"Foi num terreno onde um tio do falecido Duquenet vive numa caravana, junto com a mulher e um filho, em St.-Romain-sur-Cher, que o corpo sem vida foi deixado durante a noite. Miguel, um primo dele, que conduzia o automóvel na altura do disparo mortal, descarregou o cadáver e fugiu logo a seguir. Consta que terá jurado entregar-se à autoridade logo após o funeral, mas três dias mais tarde continuava em fuga.
"O Miguel quer testemunhar, jurou-nos a mãe a seguir ao enterro. Eles não fugiram nada da operação stop; os guardas republicanos queriam matá-los. O Miguel ainda travou quando viu os guardas, mas eles já tinham disparado sobre o Luigi." O procurador da República de Blois declarou-nos estar muito interessado em ouvir logo que possível esta versão do sucedido. Entretanto, os familiares desculpabilizam o defunto "porque não se mata um jovem assim."
No entanto, Luigi Duquenet forçou o destino nessa sexta-feira 16 de Julho, em Onzain, uma aldeia de 3.500 habitantes, situada 15 quilómetros a sul de Blois, onde viveu quando era mais novo. Por volta das oito da noite, roubou uma nota de 20 euros a um jovem de 17 anos, que acabava de a retirar de uma máquina ATM, segundo relataram algumas testemunhas. Imediatamente a seguir, na presença do roubado, foi tomar uma bebida ao café situado em frente e pagou com a nota furtada.
Alertados por telemóvel, os pais do menor avisaram a guarda republicana, que enviou imediatamente uma patrulha para o local. O incidente podia ter sido logo resolvido. Porém, pouco interessado em chegar a uma solução, já veremos porquê, Luigi Duquenet -que nunca julgou ser necessário tirar a carta de condução, tendo já sido condenado mais de vinte vezes por infracção ao código da estrada, ofensa à autoridade, rebelião e roubo- saltou para o Renault 19 e fugiu em grande velocidade. De acordo com as testemunhas citadas anteriormente, um dos guardas, com mais de 50 anos, só teve tempo de se agarrar ao capot, para não ser esmagado. Acabou por ser cuspido, após uma gincana louca de cerca de 500 metros.
François Chisserez, o pai de Luigi, que se encontrava num outro distrito na altura dos factos, deu a sua versão a um jornal local, na véspera do funeral. Segundo este homem com os braços cobertos de tatuagens e com a cabeça brilhante, porque tratada à navalha de barba, o seu filho "que tencionava reconverter-se na jardinagem" limitou-se a "sacar a nota de vinte euros, e mais nada; depois não parou porque não tinha carta e como se calhar tinha bebido, teve medo." Acrescenta que "Luigi não queria fazer mal ao guarda, este é que saltou para cima do capot para evitar que o carro andasse. Se Luigi tivesse andado muito depressa, como dizem, o guarda teria sido gravemente ferido. Não foi o caso, insiste. Ao cabo de 500 metros o meu filho afrouxou e o guarda deixou-se cair."
O pai tem razão num aspecto, Luigi tinha efectivamente bebido. As análises indicaram 2,04 gramas de álcool por litro de sangue e positivo à cannabis. Além disso estava em fuga, segundo o procurador da República, que o descreveu como "viciado na pequena delinquência desde tenra idade".
Preso em 2009 em Orléans, beneficiara no princípio de 2010 do regime de semi-liberdade, que o autorizava a trabalhar durante o dia mas obrigava a regressar à prisão para aí passar a noite. Todavia, o alegado emprego era fictício e como o juíz da aplicação de penas acabou por descobrir a tramóia, uma tarde Luigi Duquenet esqueceu-se de regressar à prisão. "Um mandato de busca e detenção em seu nome foi emitido em 25 de Março", esclareceu-nos o procurador da República."
Patrícia Jolly/Le Monde
(Continua)
Sem comentários:
Enviar um comentário