A atitude dos eleitos tomarenses perante a crise em geral e em relação aos seus efeitos locais parece evidenciar um trauma latente, que nos pode vir a arrastar para situações bem piores que a actual. O recente caso do Congresso da Sopa, em que para no final se entregar ao CIRE uma verba da ordem dos dez mil euros, se terão gasto mais de 20 mil, mostra bem onde estamos em matéria de confusão mental. O que não surpreende, visto que, como assinala o psicólogo clínico Daniel Goleman, "Um dos problemas colocados pela psicose maníaco-depressiva reside no facto de os doentes com essa maleita se sentirem tão seguros de si que garantem não ter necessidade de qualquer ajuda medicamentosa ou outra, apesar de tomarem decisões manifestamente desastrosas."
Perante isto, pensa-se logo no engenheiro dominical, mas igualmente em certos autarcas mais empenhados na prossecução das suas notáveis tarefas até Outubro do ano que vem. Onde chegarão eventualmente convencidos de que devem candidatar-se de novo, pois em virtude da excelente prestação anterior não poderão deixar de obter um magnífico resultado. É por essas e por outras que a Grécia é como é. E nós estamos como estamos. Segundo um representante dos técnicos europeus enviados para Atenas para tentar pôr ordem na administração grega, "Isto afinal não é um país. É uma colecção de interesses privados." Seguem-se alguns exemplos elucidativos: só há alguns meses foi possível apurar finalmente qual o total de funcionários públicos e o dos aposentados; o ministério do trabalho calcula em 400 mil o total de fraudes nas pensões e outras prestações sociais; só falsos inválidos serão 40 mil; na ilha de Zante, por exemplo, há uma percentagem anormalmente elevada de cegos; e na ilha de Kalitea a mesma percentagem excessiva é de doentes mentais. Tudo isto num país onde até há um ministério com 20 jardineiros...apesar de não ter qualquer jardim para cuidar. O que já se entende melhor, pois a Suiça, país de gente que nunca brinca em serviço, também tem um ministério da marinha, embora seja um país interior...
Tendo outrossim em conta que mesmo em Tomar até há um pelouro da cultura, uma constatação se torna inevitável: Mesmo no faz de conta, estamos longe de ser os melhores. Viva a Europa! Vivam os fundos europeus! Abaixo a crise! Morte à austeridade!
3 comentários:
É "engraçada", essa coisa na Grécia, só comparável às quatro reformas de Cavaco Silva, às benesses às fundações dos políticos reformados,
à ubiquidade de António Nogueira Leite, que foi recentemente nomeado vice-presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos e, nesta função, a ganhar mais de 20 mil euros por mês (nada mal).
Mas, este académico que foi conselheiro de Pedro Passos Coelho (quem diria?), tem mais umas fundaçõezitas de onde lhe escorrem mais uns euros:
Efectivamente é actualmente:
- administrador executivo da CUF,
- administrador executivo da SEC,
- administrador executivo da José de Mello Saúde,
- administrador executivo da EFACEC Capital,
- administrador executivo da Comitur Imobiliária,
e
- administrador (não executivo) da Reditus,
- administrador (não executivo) da Brisa,
- administrador (não executivo) da Quimigal,
- presidente do Conselho Geral da OPEX,
- membro do Conselho Nacional da CMVM,
- vice-presidente do Conselho Consultivo do Banif Investment Bank,
- membro do Conselho Consultivo da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações,
- vogal da Direcção do IPRI,
e
- é membro (quem diria?) do Conselho Nacional do PSD desde 2010, mas isto depois de ter sido governante pelo PS (e esta hein !?).
Poderia ser grego, que me diz?
Podia também estar aqui o tipo dos robalos que tirou uma pós-graduação antes da licenciatura, terminada um dia antes da tomada de posse na CGD ( não consta que tivesse sido ao Domingo, mas estava um dia muito soturno também, consta-se...)
Estes são alguns dos muitos exemplos da tragédia grega em que estamos metidos.
Mas a culpa continua a ser dos 40 jardineiros...
Oh professor, os "cegos" e "malucos" gregos olharam pró lado e viram tanto gajo supostamente respeitável a gamar e não ser punido, que fizeram p'la vida! leva-lhes a mal?...
Já quanto à cultura e quejandos e aos apoios dados pela autarquia às instituições, claro que nesta altura do campeonato tudo deve ser equacionado!
O ideal seria aquelas conseguirem viver sem apoios públicos; eu fui fundador e nalguns mandatos presidente duma IPSS. Nunca teve apoios públicos (bom, no Natal tinha um cheque de cem contos da Junta de Caneças - depois de 500€), durou 30 anos, deu emprego a 14 pessoas. Fechou quando foi considerado pelos sócios que era económicamente inviável, sem dramas que não "apenas" o do envio para o desemprego de alguns dos colaboradores que não conseguimos colocar noutras instituições do género. Estão hoje todos empregados, felizmente.
O que quero dizer com isto, é que, ao Estado o que é do Estado, à sociedade civil o que é da sociedade civil, o Estado com as suas obrigações sociais e os outros com os seus movimentos e associações em complemento, nunca em substituição daquele, ainda que subsidiadas para o efeito.
Não podemos fazer da Autarquia uma empresa, não é essa a sua vocação, mas temos que a gerir como uma empresa, com rigor orçamental e operacional, sob pena de entrar em insolvência, o que nalguns casos é o que se verifica.
DE: Cantoneiro da Borda da Estrada
É bem verdade senhor Leão da Estrela.
E sabermos nós que o PCP e BE andaram à disputa para ver qual ganhava o prémio de estar na frente no derrube de J. Sócrates? Quem diria que estes partidos estavam aliados aos nogueiras leites, aos catrogas, aos soares dos santos, aos belmiros, aos carrapatosos, aos avôs cantigas, aos joões salgueiros, enfim, a esta cambada que nos governa!!...
Temos razões para estar espantados.
E talvez não.
Oh templário, nem tanto ao mar, nem tanto à terra...
(e pra que conste, para mim o domingueiro engenheiro é igualzinho ao senhor dos passos, mais coisa, menos coisa...e foi este, que ao não apoiar o PEC IV, o deitou abaixo)
Teremos razões para estar espantados, ou talvez não? se calhar a bomba foi "caseira"...
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