quinta-feira, 28 de julho de 2011

Análise da imprensa regional desta semana


Por um daqueles praticamente insondáveis mistérios sociológicos, quando por essa Europa fora os jornais que sobrevivem são os que menos praticam o jornalismo de "ocorrências diversas", o chamado "estilo tabloid", em Portugal, sobretudo na imprensa regional, ocorre exactamente o oposto. Os leitores gostam, os jornalistas adoram, o estilo expânde-se. Mas não é o único caso de estranheza. Há pelo menos mais duas situações insólitas, aguardando que sociólogos e cientistas políticos para eles encontrem uma explicação convincente. Refiro-me ao PCP, que obtém eleição após eleição a melhor percentagem de votos de todos os homólogos da Europa Ocidental, bem como à atitude dos portugueses face à crise. Parece não ser nada com eles. A tal ponto que os visitantes estrangeiros se mostram bem mais preocupados do que nós com o nosso devir.
Retornando ao jornalismo de "fait-divers", também chamado de "faca e alguidar" ou de "valeta", esta semana CIDADE DE TOMAR apenas inclui uma peça digna de registo, no que se refere à grave e complicada situação local. Na secção "Entrevista de Verão", Luís Pedrosa Graça conversou no Café Paraíso com Aurélio Lopes, um tomarense há décadas emigrado no Brasil, que regressa a Tomar duas vezes por ano, para matar saudades. Instado a opinar sobre esta nossa terra, foi simples e frontal: "Parada. Morta não. Gente viva! Mas eu vou descendo a Corredoura, à noite, e não vejo ninguém. Quem devia mandar, manda fraco e sem entusiasmo." Má-língua, comentarão uma vez mais os capatazes locais. Só? pergunto eu.
Três textos merecem referência e cuidada leitura no TEMPLÁRIO hoje publicado: a crónica de Ernesto Jana, a de Carlos Carvalheiro e a curta reportagem sobre uma tomarense idosa, moradora nos Bacelos, às portas da cidade, que se viu obrigada a improvisar um passadiço com uma tábua, para poder entrar em casa sem molhar os pés no "puré" de uma fossa que esgotou há muito a sua capacidade de armazenagem. Acontece no primeiro ano da segunda década do século XXI, numa terra que neste momento gasta mais de seis milhões de euros num museu que tudo indica estar destinado a uma morte prematura. Cansada de esperar por uma solução, a anciã ter-se-á deslocado à reunião de câmara desta quinta-feira, para reclamar uma providência. Entretanto, para os leitores, fica o título do jornal: "Esta é a vergonha que tenho à porta de casa". Desde Abril passado. Há três meses, por conseguinte.
Cidade parada. Quem devia mandar, manda fraco e sem entusiasmo. Mais de três meses para resolver o problema de uma fossa que transborda, numa terra em que 40% do que pagamos pela água da rede diz respeito a saneamento; não há nada que não aconteça aos tomarenses. Até O MIRANTE se vê forçado a atacar e logo em manchete: "Lixo e falta de segurança marcam Verão na praia fluvial do Agroal. É uma das praias fluviais mais concorridas da região. No Agroal o rio Nabão divide os concelhos de Ourém e Tomar e as diferenças são notórias no tratamento do espaço público em cada uma das margens." Agora adivinhe o leitor qual a margem mais abandonada. Para ajudar, apenas posso referir que a água do Agroal faz bem à pele e não ao cérebro, sendo igualmente de ter em conta que os oureenses têm acesso preferencial à água benta de Fátima, que lhes fica no concelho. Podendo parecer que não, é um contributo a nunca esquecer. Digo eu...

2 comentários:

Anónimo disse...

NOTÍCIAS ROMARENSES

Ei-la de novo, a festa da beberragem tomarense, vulgo Festa da Cerveja, para gáudio dos bêbedos cá da praça, e para desconsolo dos responsáveis do Hotel dos Templários cujos clientes vão ter à porta mais uma vez a barulheira característica dum ajuntamento de alcoólicos, com o alto patrocínio da cãmara municipal, que colocou de novo a festança junto ao rio, ali para os lados do que seria a "Praça Sony" do onírico Ivo Santos.
É assim que quem manda neste concelho falhado trata uma das poucas empresas que trabalha a sério nesta região...
É assim que quem manda neste concelho falhado gere e olha para os espaços verdes...
O aldeão Carrão deve andar aos pulos de ansiedade mal podendo esperar pela abertura da festa de Verão da cidade.

Enquanto isto se passa em terrenos que o projecto Polis "requalificou" com o intuito de devolver às pessoas os espaços de lazer junto ao rio e aos jardins, conforme com pompa e circunstância o ex-presidente Paulino, o Paiva da Trofa, anunciou em tempos, constata-se que aos tomarenses não assiste alternativa para poder desfrutar dum espaço calmo, de silêncio, de natureza. Isto porque a Mata dos Sete Montes, ex ex-libris da cidade, continua fechada desde que foi assolada pelo ciclone no último Inverno. Com reabertura marcada para "...um dia destes...", já se fazem apostas sobre se sauilo voltará a abrir.
Imaginem se este país estivesse na rota das grandes tempestades como os Estados Unidos ou o sudoeste asiático...

Anónimo disse...

Coitados. Nunca se viu tanta confusão e atraso. É caso para pensar.....