de maio de 2009

AS ATRIBULAÇÕES DOS PATOS TOMARENSES


Nascer e viver tomarense é cada vez mais problemático. Que o digam os nossos patos ainda livres ali no rio. Um casal deles, fartos de ratazanas, lontras, pombos e garças, resolveu trazer a descendência para um local mais limpo e arejado. Inicialmente ajudados na sua tarefa pelo bom do Manel Cavalo de Pau, que pacientemente lhes colocou a filharada na água, cedo as coisas se complicaram. Com a melhor das intenções, alguns dos nossos bombeiros, decerto pouco habituados a viver em liberdade, terão entendido que o normal é as pessoas cá fora, os patos no rio, os patos bravos na Serra e em Lisboa. E vai de agarrar na família e mandá-la de volta para o Nabão. É claro que o macróbio casal, já bem acostumado a estas paragens, tomarense e portanto teimoso, não tardou a regressar à Rotunda.
Foi então a celebridade local, na net, na rádio e nos jornais. Os tais dez minutos de glória a que todos temos direito e aspiramos, de acordo com os especialistas da "com". Depois é que foi o delas! Vieram curiosos e cada cabeça sua sentença. Pouco dias passados, um profissional da zona, se calhar adversário dos bens livres ou comunitários, deve ter pensado "Se não os aproveito eu, aproveitam-nos os outros; assim como assim, primeiro eu." E levou quatro patinhos para casa. Ficaram oito e os progenitores.
Mais um dia ou dois e apareceram uns jovens alunos de mochilas às costas, oriundos de determinado bairro social da cidade. Tendo por herança o hábito de viver financiado pelos contribuintes, acharam concerteza que o que está em Portugal é dos portugueses, além de que "Se não os levamos nós...". E lá desapareceram nas mochilas mais cinco patinhos. Restaram quatro, mas por pouco tempo. Nessa mesma noite, um bêbado mal disposto (as bebidas baratas raras vezes assentam bem...) agarrou num dos sobreviventes e resolveu estrangulá-lo. Eventual vingança por se saber alcoólico e não ter coragem para largar o vício.
Profundamente desapontado com tanta barabaridade gratuita, o líder local do grupo ambientalista AQUA decidiu proteger os três últimos patinhos. Estão agora numa das montras do estabelecimednto paterno, junto à Rotunda. São bem tratados. Têm água, comida de qualidade, um espelho para não se sentirem sozinhos e um pequeno projector par aquecimento. Nunca estiveram tão bem. Segundo o seu benfeitor, quando atingirem a idade adulta serão postos em liberdade. "Como deve ser".
Entretanto 0 casal progenitor foi visto ali para as bandas do Agroal. "Em Tomar não ficamos mais. Aquilo é só complicações. Um dia destes ainda nos iam obrigar a ter bilhete de identidade, cartão de contribuinte, cartão de vacinas, cartão de eleitor e licença para acampar nas margens do Nabão. Tudo isso para quê? Para acabarmos numa mesa farta, com rodelas de laranja e muito arroz? Livra!!!" E lá foram, livres como o vento. Alguém tem a coragem de os criticar?

5 comentários:

Anónimo disse...

É o que temos em Tomar: bêbedos, ciganos e gente incivilizada...

Anónimo disse...

Mas olhe que os ciganos e os filhos da noite até se portaram bem neste caso, ao invés daquilo que se pensava...

Anónimo disse...

A "observação" do anónimo das 19:50 é tão redutora que chega a ser ofensiva.

Anónimo disse...

é somente a civilização que temos, pois se os mesmos vocem castigados, mas actualmente quem faz mal,quem mata, quem rouba, esses sim merecem se possivel o nome na rotunda.
Culpados somos nós que vimos e não fazemos nada, culpado somos nós que continuamaos a deixar isto acontecer.

até.

Anónimo disse...

Acho que os patos bravos que estão na fonte paulina vieram cedo para apanhar lugar para a festa da inauguração da estátua aos ditos lá para a rotunda à saída de Tomar.