Indo a direito

O texto "Estava escrito!", sobre telemóveis tectos e tetas, causou azia em pelo menos um leitor adepto dos IpT, assaz boçal para publicamente enfiar as botas no prato. Entende-se. Está em causa o estatuto dos senhores eleitos, muitos dos quais se julgam saídos não da barriga da respectiva mãezinha, mas da coxa de Júpiter. Feitios!, diria o saudoso Solnado. O mais grave, porém, reside no facto de, para além disso, serem em geral tão desprovidos, cabeçalmente falando, que nem sequer disso mesmo se dão conta. Aos factos!

Ilustre desconhecido na política do burgo, na qual nunca antes participara, mesmo ao de leve, Pedro Marques foi, por evidente bambúrrio, eleito presidente da câmara. Durante dois mandatos, em tempo de poucas nuvens, praticou o quero posso e mando. Com tal eficácia que até os seus parceiros Lino Cotralha e António Alexandre disso se lastimaram amiúde, referindo um feitio difícil, do tipo egocêntrico. Como ainda hoje, de resto.

Rejeitado pelo PS local para um terceiro mandato, deixou na autarquia uma tal ensarilhada que quinze anos volvidos ainda ninguém lhe conseguiu dar a volta. O manhoso e tosco PDM continua a desagradar a todos e o império burocrático do ex-DAU, apoiado nos ditames da senhora Marques, que durante anos e graças à atitude colaborante do então presidente, se julgou dona daquilo tudo, nunca esteve tão forte.

Por motivos nunca cabalmente explicitados, a dada altura regressou à política o ex-independente pelo PS, agora numa lista Independentes POR Tomar. Acompanhado por ex-eleitos da CDU, entre os quais Fernando Oliveira, António Rosa Dias, e João Simões. Além de outros por detrás da ribalta, como José Neto, Carlos Mota ou Vítor Viana. Seis anos volvidos, apesar do slogan "gente que resolve", têm para apresentar uma mão cheia de vento e outra de sombras de paredes. E já desapareceram sucessivamente da cena política local Fernando Oliveira, Rosa Dias, José Soares e a arquitecta Redol. É muita deserção em tão pouco tempo. Porque será?

Na sua bosta cerebral, o supracitado adepto pedrista insurge-se contra o facto de não ter sido então escrito que  o seu ídolo e a outra eleita, segundo afirma, se pronunciaram a favor de um tecto para os telemóveis dos eleitos, tal como para os funcionários. Pois aqui fica o esclarecimento! Com uma indispensável adenda: Como quase sempre, a seu tempo se verá que as meias tintas nada resolvem. Corajoso e eficaz seria, isso sim, renunciar aos telemóveis, ao gabinete, ao computador, à impressora e aos consumíveis. Que se justificam apenas para os vereadores com pelouros distribuídos. Agora assim...

Da mesma forma, o presidente Carrão e restantes membros da troika nabantina, tendo em conta a catastrófica situação financeira da autarquia -que tende a piorar e de que maneira- deveriam renunciar imediatamente a adjuntos, secretários e chefes de gabinete, recrutados nas suas respectivas rodas de amigos políticos, entregando tais lugares a funcionários da autarquia, bem entendido sem qualquer aumento de vencimento ou regalias. Isso é que era serviço!

De paleio e de medidas simbólicas estamos todos fartos!