DIVERTIMENTO ESTIVAL

À hora a que escrevo esta linhas ignoro qual tenha sido a evolução recente do arrufo PSD/PS. Os socialistas devem ter reunido ontem a sua CP, nomeadamente para debater o problema, mas apesar de terem três blogues à disposição, até agora nada. Outro tanto acontece em relação ao PSD e aos IpT, como de resto já é hábito. Comportam-se em geral como gente que pensa para dentro e só para uso pessoal. Só informam cabalmente quando instados e mesmo assim com evidente má vontade. De qualquer forma, é improvável que do brusco diferendo entre coligados venha a resultar algo de positivo para o concelho.

Isto porque há apenas dois desfechos possíveis: ou continua tudo na mesma, e estamos lixados; ou acaba a coligação PSD/PS, sendo imediatamente substituída por um acordo implicito ou oficial com os IpT, e estamos lixados na mesma. 

A experiência já colhida nestes quase dois anos de mandato permite afirmar com absoluta segurança que nenhuma das cinco forças políticas representadas na autarquia (Câmara + AM) dispõe de qualquer programa implementável no actual contexto, ou sequer de algo parecido. E sem tal "caderno de estrada", tanto faz correr como saltar. Não sabem e por conseguinte também não podem explicar para onde vamos, quanto mais agora quando, como, com quem, porquê e para quê.

Examinando sem paixão a actual situação da autarquia, logo se constata estarmos perante um paquiderme que consome bastante mais do que o valor dos serviços que de forma cada vez mais deficiente vai produzindo. O que não admira. Alimenta uma burocracia de quase 600 funcionários, quando 50% já seriam demais. Tem 19 divisões, quando cinco já seria um exagero. Remunera principescamente cinco autarcas a tempo inteiro mais os respectivos serviços de apoio, quando 3 (presidente + 2) bastariam largamente. Engloba um executivo de 7 membros, onde apenas três cumpririam as mesmas tarefas, com muito menos perdas de tempo.  Tem uma assembleia de mais de 30 membros, quando um terço bastaria, sobretudo quando se constata que os 16 presidentes de junta -que são poder executivo- dela fazem parte, enquanto poder legislativo e fiscalizador, mesmo quando os fiscalizados são eles próprios. Brincar às democracias dá nisto...

Trata-se, bem sei, de uma proposta iconoclasta, mas é para aí que teremos de caminhar, mais cedo do que em geral se pensa. Porque ninguém tenha dúvidas. Ao recomendar a redução de freguesias e de concelhos, a troika esteve-se nas tintas para a modernização ou para a eficiência. A sua única preocupação foi a acentuada e inevitável -porque indispensável- redução da despesa pública. Convém ter isto presente, para evitar futuras desilusões e tristezas.

-Lá vem este uma vez mais com a história da falta de programa e da indispensável redução de despesas, dirão de si para si as habituais cabecinhas pensadoras da zona. E terão razão. Estou mesmo muito preocupado com o nosso futuro colectivo, pois agora que o concelho tem no governo e em lugar proeminente quem possa apadrinhar os nossos projectos, naturalmente no âmbito da mais estrita legalidade, acontece que não temos projectos nem, ao que parece, vontade de os elaborar ou mandar fazer e depois debater. O "Tomar 2015 - Uma nova agenda urbana", que já era uma fantasia tipo socratiano, passou agora a simples múmia, quatro anos antes da data prevista para a sua conclusão, o que diz bem da sua inadequação à realidade envolvente. 

Conseguiremos finalmente acordar e arrepiar caminho? Ou estamos condenados à insignificância?