Quando continua em curso no país uma manhosa manobra de assassinato de carácter, em mais uma tentativa desesperada para destabilizar um governo que está a fazer o que tem de ser feito, "because there is no alternative", talvez valha a pena ler a primeira obra de um autor para quem o desemprego inesperado constituiu uma oportunidade -a de se revelar um ficcionista de primeira água. Conseguiu com todo o mérito o Prémio Leya, de 100 mil euros e faculta aos seus leitores um excelente retrato do povo que somos. Afinal mais uma confirmação do conhecido axioma "O homem é um produto da história, mas pode fazer a sua própria história".
Apenas um pequeno excerto, para espicaçar a curiosidade de quem ler estas linhas: "Dentro do jipe, ansioso por usufruir da liberdade que lhe conferia a momentânea ausência dos dois oficiais, o soldado Jacinto Marta aproximou-se do furriel António Mendes e perguntou-lhe baixinho, com a boca quase colada ao ouvido, se achava que o tenente-coronel Spínola, antes de se pôr a mijar, tirava as luvas. O furriel António Mendes riu-se e confessou-lhe que desconhecia, por completo, o que diziam os regulamentos militares a esse respeito, e que nunca tivera o privilégio de assistir à forma como o tenente-coronel António de Spínola os cumpria. Acenderam cada um o seu cigarro". (Página 62) A cena ocorre algures no Norte de Angola, durante a guerra.
3 comentários:
Caro professor,
O post tem que finalidade?
Dar ênfase ao "assassinato de caracter",
Dar ênfase à estroinice do nosso primeiro que diz e repete que o desemprego é uma bem-aventurança? (perdoem-me os católicos...)
Ou dar ênfase ao livro e à sua qualidade literária?
Se o teor se refere ao terceiro postulado, concordo inteiramente consigo, embora o adjectivo "justamente" possa ser exagerado, porque a atribuição de um prémio literário é sempre condicionada pela perspectiva e pelo gosto dos membros do juri; mas concordo consigo, vale a pena gastar onze Euros e tal com este livro. A ver vamos se será parte de uma obra, ou se, a exemplo de muitos, não havendo dinheiro para edições de autor, as editoras não lhe peguem e o moço fica por aqui.
Um pouco mais desafogado, mas desempregado, "unfortunately"...
"because there is no alternative"???
There're always alternatives my friend...
quero crer que não leste a obra que citas, muito menos percebeste a mensagem..
Quanto às alternativas, aguarda 2 semanitas pelas eleições na Grécia e se o Syriza ganhar como previsto vais ver uma forma alternativa de governar um país em situação muito mais catastrófica do que a nossa (mas para lá caminhamos, basta relembrar que em 2009, 1 ano após a chegada da troika à Grécia eles tavam exactamente na mesma situação que nós agora, "alguns leves indícios de recuperação, de que tudo pode ainda correr pelo melhor", mas a troica mostra-se "surpreendida pela escalada do desemprego". Mais um ano passou e foi a vez da 2ª intervenção e a super-austeridade... Quando te cortarem duma só vez 40% do ordenado ou da pensão, quero ver se estás para aqui a bradar "assassinato de carácter" e se continuas a jurar a pés juntos que não existe alternativa...
Para Toni Casimiro:
O seu comentário é um ultraje ao bom senso e à boa educação, que por isso mesmo não merece qualquer resposta. Recuso debater com gente sem um módico de cultura geral e de saber estar.
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