quarta-feira, 24 de abril de 2013

Por uma nação europeia

"É tempo de acabar com a Europa dos zombis, dos tecnocratas cinzentões e dos eleitorados fantasma.  A da decisões inexplicadas e das legitimidades por encontrar. É tempo de acabar com esta Europa a fingir, mantida pelos seus dirigentes: andam sempre a gabá-la, mas recusam-se a dela fazer outra coisa além de um aglomerado de nações.
Apesar disso, quando apresentar dentro de dias o plano de austeridade francês, Pierre Moscovici (ministro das finanças) compromete o nosso país e a sua própria reputação, muito mais do que quando assina a lei de finanças anual. Neste segundo caso, o ministro sabe que as hipóteses económicas são arriscadas, mas trata-se apenas do produto da relação de forças e do póquer mentiroso que é a política. Já no primeiro caso, Moscovici tem consciência de não ter direito ao mais ou menos, nem ao bluff, nem à especulação. Se a França não respeitar os seus compromissos, se fizer batota ou decepcionar, estará sob a ameaça da tutela de Bruxelas. Como um governador civil que assume as rédeas de um município em bancarrota, a União Europeia vai passar a supervisionar os países em dificuldade para honrar as suas obrigações. Vai haver protestos contra tal perda de soberania? O surpreendente não é que tenham receio, mas que se mostrem surpreendidos. Que fizeram os nossos governantes, desde há quarenta anos, com essa soberania, senão usá-la para aumentar a dívida pública e agravar o desemprego? Por conseguinte, a futura supervisão não significa menos soberania, mas mais responsabilidade.
Que o federalismo venha de cima, produto da crise, mais que da vontade, não constitui uma preocupação, desde que venha acompanhado de um gémeo democrático: mais poder para a Europa mas mais legitimidade também. Duas reformas são já possíveis e necessárias. A primeira consiste em eleger o Parlamento Europeu por meio de listas continentais: 754 nomes representando famílias políticas homogéneas, programas para toda a União e as diversidades retiradas dos seus vincos nacionais. Depois, este Parlamento verdadeiramente europeu dará posse a uma Comissão, a qual será realmente um governo europeu.
Em plena crise, o mundo abandona a Europa país após país; a Europa deve portanto ripostar, mostrando que é una e indivisível. Que os eleitos comecem a comportar-se como Europeus e os eleitores segui-los-ão!
Para lá chegar, a segunda reforma é salutar, urgente...e disponível. Trata-se de uma ICE - Iniciativa cidadã europeia, lançada por Catherine Colonna, ex-ministra delegada para os Assuntos Europeus, e Philipe Cayla, presidente da Associação Europeus sem fronteiras. Tem como objectivo atribuir o direito de voto aos cidadãos dos 27, em qualquer país da UE onde estejam a residir, para todas as eleições. De tal forma que um francês residente em Munique possa votar nas eleições legislativas alemãs, ou um checo a viver em Limoges possa votar na próxima presidencial francesa. Este federalismo de base é a Europa dos povos. É o triunfo do político sobre a tecnocracia, uma vez que a união dos Estados rumará à fusão das populações.
Para obrigar a Comissão Europeia a debater tal proposta, é necessário conseguir em toda a UE um milhão de assinaturas electrónicas, até Janeiro de 2014. Europeus convictos, para que a União Europeia se transforme na nação europeia, ponham-se já à frentes dos respectivos computadores e subscrevam!"
Christophe Barbier, L'Express, 17/04/2013, página 3

Para subscrever: http://ec.europa.eu/citizens-initiative/REQ-ECI-2012-000030/public/index.do?initiativeLang=fr 

1 comentário:

Leão_da_Estrela disse...

Plenamente de acordo!

*o link não funciona, meu caro prof.