sexta-feira, 22 de julho de 2011

Diagnosticar a doença para a seguir propor uma terapêutica eficaz


Acabo de receber este comentário, cujo estilo simples e directo me "diz" que é genuíno. Que não se trata de mais uma brincadeira de um engraçado qualquer, a tentar dar nas vistas enquanto se  abriga na barraca do anonimato. Um comportamento canino, corriqueiro por estas bandas. Respondo por isso de boa vontade e no meu jeito peculiar -frontal e sem floreados inúteis.
Seria mesmo um desafio importante conseguir geminações com cidades prestigiadas, caso houvesse alguma hipótese de as urbes convidadas poderem vir a responder afirmativamente. Acontece, infelizmente, que nenhuma o faria nas circunstâncias actuais. Não por má vontade, mas simplesmente porque Tomar, no estado actual das coisas, está um pouco para Toledo, Aigues Mortes, Jerusalém ou Paris, como um pedinte SDF (sem domicílio fixo) para moradores na Lapa ou na Quinta da Marinha. Quando muito dar-lhe-ão ocasionalmente algumas esmolas, mas evitando custe o que custe serem vistos na sua companhia.
Quem quereria nesta altura figurar no placa de geminações, colocada junto à câmara de uma cidade esventrada pelas obras, sem acessos dignos ao principal monumento, sem estruturas adequadas ou sequer vontade de as vir a implementar, sem sinalização, sem guias capazes, sem casas de banho, enterrada em dívidas até às orelhas e sem soluções para pagamento das mesmas, ou indícios de as vir a encontrar???
Ante tal rol de carências, asneiras e chagas, elaborar e implementar um plano para geminar Tomar com Toledo constituiria apenas mais uma diversão bem ao estilo tomarense, cujos adeptos adoram nadar em potes de iogurte, navegar e pescar em águas passadas, discutir a doença após a morte do paciente ou trancar as portas após a casa ter sido assaltada.  
Que não se julgue, contudo, igualmente à boa maneira nabantina, estar eu a tentar escapulir-me à tarefa. Para mim seria ao mesmo tempo um prazer e um entretimento, pois tudo o que os leitores fazem o favor de ler neste blogue, que não seja copiado, é escrito sem rascunho prévio; directamente e sem pausas. Por conseguinte...a dificuldade não reside na prévia elaboração mental e subsequente versão escrita. Trata-se, isso sim, de renitência provocada pela antevisão de que seria um trabalho inútil e até prejudicial para o futuro de Tomar enquanto comunidade humana.
Salvo melhor opinião, fundamentada, pois claro!, é meu entendimento que, mais tarde ou mais cedo, quem quiser iniciar a recuperação local terá de, antes de mais, descer do pedestal da sua pretensa auto-suficiência, ouvir os outros com humildade, aceitar opiniões adversas e colaborar na elaboração do prévio diagnóstico da doença e suas causas próximas ou longínquas. Só na fase seguinte será profícuo tentar estabelecer uma terapêutica susceptível, no estado actual dos conhecimentos, de vir a erradicar a maleita. Insistir em debates do tipo daquele agora em curso no Facebook, sobre a triste prestação da TVI durante o cortejo dos tabuleiros (ver post de logo à noite), equivale a chover no molhado ou a chorar o leite derramado, quando como é bem sabido, o que já não tem remédio, remediado está.
Alguma vez os tomarenses em geral ousarão assumir-se como cidadãos responsáveis e participantes nos problemas da sua cidade? Continuam a acreditar em milagres e em homens providenciais? Eu não. Mas sozinho só faço o que que posso.

4 comentários:

Anónimo disse...

Toledo ?! ...
E porque não Santiago de Compostela, Istambul ou Moscovo ?

Anónimo disse...

Sr. Prof. António Rebelo, numa das suas caminhadas pelas artérias cá do burgo passe pela R. de Coimbra e observe a nova calçada granítica junto ao prédio do Sr. Vereador Victorino (e associados) que dá para a R. da Carrasqueira, fotografe e comente.

Toda a dita requalificação da R. de Coimbra até à rotunda da Venda Nova (IC9) é de 2006 e, claro, tem a marca impressiva do grande timoneiro da Tomar-rica (a Cascais do Ribatejo) Paulino da Trofa.

Parece-me que esta mini calçada é um símbolo do despesismo e da desnecessidade!

Observe, analise e depois opine aqui!

Muito obrigado.

Zé da Ponte da Vala, humildemente ao seu dispor.

assim desgarrada

Anónimo disse...

Sr. Prof. António Rebelo, numa das suas caminhadas pelas artérias cá do burgo passe pela R. de Coimbra e observe a nova calçada granítica junto ao prédio do Sr. Vereador Victorino (e associados) que dá para a R. da Carrasqueira, fotografe e comente.

Toda a dita requalificação da R. de Coimbra até à rotunda da Venda Nova (IC9) é de 2006 e, claro, tem a marca impressiva do grande timoneiro da Tomar-rica (a Cascais do Ribatejo) Paulino da Trofa.

Parece-me que esta mini calçada é um símbolo do despesismo e da desnecessidade!

Observe, analise e depois opine aqui!

Muito obrigado.

Zé da Ponte da Vala, humildemente ao seu dispor.

Teodoro Gaspar disse...

E já contemplava as rotundas descentradas e de diametro exagerado que não permitem que um pesado circule coms segurança e sem subir passeios?
E já contemplava agora a despesa de alteração nas Calçdas/Pesqueira?

Não se podia ter feito uma requalificação gastando muito menos?

Poder podia mas não era a mesma coisa e JJR agradece