sexta-feira, 9 de julho de 2010

COMO SEMPRE DEMASIADO CRÉDULO...

Como sempre demasiado crédulo, na natural bondade, na honestidade e na sinceridade dos homens. Sobretudo quando se afirmam sinceros defensores da coisa pública e incansáveis trabalhadores em prol do progresso. Ou, visto de outro modo, mais uma viagem à senhora da asneira. Explicando.
Aqui há uns quatro ou cinco anos (como o tempo passa!), tendo lido e ouvido falar numa ida ao Convento através da antiga Cerca, de uma plêiade de tomarenses, liderados pelo então presidente António Paiva, embora não convidado, lá foi reconhecer o terreno na véspera. Pensei que para tão ilustre grupo tudo teria sido devidamente limpo e arranjado. Estava enganado. Arranhei-me todo, mas depois da visita, tendente a preparar a empreitada de requalificação do acesso pedonal ao Convento através da Mata, considerei-me ressarcido - posteriormente, não houve nenhum participante na aventura paivina que não me tenha dito o pior da iniciativa. Até fundadores do PSD local...





Passaram os anos, mudou a presidência, veio a crise que aí está, para medrar e durar. Começaram as obras da estranha empreitada da Mata que (há acasos curiosos!) foram adjudicadas por um duo de empresas: a Vedap, especialista em vedações e jardins, em parceria com a Aquino SA, cujo responsável operacional é... António Paiva, o anterior presidente da câmara de Tomar e "pai" do dito projecto.
O vereador da cultura e do turismo, Luís Ferreira, decidiu apadrinhar a comemoração do cerco ao Castelo, em 1190, cujo principal episódio (ao que se diz, mas carece de qualquer fundamento sério), ocorreu na Porta da Almedina, desde então popularmente designada por Porta do Sangue.
Pensei para comigo -Desta é que foi! Devem ter procedido à limpeza e ao alindamento de tudo aquilo, de forma a não desencorajar futuros passeios do mesmo tipo. E lá fui, cheio de esperança, convicto de que finalmente as coisas estavam mesmo a mudar.
Aquele agradável e longo túnel de arvoredo, antes tão carecido de limpeza e agora já como melhor aspecto, mesmo que sem grande qualidade nos detalhes, impeliu-me em direcção à Charolinha.
Fiquei encantado! Tinham finalmente cuidado daquela circular edícula renascença, única no país. Abençoados sejam! E zarpei alvoraçado, rumo à Porta da Almedina, que julgava eu, pobre ingénuo, iria rever finalmente como no tempo do jardineiro Matos, nos idos de 60 do século passado. Quando tanto os jardineiros como os guardas do convento auferiam mensalmente a soma fabulosa de 640 escudos = 3,20 euros.

Foi a completa desilusão! Continua tudo ao abandono, conforme documentam as fotografias. Muito pior do que nas savanas africanas, porque o raio das silvas arranham que se fartam. E não se consegue ver nada de jeito. Nem sequer a única cruz tutelar templária conhecida em Portugal.
De regresso a casa, tive de calcorrear o tapete de pó em que as obras (que estão paradas, vá-se lá saber porquê...) transformaram a antiga via de acesso à Almedina. Quando cheguei, disseram-me que mais parecia um peregrino do século XII, ao chegar a Santiago, com a parte inferior das calças, os sapatos e as meias, tudo cor da terra.
Aqui fica o aviso aos incautos. Se tencionam participar na brincadeira (com o devido respeito pelo Mestre Jana e por todos os que, de boa mente, apenas pretendem o melhor para Tomar), do próximo domingo, dia 11, a partir das 10 da manhã, já sabem: garrafinha de água, cajado ou bengala para afastar a vegetação, sandálias com meias espessas, calças resistentes e camisa de mangas compridas, por causa das arranhadelas. Muita pachorra e coragem para dizer a quem de direito que assim não. As coisas ou se fazem com qualidade, ou vale mais estar quieto. Fica mais barato e não desilude ninguém. Assim como assim, até já começamos a estar habituados.

António Rebelo

10 comentários:

Anónimo disse...

Proponho que em vez de "passeio" a iniciativa seja uma sessão de trabalho para limpar toda aquela porcaria...

Luis Ferreira disse...

Um pouco precipitado o seu comentário, como verá.

Já foi realizada, hoje de manhã, uma intervenção no percurso entre a Porta da condessa e a Porta do Sangue, pelos Sapadores Floretais, ao serviço da Proteccao Civil Municipal.

Para tal se teve de aguardar pela respectiva autorização do ICNB, porque como saberá, o espaço não é propriedade da autarquia e nos não poderíamos entrar por ali a cortar mato ou arvore sem o devido acompanhamento e/ou autorização, a qual só há dias chegou.

A "brincadeira" de dia 11, como muitas outras que fazemos são oportunidades e desafios para a melhoria do serviço que prestamos aos cidadãos.
Não estará tudo pronto no Domingo, como é obvio, porque muito vai ainda ser feito nos próximos meses de forma a valorizar, sob o ponto de vista patrimonial e ambiental a Mata e os acessos ao Castelo, mas é precisamente isso que estamos a fazer: Roma e Pavia não se fizeram num dia. Como corredor de fundo que sou, estou agradecido pela lembrança da evocação do Cerco de 1190 e pelas dificuldades que ainda estão para resolver para a sua devida fruição, mas de erro na próxima evocação em 2011 ou 12, o espaço estará irreconhecível. Este é o caminho que estamos a trilhar e a fazer e o balanço, faça-onportugal favor no final do mandato em 2013. E estou certo que será justo na sua avaliação.

Obrigado e lá o espero no próximo Domingo

Unknown disse...

Meu caro conterrâneo:

Obrigado por tão agradável notícia. Fico muito mais contente, porquanto nunca critiquei nem critico pelo prazer de dizer mal, por sadismo, ou para dar nas vistas. Tenho-o feito e tenciono continuar a fazê-lo apenas para memória futura e como modesta tentativa para melhorar a nossa bem triste situação.
No caso presente, decidiram resolver ainda a tempo o mais imediato. Pois tanto melhor. Dito isto, continuo convencido de que estamos a avançar cada vez mais rapidamente contra o muro dos novos contextos. A seu tempo se verá quem está equivocado. E talvez nem seja necessário esperar até às autárquicas de 2013...

Luis Ferreira disse...

Queira desculpar? "avançar contra o muro dos novos contextos"? Juro que não entendi pêva.

Então mas aquilo não é para valorizar? E a Porta da Condessa para ser mais um acesso ao Castelo? E o caminho entre a vila de baixo e a de cima para ser reposto?

Para mim sim.

Unknown disse...

É algo de bem difícil, explicar-te em poucas linhas essa do muro dos novos contextos, rumo ao qual continuamos a ser arrastados, cada vez com mais velocidade. Fica para ocasião mais propícia. Quando tiveres vagar, disposição e vontade. Mas sossega. Pouco ou nada tem a ver com a Porta da Almedina, a Torre da Condessa ou a Vila de Cima (Santa Maria do Castelo).
Tem a sua causa profunda no facto de continuar a não existir um plano estratégico para a cidade e para o concelho, nem algo que se lhe assemelhe. Há o PDM,é verdade, mas esse quando nasceu já era um trambolho, o que nem admira, quando se conhecem os seus progenitores e as trapalhadas durante o complicado parto, com a criatura extraída a ferros.
Abreviando, avançarei que estás perante duas hipóteses, nenhuma delas agradável, sendo todavia certo que cada homem é um produto da história, que pode alterar a sua própria história.
Essas duas hipóteses são 1) Apesar do teu dinamismo, entusiasmo, euforia e voluntarismo, ou se calhar por causa disso mesmo, dificilmente chegarás ao final do mandato como vereador a tempo inteiro; 2)- Se, contrariando o mais provável, chegares a 2013 ainda nessa qualidade, tão cedo não voltarás a conseguir tal lugar.
Quem cá estiver verá.

Cordialmente,

António Rebelo

Anónimo disse...

O sr. Luis Ferreira, pago a peso de ouro para aquilo que vale, não tem nada que fazer na Câmara Municipal senão passar o tempo a dissertar neste blogue à hora do patrão? Ou está a utilizar aqui em Tomar a técnica do casaco que usou noutros locais?

Anónimo disse...

Disse Funiculum que a antiga Messe dos Oficiais vai ser deitada abaixo durante um período de um mês.

Há dias escrevi neste blogue que havia desenvolvimentos sobre a Messe, eram estes.

Depois do artigo que escrevi, há alguns meses, no Templário sobre a possível manutenção do RI 15 em Tomar, voltei a contactar o CEME sobre a situação da Messe, porque tinha visto no local Oficiais do Exército acompanhados de civis. O CEME recomendou que entrasse em contacto com o MInistério da Defesa, o que fiz.

Posteriormente, soube, em conversa com Vereador C. Carrão, que o presidente da CMT, Dr. Corvêlo de Sousa, também estava em contacto com o Ministério da Defesa sobre o mesmo assunto.

Viemos a saber que o que resta da Messe dos Oficiais ia ser deitado abaixo e o entulho vendido a civis.

Há cerca de uma ano fui informado por militares que estava a ocorrer um movimento liderado por um General do Exército com o objectivo de "transferir" a Messe dos Oficiais para o Entroncamento, onde existem edíficios do Exército disponíveis que podem ser readaptados. Informei, através da Rádio Hertz, desta situação, nada se fez, nem mesmo durante a campanha eleitoral autárquica.

A Messe dos Oficiais vai ser deitada abaixo. Tomar perde mais um equipamento, e vai perdendo estatuto. Os Oficiais das Forças Armadas perdem se forem para o Entroncamento, que não se pode comparar com Tomar.

Tomar está a morrer lentamente. A alma dos tomarenses já morreu há muito.

SÉRGIO MARTINS

Anónimo disse...

Caro Sérgio Martins,

Acompanho com seriedade os seus escritos e tomadas de posição sobre a situação de Tomar.

Infelizmente, digo-o por ser verdade, o meu amigo não tem sido ouvido, talvez por estar muito à frente quer na análise das situações quer nas terapias que vem recomendando, porque a maioria dos políticos locais não lhe chegam aos calcanhares e isso é, para eles, uma tragédia de difícil digestão.

Essa é a verdade.

O Sérgio Martins já hã muito tempo que demonstrou que não é nenhum paragaio falante e não evita os pingos da chuva.

Se Tomar tivesse meia dúzia de cidadãos do seu gabarito, acredito que muita coisa já tinha sido alterada. A verdade é que a grande maioria, dos que de vez em quando querem dar o ar da sua graça, tem o "rabo preso" a interesses que não serão certamente os prioritários para (re)construir o futuro de Tomar.

Creia-me com consideração

José Soares

Anónimo disse...

Obrigado Zé, estou muito comovido com a tua deferência! palavra que quase não consigo conter as lágrimas...mas garanto-te que seja como for nunca me verás jogar na tua equipa, nem tu jogarás na minha, por muito que te ponhas a jeito!
Por muito totós que "póssamos" ser, há asneiras que o mais elementar instinto de defesa nos impedirá de cometer...

Anónimo disse...

Se jogar em equipa é estar sempre de acordo com o chefe, qualquer que ele seja, e não pensar pela própria cabeça, então não temos equipa mas...

Claro que não me refiro a nenhuma equipa em especial, mas tão sómente aquelas pessoas que não sabem viver senão debaixo do mando de alguém, mesmo que queira dar uns laivos de pensador(a) independente.

Quanto ao jogar em equipa, ainda está para aparecer (cá pelo burgo) alguém que dê lições e lhe seja reconhecido tal mérito.

Aprecio o confronto de ideias sem subserviências.

Aprecio o confronto de projectos com quem no mínimo saiba do está a falar.

Aprecio, acima de tudo, independentemente de estarem ou não vinculado a grupos ou partidos (às vezes a diferença está apenas na nomenclatura), aqueles cidadãos que não recusam dizer o que pensam, independentemente das nuances "estratégicas", que se assumem como homens livres, e que nunca viram a cara à luta, mesmo quando esta não lhe é particularmente vantajosa.

Ser livre é podermos dizer a todo o momento o que sentimos, sempre com o maior respeito pelo outro.

Eu sei que para alguns isso é muito difícil. Diria mais, quase impossível! Por isso é que a sociedade é o que é.

Desculpe, está com depressão? Porque não uma ida a um especialista? Olhe que não se arrependerá.

Com amizade.

José Soares