quarta-feira, 22 de maio de 2013

Autárquicas: As ilusões do costume


A cidade afunda-se no desemprego crescente, na miséria para alguns, no desespero dos jovens, nos prédios em ruínas, nas falências, nas ruas porcas e na apatia geral. A população vota com os pés quando pode. Perdemos 2400 habitantes em dez anos. Os pseudopolíticos locais continuam a sua obra: a realidade é que tem de mudar, porque nós estamos cheios de razão. 
Salvo muito improvável sobressalto de última hora, nas próximas autárquicas vamos ter seis formações concorrentes; as do costume. Três grandes em votos abarbatados = eleitores ludibriados; três pequenas ou cambutas, com os sufrágios costumeiros. Das três primeiras, já o escrevi antes, nada há a esperar. No mandato que vai terminar, se o PSD nada melhorou, antes pelo contrário, PS e IpT tão pouco foram capazes de dominar o laranjal, apesar de jogarem a 4 contra três. Se nem assim, valerá a pena insistir na asneira?
Pelas bandas dos minorcas, sendo a situação o que é, só a CDU ainda poderia conseguir alterar substancialmente a relação de forças, buscando acordos à esquerda (BE) e à direita (PS, IpT). É porém quase certo que o não conseguirá, conhecida a nula elasticidade dos líderes respectivos. Embora cientes, no que concerne a alguns deles, da sua evidente fraqueza, apostam no antijogo, na obstrução: enquanto eu o ocupar, ninguém me rouba o lugar.
Assim, serão três os grandes grupos de eleitores em Setembro ou Outubro. Em primeiro lugar, destacado, o dos desiludidos, que já perceberam que isto não tem conserto, pelo que nem vale a pena perder tempo a ir votar. Serei um deles. Seguem-se os que, não conseguindo ver mais, votam no mal menor,  no candidato que joga em casa. Finalmente, a malta da pesada, a esquerda pura e dura, que não vota para ganhar, sequer para eleger o seu candidato. Apenas para se contarem. Ficarão todos satisfeitos se conseguirem mais votos que há quatro anos.
A seguir teremos mais quatro anos a partir pedra, a serrar presunto, a deixar correr o marfim e a mastigar marmelada. E assim sucessivamente, até que haja concelho. Como já houve em Paialvo. Como já houve na Asseiceira...

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