quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

AFIGURAÇÕES NABANTINAS...


Uma solene comitiva tomarense, integrando cidadãos que se consideram a vanguarda das forças vivas concelhias, rumou esta manhã a Lisboa., no autocarro do município. Foram entregar na Assembleia da República uma petição com mais de sete mil assinaturas, a favor da suspensão imediata da reestruturação em curso do CHMT. A esta hora estarão decerto convencidos que causaram forte impacto nos deputados presentes, tal é a força da razão tomarense. Pura ilusão, creio eu. Desde logo, porque não terão coligido informação suficiente para enquadrar a nossa real situação no todo nacional e no actual contexto. 
Caso se tivessem dado ao trabalho de efectuar essa útil preparação prévia, evitariam figuras tristes, que traduzem muito claramente a incapacidade de muitos conterrâneos para entenderem cabalmente o mundo em que vivemos. Que já não é o de há dois anos, quanto mais agora o do século passado! Enquanto os arautos da contestação desperdiçam tempo e energias, em acções cuja utilidade é na prática quase nula, outros concelhos vão tratando da vida, preparando o futuro e procurando criar riqueza pela audácia e pela inovação, com os pés bem assentes na terra.
Tal é o caso desta manchete do Jornal de Leiria, noticiando  que o Município de Óbidos reabilita e dá nova afectação a uma igreja da vila. Enquanto isto, em Tomar, o antigo Convento de Santa Iria continua a aguardar o príncipe encantado que o transformará em "Hotel de Charme de pelo menos quatro estrelas e 60 quartos." Mais uma das frequentes afigurações tomarenses...


                                                Tomar a dianteira

Precisamente no caso da reforma hospitalar em curso, o mesmo Jornal de Leiria noticia que os hospitais de Peniche e de Alcobaça vão passar a centros de cuidados continuados,  Caldas da Rainha concentrará os partos e a pediatria de toda a Região Oeste, ficando Torres Vedras com a Ortopedia e a cirurgia, o que implica que a urgência das Caldas passe a básica. Exactamente o mesmo que se está a tentar fazer no CHMT, todavia com diferenças importantes.
Enquanto no caso do Médio Tejo estamos a falar de três hospitais noutros tantos concelhos, cuja população passou de109.573 eleitores inscritos em 2001, para apenas 107.108 em 2011, no que concerne ao Oeste, trata-se de quatro hospitais em quatro concelhos, com 166.793 eleitores inscritos em 2001 e 184.500 em 2011. Ou seja, no Médio Tejo a população diminuiu, mas no Oeste aumentou consideravelmente. O que dá desde logo outra visão dos problemas. Conforme mostra o quadro supra, Caldas da Rainha com 45 mil eleitores não protesta por a sua urgência passar a ser básica, o mesmo acontecendo com Torres Vedras e os seus 66 mil eleitores, que perdem a maternidade. Se fosse em Tomar, havia de ser bonito havia! Mas quê! Enquanto os nossos patrícios da faixa costeira descendem sobretudo dos navegadores de 500, os tomarenses são em geral os herdeiros dos que cá ficaram. O que se nota e de que maneira! Enquanto aqueles ousam, empreendem, lutam pela vida, os nabantinos aguardam serenamente que as coisas lhes venham ter às mãos, como acontecia até 2007. Agora bem podem esperar. Ou mudam ou ficam irremediavelmente para trás.
Só lhes peço um favor, que agradeço por antecipação: Nunca me apareçam à frente a asseverar que ninguém vos avisou atempadamente. O que é demais, parece sempre mal.

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