Numa terra particularmente fustigada por uma crise que ninguém parece saber quando ou sequer se acabará, bem gostaria de escrever positivo. Não sendo "sado-maso", custa-me zurzir sistematicamente, mas quê?! Se vejo chover, não posso dizer que está um lindo céu azul... Restam-me portanto algumas pequenas alegrias. Neste momento apenas a oportuna e exemplar limpeza da Mata dos Sete Montes, a merecer forte aplauso, bem como a corajosa decisão do presidente Carrão, ao impor limites severos às despesas com os perto de 200 telemóveis da autarquia. Só é pena que os eleitos se tenham mais uma vez resguardado...a revelar o seu pensamento dominante: a austeridade é muito boa, mas é para os outros.
A propósito de austeridade, apesar da sua muito delicada situação financeira, o município decidiu levar a efeito mais uma edição do Congresso da Sopa, tendo conseguido uma série de contributos, dos quais cabe destacar o Turismo de Portugal e a Delegação Norte do Turismo de Lisboa e Vale do Tejo. Tendo em conta os ditos contributos, mas também e sobretudo que as coisas ou se fazem o melhor possível, ou é melhor nem as fazer, não se entende de todo a actual situação. Refiro-me ao manifesto desinteresse da autarquia pelo evento, do qual resultou a agora impossibilidade prática de construir o açude e pôr a velha Roda do Mouchão a trabalhar. É meu entendimento que sem esse admirável quadro turístico-bucólico, melhor seria realizar o congresso sopista na Mata dos Sete Montes. Há mais espaço, é mais recatado, é mais tranquilo e os congressistas poderiam sentar-se...
Para além desse lamentável aspecto e não querendo ser ave de mau agoiro, parecem-me contudo bem sombrias as perspectivas para a edição deste ano. Há as portagens, o preço da gasolina, a austeridade e o desemprego. Há o tempo, que se anuncia chuvoso (ver ilustração acima). Há finalmente o carácter rebarbativo do nome do congresso, numa altura de grave crise. Ao contrário do que acontecia na época das farturas e das vacas gordas, em que era piadético participar num congresso de sopas, agora o vocábulo tem uma conotação fortemente negativa. Faz pensar na Sopa do Sidónio, na Sopa Popular, na Sopa dos Pobres, na Sopa da portaria dos Conventos. E neste país ninguém admite ser pobre. Só quando seja para se eximir a alguma obrigação fiscal. Ou para conseguir um subsídio qualquer.
Como se tudo isto ainda fosse pouco, entre as quarenta sopas propostas há pelo menos três que os congressistas nunca admitirão publicamente ter provado. Trata-se da "Sopa à galifão" (Associação de Pais dos Casais), da "Sopa da Sogra" (Pica-pau Amarelo) e da "Sopa do Corno" (Piri-Piri). Estão a ouvir um participante proclamando que anda a comer Sopa da Sogra?! Haveria logo quem dissesse -Este gajo não tem vergonha nenhuma! Vir para um congresso da sopa e trazer a dita de casa! Para já não falar num recém-divorciado, admitindo estar a comer a "Sopa do corno"...que é sempre o último a saber. Ou pelo menos era! Quanto ao caldo à galifão, fica ao cuidado de quem lê imaginar a cena com os políticos que temos...
Bem dizia a Ivone Silva: "Isto é que vai uma crise!!!"
2 comentários:
Quer dizer, meu amigo, que a sopa vai ser aguada.
Maria
DE: Cantoneiro da Borda da Estrada
Ah ele é isso? - Vai mesmo chover?
Assim cancelo a ida a Tomar e à sopa.
Que bela informação/propaganda!
Estes autarcas nabantinos não pescam mesmo nada de chuvologia.
Valha-nos o Tomar a Dianteira!
E depois acresce ainda,
"... as portagens, o preço da gasolina, a austeridade e o desemprego."
Boa alembradura!
Prometo que a partir de 2018... não faltarei a nenhuma sopa: os ladrões/burlões que me confiscaram dinheiro que era meu e só meu (nada a ver com chulice no OE)prometeram devolver-mo aos bochechos por essa altura. Bem sei que estão a calcular que já esteja morto...
Obrigadinho.
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