sábado, 25 de maio de 2013

Leitura muito instrutiva




Seria exagerado e lisonjeiro escrever que estamos perante uma obra literária. Tão pouco se pode falar, parece-me de grande escrita ou de estilo de primeira água. A agravar a situação, o editor abusou da boa- fé do leitor, aumentando um bocadinho o tipo de letra e exagerando no espaçamento dos diálogos (ver ilustração supra). De tal modo que as 278 páginas do livro caberiam facilmente em menos de duzentas, com uma arrumação mais conforme aos tempos de poupança que correm.
Ainda assim, trata-se de leitura muito instrutiva para todos aqueles que, a qualquer título, se interessam pelo palco político português e pela micro-pista eleitoral nabantina, na qual praticamente não há políticos. Apenas figurões e figurantes.
Dois excertos para iniciados:

"O professor e ex-amante dissera-lhe:
-Pense lá numa coisa, minha menina. A democracia é relativa, certo?
-Em que sentido?
-Bom, temos alguns independentes, a maioria é massacrada pelas organizações partidárias. E depois temos cerca de duzentos mil militantes. São eles que governam. São sempre eles. Não muda. E a mudar, como aconteceu com o Ricardo Leal Raposo, vindo da juventude partidária, é como um legado que os mais velhos acompanham, mimam, e fazem crescer. Ninguém tem a oportunidade de furar este esquema. Se se quer mudar o mundo, temos de votar, e votando só temos estes senhores em quem votar. Parece-lhe democrático?" (Página 242)

... ..."Que o ministro-adjunto tivesse mais poder que o primeiro-ministro só podia pasmar o povo. Os jornalistas já se tinham habituado e alguns também pertenciam a uma qualquer loja que devia Obediência à Loja-mãe. Sim, ela sabia disso." (idem)

E depois ainda querem que eu vá votar nas próximas autárquicas? Para quê?

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