sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Outra oportunidade perdida


Habituados desde a infância a fazer pela vida, os nossos amigos de Leiria raramente dormem em serviço. E nunca ficam à espera que alguém lhes ofereça comida. Ou sequer lhes tire as castanhas do lume. Ao identificarem mais uma excelente oportunidade para a região, ei-los unidos numa de lobby. Honra lhes seja feita! Enquanto isto, pelo vale nabantino tudo como dantes. Alguém nos há-de valer, se Deus quiser! De forma que temos mais um perfeito exemplo da falta que faz uma básica reforma estrutural: a mudança de mentalidade. Deixar de pedinchar, de viver à custa alheia, assumindo-se como capaz de grangear o seu próprio sustento. De preferência numa actividade geradora de riqueza.
Este problema da base para voos de baixo custo poderia ser uma excelente oportunidade para se afirmar como alternativa à faixa costeira, uma vez que Tancos dispõe de todas as condições para a sua imediata utilização como base civil. Há, é certo, a Brigada de Reacção Rápida e o GALE, que contudo poderão conviver com a vertente paisana, sendo certo que Monte Real está numa situação comparável. Julgo saber que estão lá baseadas as duas esquadrilhas de caça de que actualmente dispomos, o que não obstou à sua inclusão no estudo em curso. Então porque não Tancos?  
Em 1992 fiz Lisboa/Londres/Hong-Kong/Macau/Cantão/ Xian/Guilin/Xangai/Pequim/Londres/Lisboa, em 15 dias. Uma das grandes surpresas foi constatar que se aterrava e descolava de pistas militares sem um mínimo de condições, quando comparadas com  as europeias de então. Praticamente só havia mesmo as pistas, com os MIGS estacionados ao ar livre, e as torres de controle. O que não impediu voos em excelentes aviões Airbus, então uma novidade, que por vezes até descolavam com  passageiros ainda de pé no corredor  central. Ou as saborosas refeições e os impermeáveis descartáveis oferecidos a cada passageiro quando chovia à chegada.
Tendo em conta que na ocidental praia lusitana o mais curto trajecto entre dois pontos quase nunca é uma recta; lembrando-me também que nas antigas passagens de nível havia sempre um aviso do tipo "Cuidado ao atravessar as linhas. Um comboio pode esconder outro em sentido contrário", começo a ter dúvidas sobre o real objectivo do estudo em curso, de alternativas à Portela para voos de baixo custo. Trata-se mesmo de facilitar os voos turísticos? Nesse caso, Tancos leva a melhor a todas as outras hipóteses, por ser a única pista simultaneamente central e na faixa interior do país. Há Beja, mas fica demasiado longe de tudo. Ou procura-se sobretudo o pretexto para aplicar mais uns milhões vindos da UE, de forma a satisfazer empreiteiros, usuais financiadores de campanhas eleitorais e não só?
Porque nestes tempos de penúria, o mais lógico será optar pela solução mais económica, Tancos vence pois já tem praticamente tudo o que é necessário para voos civis. Falta só a decisão política. E deixar os caças F16 descansados em Monte Real, onde não há caminho de ferro, nem auto-estrada mesmo ao lado, nem o Entroncamento a meia dúzia de quilómetros.
Os autarcas da zona não se mexem? Pois não! Mas qual é a novidade? Alguma vez se mexeram em termos de inovação?

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