terça-feira, 12 de maio de 2009

DE APERTO EM APERTO...


António Rebelo

Um dos maiores problemas nacionais é a manifesta incapacidade da esmagadora maioria dos cidadãos, mesmo por vezes com estudos superiores, entenderem que não entendem. Por outras palavras, a manifesta carência da faculdade de aprender a aprender, bem patente nos tomarenses que, regra geral, estão convencidos de que sabem tudo de tudo. Para todos eles, sobretudo, vai este modesto contributo da área epistemológica, o qual visa demonstrar de modo prático com se junta conhecimento ao conhecimento, gerando assim novo conhecimento. Desculpem o tom filosófico. Não consegui dizê-lo de outro modo, como era minha intenção.
O presente escrito resulta de quatro origens diferentes, a saber: 1 - Declarações do presidente da Câmara de Veneza (Um filósofo, com obra publicada!) ao L'Express, referindo que não voltará a candidatar-se porque na Sereníssima é tudo demasiado complicado. Levou mais de 12 anos a acabar com as bancas da Praça de S. Marcos, que vendiam milho para dar aos pombos, na ordem dos 350 mil euros anuais de lucro para cada banca; apesar de receber anualmente mais de 20 milhões de turistas, a cidade dos canais não recebe um único cêntimo do governo central; para restaurar a Ponte dos Suspiros foi necessário recorrer à publicidade (ver foto); 2 - Um anónimo participante deste blogue, que lamentou a remoção de algumas mensagens, dizendo que até se retirava a única coisa que ainda se pode fazer na blogosfera tomarense -dizer mal dos outros. Ao ser-lhe explicado, numa outra mensagem, que Tomar a Dianteira não serve para isso, mas sim para criticar actuações políticas, respeitando sempre as pessoas, foi lesto na resposta -"Pois, concordo, mas o que é que há em Tomar digno de discussão?" Ou seja, exactamente a clássica pergunta do cego -"Mas o que é que há aqui para ver?"(ver mensagens finais em "Ronda de fim de semana - 2). 3 - Um artigo de João César das Neves, referindo que os vencimentos e salários já deviam estar a descer em Portugal devido à crise, mas ou se mantêm ou sobem, por razões eleitoralistas; 4 - Um seco e percutante ponto de vista do conhecido economista Daniel Bessa, no Expresso do passado sábado.
Temos assim, portanto, um filósofo ocasionalmente autarca, que se lamenta do emaranhado labirinto político italiano e da ausência de ajudas do governo central, um eleitor tomarense que não "vê" o que possa haver para discutir em Tomar, um economista a alertar para a presente anormalidade da situação salarial face à crise, e um outro economista, geralmente tido por moderado, a criticar aquilo que ele designa por "Devaneio primaveril". Dado que, como é sobejamente sabido, por um lado, "santos da casa não fazem milagres", e, por outro lado, quando aqui cito Medina Carreira, atalham logo com o epíteto de "pessimista militante", resolvi reproduzir integralmente, com a devida vénia ao autor e ao Expresso, a peça subscrita por Daniel Bessa. Ei-la: "A classe política, e os portugueses em geral, têm-se ocupado a discutir a solução governativa a partir de Outubro próximo. Com todo o respeito, parece-me um devaneio primaveril. Um país que deve ao exterior mais de 100% do seu PIB anual (sim, caro leitor, cerca de 20 mil euros cada um de nós, ainda que por interpostas pessoas), e se endivida à razão de dois milhões de euros por hora (10% do PIB anual), pode até escolher Governo (os executantes) mas já não tem escolhas políticas.
Eu sei, como o leitor, que há uma única solução condigna: produzir mais e exportar mais. Só que já não há tempo para essa solução e, nos tempos mais próximos, já não há alternativa a gastar bastante menos (nós todos, Estado, Autarquias, empresas e famílias). Infelizmente. Podemos até fingir que nos esquecemos desta dura realidade. Não importa. Lá para Novembro, quando começar a aproximar-se o Inverno, os credores imporão, primeiro a política e, se necessário, os próprios executantes. E quanto mais "marialvas" nos mostramos, mais depressa nos obrigarão a gastar menos.
O FMI tratou do assunto em 1977 (Governo PS-CDS) e em 1983 (Governo de Bloco Central). Em 2010, os credores far-se-ão representar pela Comissão Europeia. Votemos. Entretanto."
Aqui temos então o aperto em que, mais uma vez, nos encontramos. Acham os leitores que realmente em Tomar não há nada de importante para discutir, numa altura em que a câmara que temos vai aplicar mais 750 mil euros na Cerca (num projecto que tem tudo de manhoso) e se fala já em 15 milhões para uma mirabolante ideia de unir turisticamente Lisboa-Alcobaça-Batalha-Tomar, sem que se perceba muito bem porquê e para quê? Pensam, na verdade, que os candidatos já conhecidos estão mesmo à altura da tarefa que vão ser obrigados a executar? Já repararam que o mais qualificado politicamente (Bruno Graça) hesita fortemente e tudo indica que só avançará no quadro de uma união local? O que acontecerá quando o governo for obrigado a reduzir drasticamente as transferências para as autarquias?
Por agora basta. Depois não me venham dizer que ninguém vos avisou atempadamente. Até ao lavar dos cestos ainda é vindima.

13 comentários:

Anónimo disse...

Essa do Bruno Graça ser o mais qualificado politicamente tem graça.

Perguntem aos funcionários da Gualdim-Pais, pela seu espírito de defesa dos trabalhadores, de respeito pelos horários de trabalho, de correcção na lida diária com colaboradores, mesmo que não remunerados e depois venham cantar loas ao Bruno Graça.

Vejam a sua prática diária e deixem-se de tretas. é uma fraude política "de esquerda".

Sebastião Barros disse...

É natural e indesmentível que tem graça, uma vez que o próprio Bruno tem Graça no nome. Não confundamos porém. Mais qualificado politicamente e de muito longe, não é a mesma coisa que perfeito, isento de defeitos, exemplar ou muito correcto para com os outros.
É um indivíduo persistente, por vezes obstinado até, capaz de definir objectivos e de se empenhar seriamente em prol do bem comum. Não seria um bom cabeça de lista vencedor, uma vez que carece de carisma e de sentido de humor, mas um excelente elemento numa lista agregadora e vencedora, susceptível de inverter a nossa actual caminhada para o abismo. Ou não será assim?

Anónimo disse...

Jerónimo REBELO!
Ilda REBELO!
Bruno REBELO!
C D U !!!!!!!!!

Sebastião Barros disse...

Se é assim que vê as coisas... Cada terra terá de ser governada com os recursos humanos de que disponha. A julgar pelo nível da maioria das mensagens da blogosfera tomarense...

António Rebelo

Anónimo disse...

Pois é, Bruno, na impossibilidade de uma coligação de esquerda (e encarando essa possibilidade com realismo e objectividade, o PS nunca abdicaria da sua liderança), o melhor é nem sequer integrares a lista da CDU. Por aí não te afirmas na política; e é pena, tens qualidades, és sério, etc., etc.. Como não há bela sem senão, também tens aqueles defeitos do quero, posso e mando, que até te ficam bem... (a bem dizer todos o temos).

Cá para mim insisto: um dia à noite, depois de jantares, toma o teu café no Santa Iria, põe pernas ao caminho, entra pela sede local do PS e pede ao primeiro que te aparecer uma Proposta de Adesão. Descreves toda a tua vidinha política, pública, currículo profissional, grau académico e metes na caixa do correio. Como os Estatutos pedem um Proponente, diriges o envelope ao Presidente da Assembleia Geral do PS em Tomar, muito boa pessoa, e declaras que tinhas muita honra em tê-lo como Proponente. Podes dizer que vais de minha parte. Se se desse o imprivisível caso de ninguém te propor, eu mesmo te providencio um proponente, desses que até aparecem na televisão. Tenho boas relações... O teu Cartão de Militante ser-te-á entregue tempos depois assinado pelo Secretário Geral do PS, José Sócrates, por decisão do Secretariado, uma vez que já pertenceste a outro partido e colaboraste com outros. Julgo que essa norma estatutária ainda existe.

O Partido Socialista é, entre todos, o mais democrático e, como qualquer outro tem os seus problemas, as suas coisas, as suas contradições, mas a qualquer momento sabe reconhecer as capacidades de cada um. Vai, vai, não percas tempo. Vais ver que vais gostar. Só tens que não te colar a grupinhos, nem permitires que grupinhos se colem a ti.

(Um conselho de quem te quer bem). "Malgré"...

Anónimo disse...

Atão pá! e as novas tecnologias serem para quê?!

Assim o Bruno vai ao site do Ps preenche o boletim de adesão e remete-o por e-mail para o chefão.
É de Eng. do Técnico para Eng. da Independente!
Depois aquele responde por e-mail a dar o aval.
Simples, não é?!

Duvido que o Bruno aceite a sua sugestão, apesar de já ter sido membro do Ps na assembleia Municipal.
Recorda-se?!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Já foi membro da Assembleia Municipal pelo PS?!!!!

Essa eu não sabia, com toda a sinceridade. Deve ser brincadeira sua...

Sebastião Barros disse...

O Bruno já foi deputado municipal independente, eleito numa lista do PS, em conjunto com António Rebelo e Eurico Rosa, num dos mandatos AD de Amândio Murta, nos anos 80 do século passado. Onde isso já vai...

Anónimo disse...

Quando o Bruno e o Rebelo e o Eurico Rosa foram eleitos para a Assembleia Municipal, como independentes numa lista do PS, o Manuel Faria, agora vice-presidente da Entidade Regional de Turismo, em representação do PSD tomarense, foi eleito vereador, também pelo partido da rosa. O mundo da política dá muita volta...
E cada vez mais depressa, que as vidas estão complicadas.

Anónimo disse...

E ainda criticam o PS por saber integrar e respeitar quem, em cada momento, o quer ajudar.

Se não fosse o PS, não haveria a democracia que hoje todos gozam em Portugal, para escrever e dizer o que lhes vai na alma.

Anónimo disse...

Outros tempos, outros dirigentes do PS, cujos actuais nem aos calcanhares lhes chegam.

Anónimo disse...

O PS de Tomae foi tomado de assalto pelo Luis Ferreia à custa de manobras ilegais, toda a gente o sabe!!!