sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Um agregador dinâmico chamado Turismo


Rui Sant'Ovaia publica esta semana no TEMPLÁRIO mais uma excelente crónica do tempo que passa, como a anterior focando o eventual desenvolvimento turístico de Tomar. Dado o seu interesse, decidiu-se não a incluir na resenha da imprensa de ontem, como forma de melhor a destacar. Merece especial referência este curto excerto, que se fosse bala liquidaria de vez a relativa maioria e mais alguns: "E sobre novas acessibilidades, também não parece haver no "Médio Tejo" vontade em defender Tancos como alternativa low-cost à Portela (mesmo sendo de supor que a preferência seja Montijo por causa dos interesses do grupo Lusoponte e porque Sintra está saturada de tráfego, a região podia mostrar a investidores um potencial a explorar). Mas como pensar num aeroporto se o mercado local continua a funcionar numa tenda?" (Negrito de Tomar a dianteira). Belo alvo escolheu o autor e excelente espingarda revelou ser.
Provavelmente de tão conformados que estão, tal o infindável rol de erros e incoerências dos nossos distintos autarcas, os tomarenses protestam contra o irremediável, a reforma hospitalar em curso, mas mantêm-se mudos e quedos perante evidentes enormidades locais. Esta, por exemplo, já aqui apontada antes, mas que nunca é demais lamentar. Após queixas e mais queixas de que os turistas na sua esmagadora maioria visitam o Convento, mas não descem à cidade, a autarquia resolveu gastar quase dois milhões de euros (em parceria com o IGESPAR), para aumentar as possibilidades de estacionamento junto àquele monumento. Consentindo até na vergonha de um parque para dez autocarros, colado à fachada norte da nobre casa da Ordem de Cristo, ao arrepio das normas europeias em vigor, que mandam afastar tanto quanto possível o trânsito e o estacionamento dos monumentos, por causa dos efeitos nefastos do CO2. Sendo os autocarros de longe os veículos mais poluidores, pensarão que a melhor maneira de apagar um incêndio é com gasolina? Ou não conseguem antever as consequências dos erros que cometem?
Neste contexto, é agradável ler opiniões como a de Sant'Ovaia, que salvo posição mais fundamentada parece usar de uma descrença metodológica, mas no fundo cheia de esperança. Mesmo se dá mostras de ainda não ter entendido (ou pelo menos assimilado) que o turismo enquanto entidade autónoma, de facto não existe. Há turistas. Não há turismo. Apenas um agregador dinâmico de múltiplas actividades tão diferentes quanto comércio de sandes, aluguer sem condutor, alojamento, animação, visitas guiadas ou venda de recordações, ao qual, à falta de melhor, se convencionou chamar turismo, de turista = aquele que no século XIX ia fazer o "grand tour" pela Itália e Grécia, como forma de complementar a sua formação de "homme du monde". Nestas condições, Tomar só ainda não é um grande centro de turismo porque continua por aparecer na política local alguém  com arcaboiço para fazer o indispensável -proporcionar aos visitantes aquilo que eles esperam encontrar numa terra que foi durante séculos Capital Templária e Matriz de todas as igrejas edificadas pelos portugueses nos quatro cantos do mundo. Bons tempos!
Mas a quem nunca se deu ao trabalho de aprender a coisar, até os coisos o incomodam...

4 comentários:

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

A COMISSÃO EUROPEIA VAI DISPONIBILIZAR, DE 2014 A 2020, 1,8 MIL MILHÕES DE EUROS PARA A PRODUÇÃO E DIFUSÃO CULTURAIS
(Ver pág. 46 do suplemento Ípsilon do "Público" de hoje)

Sendo Tomar uma das cidades privilegiadas com um Instituto Politécnico e um riquíssimo Património histórico e cultural, bem que poderia definir um projeto de candidatura a este programa.

Esta iniciativa da UE aponta para a

CULTURA COMO ELEMENTO FULCRAL NO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO DOS PAÍSES.

As premissas são: "a inovação pode recorrer de vários fatores como a linguagem, a relação com o legado histórico (...), a negociação cultural com outros patrimónios ou criadores com outras regiões culturais (...), projetos assentes na diversidade europeia"

Lê-se no artigo: "É pois altura para todos os interessados se começarem a preparar: artistas, produtores, difusores, responsáveis por estas actividades, tanto no setor público como no privado, desde os pelouros das câmaras municipais...", etc., etc..

Uma bem elaborada proposta nesta área, inserida num plano de desenvolvimento do Turismo na região, devia ser estudada em profundidade.

Há dias alvitrei a temática Templária, completada com outras com ela correlacionadas. Quanto a "negociação cultural com outros patrimónios", sugiro a de Avignon, França, por alguma relação com a temática Templária (e não só).

Claro que isto são apenas migalhas para alimentar a imaginação e criatividade de quem sabe bem destes assuntos. Poderia dar um bom "petisco" para atrair muita gente do país e da Europa a Tomar.

Podia culminar com
TOMAR 2020 - CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA.

Anónimo disse...

Como sabes, meu prezado amigo, plano tenho eu. Condições para o desenvolver no terreno é que ainda não há. Vamos a ver se ainda antes das próximas autárquicas se consegue percorrer algum caminho nesse sentido. Mas "Capital europeia", por enquanto parece-me algo demasiado megalómano. Sonhar sim, mas um bocadinho mais baixo. Contudo, como disse o outro, mesmo as mais longas marchas começam sempre com o primeiro passo.

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

O Dr. Rebelo tem muitas ideias e projetos - não duvido -, mas não valem um chícharo escondidos.

Quando se tem uma ideia de interesse comunitário, que julgamos, pelo menos, susceptível de interesse e estudo, é nosso obrigação escarrapachá-las na praça pública e não "fazer caixinha"... É uma regra basilar de um regime democrático. Não é como os trafulhas que estão no governo, que tinham uma agenda escondida, qual gangue salteador, que ganhou as eleições aldrabando o povo, tratando-o agora como gado, separando-os por este ou por aquele curral, consoante a raça e os interesses dos donos dos matadouros.

É em torno de ideias e projetos que se devem definir apoios - tendo sempre em suprema atenção a qualidade dos seus promotores.

Se apoiei o meu Zezito,e sou fã do meu Zezito, não foi só por ele ser descomplicado, audaz e ambicioso, moderno e pragmático: foi quando dei conta que se preocupava com o povo, e que, pela primeira vez na nossa História, alguém se dedicava a semear o Ciclo Histórico seguinte.

A prova disso pode ler-se na página 12 do "Público" de 4 fevereiro 2012, uma história de Spin-offs e Start-ups, para quem sabe de economia melhor do que eu (burguesa, bem entendido), que são às centenas,as empresas saídas das nossas universidades nos últimos 10 anos.

Estranhei... não ter reproduzido neste blogue um resumo dessa página que, por acaso..., era ocupada pela metade..., por uma foto com Bruno Crato em primeiríssimo plano. Lembra-se?

Ele há cada jornalista...

(Posso facultar-lha por correio azul)

Ponha as suas cá fora, e quem sabe se irei apoiá-las? Num quadro partidário,já se vê.

Anónimo disse...

Quando e se houver primárias abertas no PS ou no PSD, nada me impede de apresentar o esqueleto do plano numa reunião privada, apenas com gente de confiança. Duvido é que haja ocasião para tal.
Lançar o plano às feras? Já dei para esse peditório. Os tempos mudaram definitivamente. Agora, as ideias originais e fecundas rendem fortunas de milhões noutros países.Só por estes lados é que ainda continua tudo à mama do alheio. Seria portanto uma patetice sob todos os pontos de vista fornecer munições aos adversários da inovação, numa cidade decrépita cuja massa cinzenta global...