segunda-feira, 25 de julho de 2011

Leituras para o tempo quente

Com o tempo quente (em todos os sentidos!) que aí vem e com muitos conterrâneos impedidos de ir de férias, por falta do "respectivo". Com outros ainda, infelizmente, com demasiado tempo livre por não conseguirem encontrar um posto de trabalho, pareceu-me útil indicar alguns livros. Daqueles que podem, em certos mas raros casos, vir a constituir um bom investimento, em vez de uma despesa.
Começo com Medina Carreira, no seu habitual estilo directo e desassombrado, desta vez interrogado por Eduardo Dâmaso. Um curto excerto, à guisa de aperitivo: "No que respeita às pessoas, esses partidos não têm agido da forma mais conveniente, porque permitiram a concentração, nos seus "aparelhos", de muitos que carecem de quaisquer atributos para a acção política."

Outra obra actual, "do beato César das Neves", como costuma escrever um empederdino comentador deste blogue. Logo na apresentação, o autor cita o grande economista austríaco Joseph Schumpeter: "Há dois tipos de pessoas de quem desconfio: arquitectos que garantem construir barato e economistas que garantem dar respostas simples." Aqui em Tomar (e se calhar noutras cidades) convém acrescentar mais dois tipos, a ouvir com extrema cautela: Os políticos que garantem ter projectos sólidos para governar e aqueles que apodam César das Neves de "beato", sem nunca sequer o terem lido.
Ora aqui está um livro excelente, sobretudo para aqueles comentadores sempre a acusar os outros de parcialidade, seja porque mais isto, seja porque mais aquilo. Trata-se de um verdadeiro e rico "cozido à portuguesa com todos", sob a forma de entrevistas. Que até "passaram" na TV, mas que você não teve tempo e/ou  pachorra para ouvir. Como pode ver, há para todos os gostos, de Soares dos Santos, um dos grandes "merceeiros" do país, até ao sindicalista Carvalho da Silva, o eterno secretário-geral da CGTP. Falta o "bispo" Louçã?!?! Pois falta. Por alguma coisa será. Provavelmente pelo seu conhecido e nunca desmentido excesso de realismo.
Para todos os que afirmam gostar de história, mas detestar  as obras em vários volumes, bem como as posições de José Hermano Saraiva "que até foi ministro de Salazar" (como se uma coisa tivesse alguma coisa a ver com a outra...), aqui fica uma outra história concisa de Portugal. Mesmo assim com 724 páginas + anexos, tudo por 15 euros. Um pequeno excerto, a título de "mise en bouche", como dizem os gauleses:
"Além do Direito, outro vasto campo em que o iluminismo desempenhou papel decisivo foi o da cultura em geral e o da educação organizada em particular. O atraso do sistema português de ensino era acentuado por todos aqueles que o comparavam com o de países estrangeiros. Portugueses que viviam lá fora ou haviam viajado demoradamente pela Europa tiveram papel de relevo em apontar os seus muitos defeitos e em preparar a sua revisão total. Estes estrangeirados, como se lhes chamou com certo desprezo, foram em grande número, e enorme a sua contribuição no fomento do progresso cultural. Podiam bem comparar-se com os humanistas do século XVI, que estudaram fora do país. Houve-os diplomatas, residentes em vários países, exilados políticos, oficiais do exército, ou simples turistas." (página 376)
Que a natural bondade do leitor me permita uma pergunta bem intencionada: Será que as coisas mudaram  assim tanto desde então?
Outro livro a não perder é este de Ha Chang, um oriental ocidentalizado, como o seu nome claramente indica. Ainda para mais professor na Universidade de Cambridge, o que não está ao alcance de qualquer candidato. Uma outra visão das coisas, fundamentada ainda por cima.
Em relação aos tomarenses, com um involuntário presente logo na capa: Uma ilustração de um dos nossos autarcas, em meditação assaz profunda. Apesar de ainda lhe restar muito pescoço, caso decida aprofundar a reflexão, que o concelho e a cidade bem precisam... Com urgência, uma vez que sem planos coerentes não se consegue chegar a lado nenhum.

2 comentários:

Anónimo disse...

Este Medina Carreira, só o compra quem não o conhecer. Conhecido como o arauto do fim da despesa social do Estado, fala do alto da sua reforma de quase 10.000 euros, antecipada em 4 anos há época em que lhe foi concedida. Nessa altura certamente advogava o Estado Social como garante da coesão nacional entre outras "virtudes" da governação.
Tinha como companheiro de luta o famoso Hernâni Lopes, outro bafejado pela reforma dourada de quase 9.000 euros, atribuída antes da chegada dos 50 anos (se não me engano reformou-se aos 48 anos), e que tal como M.Carreira, esbracejava brandindo a "espada" da crise cuja culpa estava nos reformados e nos desempregos, esses sim os "bandidos" que secam as finanças públicas.
Os dois tinham uma coisa em comum: falavam de barriga cheia. Como diz o velho ditado "pimenta no cú dos outros é refresco..."

Mas é a personagens como estes dois que atrás mencionei, e como eles há por este país fora carradas de gente a pregar moralidade ao mesmo tempo que defendem os seus tachos nem que para isso tenham de matar a mãe, que o país está expurgado das suas riquezas.

Curioso é o facto de nunca ter ouvido da boca de personagens tenebrosas como este M. Carreira e outros da mesma laia, que é uma injustiça e uma pouca vergonha a banca, com os seus lucros de milhares de milhões, não ser taxada em IRC ao mesmo nível que as PME's, isto é, enquanto os "desgraçadinhos" dos banqueiros pagam 10 por cento sobre o que declaram (que nunca corresponde ao valor real), os pequenos empresários "arrotam" com mais de 20 por cento.

...é só justiça social..é só democracia...!!!

Anónimo disse...

Blá blá blá blá...

Sempre a dizer a mesma coisa, qual cassete retrógrada, sem apontar idéias para o futuro.

Acha mesmo que é assim que chega lá, Shô professor ? :)

Paulo Grácio