quinta-feira, 7 de julho de 2011

Mourinho, Vilas Boas e Tomar

É tanto e tão genuino o entusiasmo local com a Festa Grande (quiçá como compensação para tantas outras carências...) que a partir de Domingo à noite a ressaca vai ser terrível para alguns. Não só porque entretanto "acabou a festa pá!". Igualmente porque alguns objectivos implícitos não terão sido atingidos, nem lá perto. Atente-se, a titulo exemplar, nas vivas reclamações dos vendedores instalados no Parque de Estacionamento Santa Iria. Segundo o site da Rádio Hertz, mesmo antes do grande dia do cortejo, já  estes forasteiros dão por mal empregues os 1.500 euros desembolsados "à cabeça", manifestam-se arrependidos e até -imagine-se!- apontam carências da organização local como causa dos seus problemas, quando afinal (bem vistas as coisas) o "bicho" é outro -dá pelo nome de crise e ninguém sabe ainda como nem quando vai terminar.
Procurando na fraca medida das minhas capacidades minorar tais traumas carenciais, e dado que não estarei por estas bandas até 16 do corrente, aqui deixo o que me parece ser um excelente tema compensatório para reflexão. 
Não! Não! Não! Nem Mourinho nem Vilas Boas virão à Festa dos Tabuleiros. Mas poderão vir a constituir excelentes exemplos para os organizadores, participantes e entusiastas da mesma. Vejamos. O que sobretudo surpreende os visitantes quando têm ocasião de dialogar mais em detalhe com tomarenses aqui residentes é a percepção de que estes se mostram mentalmente descentrados em relação à realidade do país. Em estilo mais directo -ainda não quiseram ou não conseguiram assimilar que a situação nacional e local é agora bem diferente do que era há apenas um ou dois anos. Claro que por educação, as chamadas boas maneiras, vão daqui estupefactos com tão evidente falta de agilidade e de elasticidade mental, mas mantêm um diplomático silêncio sobre o assunto.
Quase todos incapazes de se situar no mundo em que agora vivem porque a isso são constrangidos, numerosos actores políticos locais "entupiram". Visivelmente "à nora", sem soluções pertinentes, vão marcando passo, a fingir que andam, mas quanto a comentários ou decisões, guardam um prudente e prolongado silêncio. Urge por isso, no interesse de todos os que compõem a comunidade concelhia tomarense, tentar alterar o quadro mental de cada um, num sentido positivo.
Uma vez que o futebol arrasta multidões e desencadeia paixões, pode constituir também -parece-me a mim- um excelente caso para estudo e imitação. Tanto mais que jogadores e treinadores lusos estão actualmente entre os melhores a nível mundial.
Vamos então a isso. Mourinho foi o expoente máximo de líder carismático e vencedor, aplaudido por todos e pago a peso de ouro, até que apareceu um discípulo seu -André Vilas Boas- igualmente excelente mas nada individualista e ainda menos extrovertido. O que une afinal estes dois homens, fazendo deles filhos dilectos dos êxitos desportivos? -Muita observação e cuidado estudo da realidade; clara definição dos objectivos a atingir em cada caso, com enfoque particular no objectivo estratégico; enorme exigência em relação a si próprios e todos aqules sob o seu comando; paixão pela vitória; crença inabalável de que no futebol como em qualquer outro sector da actividade humana, os resultados é que contam; frontalidade; convicção de que os problemas se resolvem com trabalho, mais trabalho, mais trabalho. Tudo o resto nada mais é que a espuma dos dias.
Quando e se os tomarenses conseguirem algum dia entender e partilhar tais atitudes, em relação a si e aos outros, a crise que nos assola terá começado a ser finalmente debelada. Até lá há que ter paciência. "Roma e Pavia não se fizeram num dia".

3 comentários:

Anónimo disse...

O drama de Portugal: Salvador / Angélico

Angélico Vieira não resistiu ao brutal acidente de viação que sofreu e acabou de falecer. A geração “Morangos com Açúcar” já tem o seu mártir.
Para o caso não interessa nada que o carro circulasse na via pública sem seguro, ou que a maioria dos ocupantes não tivesse colocado o cinto de segurança.
Também parece não interessar a ninguém saber a que velocidade ia a viatura ou se condutor apresentava excesso de álcool ou drogas no sangue. Ninguém falou disso. A comunicação social em peso preferiu a exploração do efeito emocional e ficou por aí.
Mais ou menos na mesma altura morreu o empresário Salvador Caetano. É verdade que o senhor tinha 85 anos e estava doente, mas a histeria mediática à volta do desaparecimento do jovem artista Angélico Vieira, por contraste com a discrição da notícia da morte do empresário nos órgãos de informação dá-nos um excelente retrato da ordem de valores da sociedade actual.
Por aqui se vê que um jovem cantor e actor é muito mais importante do que um homem que subiu na vida a pulso, construiu um império industrial, contribuiu para a produção da riqueza nacional e deu emprego a milhares de pessoas.
Por aqui se vê que para muita gente é mais importante uma novela de duvidosa qualidade, com adolescentes, do que construir fábricas, criar empregos no país e dar pão a inúmeras famílias.
Apesar de tudo entendo muito bem a reacção dos adolescentes neste caso. A culpa desta inversão de valores nem sequer é deles. É da geração anterior, dos pais, que os educaram assim. Para a diversão e não para o trabalho.

Anónimo disse...

E Cristiano Ronaldo não virá à Festa?...
Disseram-me que a Dona Dolores já terá sido vista na Corredoura. Se não era a Tia Alice dos Cabaços...

Anónimo disse...

Felizmente Castelo Branco esteve em Tomar!