É do domínio público que a catástrofe do Titanic resultou da crença generalizada de que o imponente paquete era inafundável. Afinal bastou um iceberg... Um século mais tarde, o mesmo está a ocorrer em Tomar. Vivemos uma verdadeira catástrofe económica e social, provocada por dois icebergs: A - O regime democrático, que não nos caiu nada bem, como demonstram os resultados práticos obtidos; e B - A crise civilizacional, que nunca mais acaba.
Tal como a tripulação e os passageiros do luxuoso navio, que confiaram nos prodígios da técnica, autarcas e eleitores tomarenses estribam-se nos templários, na Ordem de Cristo, no Infante e nos Descobrimentos para recusarem aceitar que a outrora orgulhosa urbe está já em estado comatoso. E no entanto, basta reparar no estado do rio, na limpeza das ruas, na tenda-mercado, no acampamento do Flecheiro e nas cada vez mais gritantes carências, para concluir que infelizmente Tomar está muito doente e vamos de mal a pior. Como bem assinala o vereador Luís Ferreira no seu blogue, o executivo já nem consegue implementar anódinas deliberações votadas por unanimidade, como por exemplo o recenseamento imobiliário do município.
Mas consegue em contrapartida continuar a infernizar a vida aos infelizes munícipes que têm a desdita de necessitar recorrer aos serviços municipais. Segundo a edição electrónica do Templário, o executivo indeferiu um pedido de viabilidade para uma criação de caracóis, na Freguesia de Paialvo, com o argumento de que, em conformidade com o reles PDM ainda em vigor, se trata de actividade equiparada a pecuária, pelo que só pode ser autorizada em terrenos situados a pelo menos 500 metros de qualquer habitação. Nem mais nem menos! Na próxima vez que for encomendar caracóis, quero ver se não me esqueço: -Saia uma dose de caracóis-boi! Porque seria uma grave impropriedade de linguagem pedir uma dose de caracóis de aviário, naturalmente mais baratos que os selvagens...
Ainda assim, julgo que a patente aversão dos autarcas e técnicos superiores nabantinos, que elaboraram e/ou respeitam o lamentável PDM, pelos gastrópodes helicidas pode ter uma explicação perfeitamente racional e aceitável. É que os ditos animais rastejantes, além de andarem sempre ranhosos e com os cornos no ar (como muitos humanos), são hermafroditas. O que significa que têm os dois sexos, pelo que se interpenetram em cada acto sexual. Logo, de cada vez que possui, cada caracol é também possuído. Com éfe, bem entendido! Exactamente como tem vindo a acontecer com os respeitáveis eleitos tomarenses. Andam sempre a tentar ir à lã mas surgem cada vez mais tosquiados. É bem feito! Ninguém os mandou envergar fatiotas muitos números acima das respectivas envergaduras...
Com vossa licença, vou pastar caracóis, enquanto não chegam as próximas autárquicas. Ser industrial de pecuária tem destas servidões...
4 comentários:
DE: Cantoneiro da Borda da Estrada
Caracóis?! Bom negócio. Como sabem, a maior parte destes bichinhos são importados de Marrocos, milhares de toneladas por ano, chegam vivinhos da silva. No verão chegam a Portugal camiões completos com caracóis e, lembro-me, ainda não estava reformado, há poucos anos, os voos provenientes de Marrocos traziam o seu espaço reservado a carga comercial totalmente ocupado com caracóis. A inspeção sanitária à chegada nem sempre era rigorosa...., embora tivessem inspeção sanitária no país de origem, que, segundo diziam, era competente e responsável.
E atenção! Este negócio é um manazinho do céu, especialmente para os importadores, que controlam, à boa maneira portuguesa..., o mercado. Havia um importador que chegava a receber 130/150 toneladas por semana. É obra!
O poder de influência dos pouquíssimos importadores pode chegar muito longe... Uma concorrência forte e bem estruturada, em Portugal, não ficaria sem resposta. E as respostas podem manifestar-se por muitas maneiras.
O negócio é de muitos milhões por ano. Importante valor pecuniário...
Pecuária?.... Essa é boa!
Um floreado:
Vamos lá então supor que em Tomar se íam criar milhares de rebanhos (pecus) de caracóis, o que daria uma importante fortuna (pecunia); logo, alguns tomarenses passariam a ter o seu pecúlio, e a autarquia teria importante vantagem pecuniária.
Tenho para mim que foram apressados de mais a recusar. E se voltassem a pensar outra vez no pecus, ou seja, no dinheirinho, no pilim, no com que se compra os melões, no graveto? Bem vistas as coisas, pecuária é isso mesmo.
É preciso imaginação e vontade política.
Aperte com eles Dr. Rebelo!
Ora aqui temos um excelente e oportuno comentário, bem elucidativo das vantagens da interacção na comunicação social electrónica.
Bem hajas Cantoneiro/Templário/Fernando
Em tempos também tive, porque estava no negócio da restauração e consumia algumas toneladas dessa bicharada por época, a intenção de avançar com uma coisa dessas; havia o terreno, em S. Miguel (propriedade do sogro), o projecto estava feito, a candidatura a fundos comunitários alinhavada, a garantia de exportação para França conseguida, através dos contactos de outro produtor de Runa e após auscultação a alguns técnicos e autarcas, decidi meter a viola no saco. A razão apontada foi mesmo essa, o PDM, já que o terreno é urbano, confina com a moradia.
Ficámos todos a perder. Eu, com os lucros espectáveis do investimento, a autarquia, com a derrama, o Estado com o IVA e provavelmente IRS, uma vez que estavam previstos 4 postos de trabalho. Enfim...
Agora virei a agulha para a hidroponia ( cultura de frutos e vegetais apenas com água e fertilizantes, a maior perte naturais )com a colaboração do meu filho, mais um com formação em informática que aguarda o primeiro emprego e que pode encontrar aqui uma saída onde pode aplicar os seus conhecimentos. O terreno lá continua, em pousio, que o "velho" já tem 82 e não tem paciência para o trabalhar; a candidatura ao PRODER a ser tratada; esperemos que desta vez o facto de estar junto à habitação não seja impeditivo. A não ser que o facto de ser em estufa não agrade a algum técnico ou autarca que não goste de plástico...
A ver vamos.
Ah! e a propósito, não deixem de participar na Festa do Caracol, a realizar neste fim-de-semana (2 e 3 de Junho) na ACR os 4 Unidos, em S. Miguel, Madalena.
A produção não é do concelho, mas a confecção será sem dúvida primorosa.
Desta vez o "Chef" não pode ir (o trabalhinho não deixa, vai haver muito lixo no Parque das Nações), mas a restante equipe estará em grande para lhes proporcionarem um excelente pitéu!
Vão lá e depois digam qualquer coisinha.
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