sexta-feira, 22 de julho de 2011

Singela referência a um escol


Anabela Freitas, Graça Costa, Laura Rocha e Rosário Simões são ao mesmo tempo a vanguarda da participação cívica feminina a nível concelhio e o verdadeiro escol, todas as categorias incluídas, da política local. Só não irão tão longe, ou pelo menos tão rapidamente, porque todas pecaram aos olhos da inquisitorial "opinião pública" nabantina. Na área pessoal, na área política, ou em ambas, cada uma conseguiu arranjar coragem para, quando julgou indispensável, "dar o salto", assumir a mudança e mudar de "camisola". Na vida pública e/ou na privada. Sucede que a boa consciência tomarense, visceralmente avessa à mudança autonomizante e arreigadamente alérgica à crítica, nunca aceitou ou vai aceitar semelhantes atitudes de lesa-tradição. Convém dizer isto, não só para mitigar futuros dissabores das cidadãs em épigrafe, mas também e sobretudo para melhor se entender o que aí vem em termos de "embrulhada política" local.
Dito o que antecede, que é o principal, força-me a conjuntura a referir um involuntário erro de Graça Costa, que apenas referencio e procuro corrigir pelas consequências que pode vir a ter para a credibilidade de algum ou alguns projectos locais. Consta da notícia acima reproduzida (Cidade de Tomar de 21/07/2011, última página) a declaração da vereadora IpT, referindo ser importante "requalificar o templo sefardita mais antigo da Península Ibérica." Reconhecendo embora a total pertinência da recomendação, forçoso é esclarecer que a Sinagoga de Tomar, ou mais precisamente o que dela resta, sendo eventualmente o templo hebraico mais antigo de Portugal (se considerarmos que o de Castelo de Vide mais não é do que uma modesta casa de habitação que servia para celebração religiosa), não é o mais antigo da Península, nem pode ser comparado vantajosamente com as sinagogas toledanas Del Tránsito e de Santa Maria la Blanca.
Conforme o leitor, interessado ou não por estas coisas do património herdado, pode conferir nas ilustrações seguintes, a Sinagoga del Tránsito data do século XIV e de Santa Maria la Blanca do século XII. Muito mais antigas por conseguinte do que templo judaico da Rua Nova, que datará na melhor das hipóteses do primeiro quartel do século XV.
É nestas e noutras matérias da mesma natureza que se pode constatar a diferença que faz ter ou não ter Mundo. Porque, sendo extremamente fácil, uma vez que ao alcance de uma série de cliques no computador, conseguir qualquer informação, convém nunca esquecer que, regra geral, para se encontrar é preciso saber antes aquilo que se procura. Que o mesmo é dizer, no que ao património concerne, ter conhecimento anterior suficiente para fundamentar uma dúvida.
Aqui fica o esclarecimento.

1 comentário:

Anónimo disse...

Nem sempre o autor deste blogue entra em desdita. De facto é que este é um bom exemplo da sua parte de alguma honestidade intelectual e que informa com relativa exactidão as demandas e as desditas dos leitores quanto a este assunto contribuindo com eficácia a um apelo que deveria ser uma causa.
Naturalmente se deverá defender a Sinagoga de Tomar, e porquê? Porque Tomar nos tempos pré-descobrimentos e durante os mesmos,era um pólo civilizacional de encontro de culturas, como tal há que tentar recuperar algumas características desse tempo e que nos honram no mundo inteiro e procurar adaptá-las aos nossos dias. O exemplo da festa dos tabuleiros em termos de bem receber e ser tolerante e aberto com o próximo (embora conheça alguns casos, felizmente, residuais de brutidade social e hoteleira intolerantes) o teatro do Fatias de Cá, são símbolos vivos, embora a primeira por duas horas e meia de quatro em quatro anos, e a segunda semanalmente por umas horas, do desenvolvimento, reminiscência,e preservação dessas mesmas características. Apesar de tudo isso, devia ser a marca do quotidiano tomarense. Por isso que é que devemos escolher para levar na mala? Queremos que venham muitos nos visitar e deixar algumas divisas ou contribuições sociais, ou queremos apenas andar fechados na colaboração da ignorância e proselitismo que implodem o concelho. Dá que pensar!