sábado, 23 de julho de 2011

Portugal e a Grécia fora do euro?

Andrew Harrer/Blomberg/Le Monde

Keneth Rogoff é professor de economia na prestigiada Universidade de Harvard, ex-economista do FMI, autor do êxito de vendas "Desta vez é diferente: oito séculos de loucura financeira" (Parsons 2010, em inglês USA) e especialista das crises  financeiras. Numa entrevista hoje publicada no diário parisiense Le Monde, proferiu palavras graves, pondo em causa a continuação de Portugal e da Grécia na zona euro. Seguem-se os excertos mais significativos da sua intervenção, que em Portugal jornais e televisões só deverão difundir lá para segunda ou terça-feira. Eventualmente numa tradução tão boa como a das recentes declarações de Robert Murdock perante a justiça inglesa. Tendo dito que era o dia mais humilhante da sua vida, em português apareceu "o dia mais humilde da sua vida". Convenhamos que "humilhante" =  que humilha, rebaixa ou vexa, não é o mesmo que "humilde" = modesto, simples, obscuro, pobre, medíocre, respeitoso, acatador, tudo qualificativos que não assentam de modo algum no multimilionário Murdock. Mas o ensino do português está como está e os resultados aí estão. Como bem sabe qualquer agricultor, mesmo de poucas letras, "só se colhe aquilo que antes foi semeado".
 Ainda não foi desta que a Europa conseguiu resolver a crise...
Por enquanto tomaram apenas as medidas indispensáveis para ganhar tempo. Algumas semanas, em relação aos mercados. Continua a faltar a solução radical, determinante. Os dirigentes europeus nem sequer evocaram claramente a situação de Portugal ou da Irlanda. Até onde se poderá apoiar a Itália? Qual o futuro do euro? Vão ou não criar uma união fiscal? Todas estas dúvidas continuam sem resposta. O que foi dito e feito é apenas mais um passo, o mínimo para evitar uma derrocada iminente.
Na sua opinião, o que falta fazer?
A crise só será ultrapassada quando se conseguir reduzir drasticamente a dívida grega, provavelmente na ordem dos 70%.  E as da Irlanda e de Portugal também, embora em menores proporções. A Espanha e a Itália necessitam de ir ainda mais longe no saneamento das suas finanças. Quanto à Alemanha e à França, vão ser forçadas a recapitalizar os respectivos bancos, que bem necessitados estão. Com urgência. Os stress tests de 15 de Julho não estiveram de modo algum à altura da situação. Teria sido necessário forçar os bancos a recapitalizar-se "massivamente". O malogro da operação mostra o problema de "governança" da Europa.
O euro continua em perigo?
Há claramente o risco de que a Grécia, tal como Portugal e sem dúvida outros países, devam sair provisoriamente da zona euro. O que não impedirá o euro de continuar a existir. Foi talvez demasiado ambicioso aceitar a adesão ao euro de certos países, que teriam necessitado de mais algum tempo. Mas o núcleo da união monetária, constituído pela Alemanha e a França, continua muito sólido.
Não terão os planos de austeridade gregos, concebidos em grande parte pelo FMI, contribuído para agravar ainda mais o problema?
Teria sido necessário encarar desde o princípio uma reestruturação da dívida grega, mas os europeus não queriam sequer ouvir falar de incumprimento. Para países como a Grécia, Portugal ou a Espanha, com um crescimento quase nulo, o nível de endividamento não é sustentável. Por conseguinte, respondo negativamente. O FMI não é culpado. Limitou-se a fazer o que a Europa lhe pediu e que constitui talvez o seu único erro. Foi a Europa que fez um diagnóstico errado.
No seu livro, descreve as múltiplas falências de Estados ao longo da história. Desta vez é diferente?
A verdadeira pergunta é a seguinte: Pode um país sobreviver a uma falência? Tanto para a Grécia como para Portugal, a melhor solução consiste seguramente em anular uma grande parte das respectivas dívidas, para que possam retomar o crescimento. O que não seria de modo algum o fim do mundo.
A falência de um Estado é afinal algo de bastante banal e sabemos como gerir o problema de uma reestruturação. Mesmo que a pertença à zona euro obrigue a rever alguns detalhes.

Declarações recolhidas por Claire Gatinois e Marie Vergès/ Le Monde, 23/07/2011, página 11

3 comentários:

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

E vejam só: um conjunto de bandos terroristas do sistema partidário português, apoiados por um conjunto de velhas camarilhas que herdaram residência vitalícia na esfera estatal, coadjuvados por outros apoios lambujentos de ocasião e outras inopinadas adesões ao movimento golpista bem montado, conseguiram convencer (com tal armamento!!!) parte dos portugueses de que o grande responsável da crise internacional tinha um nome:José Sócrates!

O Parlamento de Portugal, a classe política portuguesa no activo, a chamada intelectualidade portuguesa, as ressequidas carcaças da sapiência nacional, os trafulhas políticos deste nosso país, haverão de um dia destes de responder pela miserável e traidora mentira que conduziram à maior derrota da democracia e da nossa Pátria nás últimas dezenas de anos.

No PS essa gentalha voltou a alcandorar-se no poder do PS, em íntima conformidade com os vencedores no dia 5 de Junho de 2011.

Mas o povo tem memória.

Anónimo disse...

Eu também acjho que Portugal deve ficar fora do Euro! Para fazerem a mesma figura que fizeram no último Mundial...

Anónimo disse...

É caso para gritar:
- Viva o Dolar!
- Vivam os EUA!
- Viva Obama!